terça-feira, 16 de novembro de 2010

O sentido da água




água de mina
água de mim
escorre arrasta
procura poço
encontra moço 
banha seu corpo
coooooorpopoopoo



volta vira
ave-flor

O que pode...

O que pode um dorso? 


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ressuscitada por Maiakovski

Vivo morrendo e renascendo. Nesses últimos dias, andei morrendo fundo. Na hora da morte sempre leio, qualquer coisa, o que vier na mão. E eis que ontem veio o Maiakovski.  Já gostei tanto dele, da sua poesia, dos seus desenhos, das suas idéias, da sua vida, da sua morte.  Gostava até mesmo daqueles longos/enormes  poemas revolucionários. E já escrevi tantos versos para esse poeta, logo eu que não sou poeta ( e por não ser poeta, jogo tudo que escrevo fora, rasgo, perco...). Nessa vida de morte-renascimento acontece de eu perder muita coisa, inclusive livros. Vou deixando tudo para trás... Assim perdi todos os livros do Maiakovski há um bocado de tempo. E nunca mais li seus poemas, suas lindas cartas de amor para Lili Brik, "meu cãozinho" (ou será meu gatinho? acho que ele era o caozinho e ela o gatinho). Há quase 20 anos não me lembrava de Maiakosvski... E eis que ontem, por um acaso, ele voltou. E me ressucitou, além de ressucitar uma força estranha em mim... A mesma força estranha que eu tive há 20 anos atrás.
Então, vai aí um pouco mais de Maiakovski ....
Obrigada, poeta, revolucionário, amoroso, artista, polêmico, alegre, triste, lúcido, louco, cruel, doce,  lindo, feio, maravilhoso.  Que o paí seja pelo menos o Universo e a mãe no mínimo a Terra. E você, amigo-irmão-amante.


Dedução
Vladimir Maiakovski

Não acabarão com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme
fiel
e verdadeiramente.

Deleuze desconhecido

Através do blog Radio Deleuze, encontrei interessante publicação sobre Deleuze, de onde extrai o retrato ao lado, "Computer Deleuze".

A publicação, de 2007,  é em inglês. Se você não lê nessa língua, talvez um amigo, uma amiga, possa ler e transmitir as partes mais importantes a você e aos demais do seu grupo .  Os vários artigos estão disponíveis em PDF. O download pode ser feito gratuitamente, mas a Urbanomic  (uma instituição sem fins lucrativos) solicita doação voluntária através de cartão de crédito.

Veja Collapse Vol. III: Unknown Deleuze.

Para os filosófos e especialistas, pode ser que essa dica não passe de  chuva no molhado, mas para mim foi uma alegria o encontro com esse estudo e com  a Urbanomic que  pesquisa temas que me interessam muito.  

Mais




Hoje acordei mais...
Mais eu
Mais você
Mais nós
Mais amor

Visto minha calça mais vermelha
Minha blusa mais branca
Mais colorida
Mais simples
Vou andar mais por aí

Sem mais destino
Sem mais procura
Desejando muito mais
Mais beijos
Mais afagos
Mais cafunés

Sou mais, amor
E não menos, como me pintou

Mesmo assim,compreendo mais que tenha me dedicado apenas o preto-branco e o marron
Talvez pinte mais telas para mim usando mais cores da sua mais colorida palheta
Abrirá mais os olhos e eu me mostrarei mais
Mais atrevida, mais amiga, mais amante

De qualquer forma, está bom demais
Porque lhe quero mais e me amo mais
Muito mais


Não é a República que queremos. A luta continua...

A história não é só evolução, às vezes é retrocesso. Na Proclamação da República há luta entre avanços e recuos sociais. As forças sociais e políticas envolvidas no processo, antes e depois do 15 de novembro de 1889, são de diversas naturezas, desde os mais autênticos democratas sociais até os republicanos de última hora, os fazendeiros escravocratas
Apesar de reconhecer a importância do papel  de Deodoro, dos militares e dos positivistas, não os homenageio aqui.  Nos 121 anos da Proclamação, prefiro lembrar dois nomes, ambos ligados às lutas por transformações sociais ainda em pauta no Brasil. Um deles, o  abolicionista e republicano Antonio da Silva  Jardim,  jornalista, excluído no processo de consolidação da República. O outro, o abolicionista e monarquista André Rebouças, engenheiro, excluído do Império, apesar de amigo do Imperador.  Ambos se envolveram intensamente e conflituosamente na vida política do país nas últimas décadas do século XIX, marcadas pelo movimento abolicionista e republicano. Ambos tiveram fins trágicos.  Ambos continuam sendo símbolos da luta do povo brasileiro por liberdade, universalização dos direitos e solidariedade social. Um branco, um negro;  um republicano, um monarquista;  dois militantes das mesmas lutas sociais.
No mais, o que quero mesmo é homenagear os anônimos, todos nós anônimos, que batalhamos por um Brasil e um mundo melhores.  Nesse sentido, devo acrescentar mais um nome nessa homenagem, um anônimo que se tranformou em líder de um movimento (1910-12) contra as torturas que a Marinha republicana praticava nos marinheiros anônimos: João Cândido, almirante, líder da Revolta da Chibata. Nunca foi torturado, mas organizou uma bem articulada rebelião contra a tortura e a opressão.

Silva Jardim


André Rebouças


João Candido





domingo, 14 de novembro de 2010

Revolução

SIM,  REVOLUÇÃO. VELHO SONHO. NOVA PRAXIS.
" revolução se faz, fazendo... revolução se faz, partilhando... revolução se faz, dando-se..."
Hebe Bonafini


Para
Vladimir Maiakovski

"Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo,
a mãe,
pelo menos a Terra."
parte do poema O Amor, de Maiakoviski



Admirar obras do passado,
Estudá-las, aprender com elas.
Respeitar os obreiros revolucionários,
Sem esquecer que agora é diferente.
Fazer revolução no aqui e agora,
Revolução não-partida,
Revolução compartilhada, complexa e colorida.



Revolução

Sophia Andresen


Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício


Como a voz do mar
Interior de um povo


Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação




Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

De Hebe de Bonafini,de Las Madres: revolução se faz, fazendo... revolução se faz, partilhando... revolução se faz, dando-se...

" Transformar o mundo, mudar a vida" dos surrealistas...

Militar é agir - de Guattari..

Hoje, nós: na vida temos o desafio da revolução.

Ela já não é tema de programa e ppartido, é sonho que se atualiza na arte de caminhar. jorge

14 de novembro de 2010 21:31


REVOLUÇÃO

JORGE BICHUETTI

Revolução é utopia,
sonho desejado,
nas teias da alegria...

Revolução é mudança,
profecia realizada,
nas tramas da esperança..




Ponte

À beira desse rio,
em que sentei-me um dia com Lídia,
hoje penso em quanta merda 
nessa aldeia que não é aldeia,
e não é minha, e não é de Lídia,
é mais da Paris Hilton,
musa pagã dos decadentes.

Mas é nossa, de toda a gente,
é nossa a merda,
assim como é nosso o rio,
e nossas as crianças pobres
que vivem à  beira das águas podres
desse outrora nobre rio.

Vem Lídia, senta-te comigo novamente,
agora à beira da ponte,
não deixe de apreciar a obra suspensa,
já é bastante grande a vergonha
ao olhar a merda nas águas e entes.







La traviata

Quem ama, cala. Quem sofre, Callas.
Libiamo todos.



Devires com Marx Ernest

Devir-mulher-bicho


Devir-bicho


Poemas nem alegres nem tristes que curam - II


Este amor
Jacques Prévert
Tão violento
Tão frágil
Tão terno
Tão desesperado
Este amor
Belo como o dia
E mau como o tempo
Quando há mau tempo
Este amor tão sincero
Este amor tão calmo e sereno
Tão feliz
Tão jovial
E tão pobre
Trêmulo como uma fagulha na escuridão
E tão seguro de si mesmo
Como um homem tranqüilo no mais fundo da noite
Este amor que assusta os demais
Que os faz falar
Que os faz empalidecer
Este amor vigiado
Porque nós o vigiamos
Acossado ferido pisoteado destroçado negado olvidado
Porque nós o acossamos ferimos pisoteamos destroçamos negamos olvidamos
Este amor íntegro
Tão vivo até agora
E pleno de sol
É o teu
É o meu
Esse que foi
Este algo sempre novo
E que não mudou
Tão verdadeiro como uma planta
Tão trêmulo como um pássaro
Tão cálido tão vivo como o verão
Ambos podemos juntos
Nos distanciar e retornar
Esquecê-lo
E depois dormirmos
Despertarmos padecer envelhecer
Dormirmos de novo
Sonhar com a morte
Despertarmos sorrir e rir
E rejuvenescer
Nosso amor segue ali
Obstinado como uma mula
Vivente como o desejo
Cruel como a memória
Absurdo como o arrependimento
Terno como as recordações
Frio como o mármore
Belo como o dia
Frágil como um menino
Nosso amor nos olha sorrindo
E nos fala sem dizer nada
E eu o escuto trêmulo
E grito
Grito por ti
Grito por mim
E te suplico
Por ti por mim por todos os que se amam
E os que se amaram
Sim lhe grito
Por ti por mim e por todos
Os que não conheço
Fica
Não te mexa
Não vá
Nós os que somos amados
Te esquecemos
Mas não nos esqueça tu
Só tínhamos a ti no mundo
Não permitas que nos tornemos indiferentes
Cada vez mais longe
E desde onde sejas
Dai-nos sinais de vida
Muito mais tarde desde o recanto de um bosque
Na selva da memória
Surge de repente
Estenda-nos a mão
E salva-nos.


Mundos

Mundo mental. Monumental.
Mundo real. Monetareal.


Oráculo amoroso no ciberespaço

Nem oculta nem revela,
Ama,
Abraça.




sábado, 13 de novembro de 2010

Putas e poetas

Gota gentil é a puta que pariu o Oceano.

P.S.: Nada contra as putas, mas sim contra a arrogância dos homens, sejam ou não poetas.


Ilusões curativas

No mundo apolíneo da medicina, o que corre nas veias é sangue.
Tento convencer os médicos que a poesia é o único remédio.

Lá vem a enfermeira com o copinho de drogas científicas.
Jogo fora as pílulas e tomo palavras em fluxo.

Dizem: se não obedecer, pode morrer.
Digo: também posso renascer para nunca mais obedecer.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Poesias que não são alegres nem tristes mas curam - I


Rios sem discurso


João Cabral de Mello Neto
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.
O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.

Ciranda

Doente, fui procurar curas. Encontrei palavras de ordem exaltadas.
O primeiro nomeou: subjetividade lixo. O segundo diagnosticou: bonequice.
O terceiro foi aquele que calculou: 40 graus de febre, 500 mg de antibiótico.
Desobediente, esperei o quarto no quarto.
A febre touxe o sonho, no sonho veio a ciranda, na ciranda vieram as mãos.
Da laranja quero gomos; do limão,  pedaços; das meninas e meninos, abraços.
Dos curas, quis ajudas.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O eterno retorno do inverno



1 comentários:  


A neve translúcida refletiu o azul do infinito e ardendo de desejos, enamorou-se das estrelas: assim, se deu o eterno retorno do sol... Agora, discutem nas cátedras de filosofia, se o sol se moveu por ciúme edípico ou amor multiplicitado.

- um beijo carinhhoso no seu coração, Marta



"A neve pôs uma toalha calada sobre tudo."

Alberto Caeiro



terça-feira, 9 de novembro de 2010

IX CONGRESO INTERNACIONAL DE SALUD MENTAL Y DERECHOS HUMANOS

Buenos Aires querido de Bioy Casares, Jorge Luis Borges, Che Guevara, Cortazar, Maradona y tantas otras MADRES.



IX CONGRESO INTERNACIONAL DE SALUD MENTAL Y DERECHOS HUMANOS


Del 18 al 21 de noviembre de 2010

Las y los convocamos a participar del IX Congreso Internacional de Salud Mental y Derechos Humanos, organizado por la Universidad Popular Madres de Plaza de Mayo, a realizarse entre el 18 y el 21 de noviembre de 2010 en las dos sedes de la UPMPM Hipólito Yrigoyen 1584 y 1432.

Al interior de este acontecimiento se efectuará el IV Foro de Salud Colectiva, Salud Mental y Derechos Humanos, el VII Encuentro de Lucha Antimanicomial, el V Encuentro Internacional de Detenidos en Movimiento y el I Foro Internacional de Niñez y Adolescencia.



O livro by Kafka


“Acho que só devemos ler a espécie de livros que nos ferem e trespassam. Se o livro que estamos lendo não nos acorda com uma pancada na cabeça, por que o estamos lendo? Porque nos faz felizes, como você escreve? Bom Deus, seríamos felizes precisamente se não tivéssemos livros e a espécie de livros que nos torna felizes é a espécie de livros que escreveríamos se a isso fôssemos obrigados. Mas nós precisamos de livros que nos afetam como um desastre, que nos magoam profundamente, como a morte de alguém a quem amávamos mais do que a nós mesmos, como ser banido para uma floresta longe de todos. Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo que há dentro de nós. É nisso que eu creio.”

Franz Kafka, carta a Oscar Pollak, 1904

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A arte de passear pela Liberdade


Dia de visitar a Chris e a Tica

Dos meus passeios preferidos, o bairro da Liberdade é um deles.  Descer a rua Galvão Bueno com suas maravilhas comerciais e vegetais. Gente da Ásia misturada com Bahia. Perfume da Coréia. Ou será do Japão? Eles conversam em japonês. Ou será mandarim?  Vou flanado assim, entrando ali, comprando um chá aqui, comendo um sushi acolá, cheirando missô por todo lugar. Dar uma espiada no Manabu. Lembrar  e chorar amigos Zen ao passar no Mosteiro na rua São Joaquim. Os olhos marejam na  saudade das nossas noites loucas de amor na Liberdade.  Os grafites distraem minha dor. Até chegar na casa da Chris. Hospitaleira Chris.   Cafézinho, gargalhadas, papo de amigas, com a Tica no colo. 



DEVIR MULHER


O DEVIR MULHER NAS BRUXAS



As bruxas se revelam mulheres que não se dobravam ao poder fálico masculino, e advogavam ul lugar e um valor-função para elemento femenino.

Inegavelmente, assumiam a rebeldia, o indomável e instintivo das mulheres. Carregavam orgulhosas a insubmissão. Lidavam comgrande vitalidade com a sexualidade e com a própria magia, não eram codificadas pelo racional-lógico.Sedutoras, sensuais e mágicas foram perseguidas e nomeadas de as grandes meretrizes...

A leitura das tradições das bruxas celtas mostram um universo rico, fecundo e mágico que as localizam perto e harmânicas com a natureza.

Seus rituais são festas onde o fogo e círculo desempenham papéis conguentes às suas funções na sociedade e no mundo celta.

Cabe a elas a definicição de Deleuze-Guatari: figuras estéticas, pura potência de afetosque transbordam as afecções e percepções ordinárias.

Suas festas:

- Ano novo - Samhain ( haloween) - um momento de poder espiritual, onde o véu entre o mundo material e esperitual cai, deixando todos ricos de conhecimentos ancestrais para o próximo ano.Se alimenta os mortos com pães. É a celebração dos mortos. morte e ressureição.

- Lammas - festa da colheita, gratidão à terra abundante e se realiza jogos esportivos.

- Mabon - dia de alinhamento psíquico e espiritual e dos movimentos de fluxo e refluxo da vida.

- Yule - Alegria e divertimento

- Candelária -preparação do período de jejum e purificação. doam alimentos aos desvalidos..

- Ostara - tempo de regeneração do velho e do desabrochar da sexualidade.plantam seus jardins de ervas, flores e legumes que desempenharão um papel importante nos rituais, feitiços e poções.

- Beltane - ritos de sexualidade e fertilidade.A natureza celebra a grande fecundidade da terra em rituais de sexo, nascimento e nova vida.. os vínculos conjugais ficam suspensos neste período

- Litha - Grande poder e magia, onde se confunde sonho e realidade, dedicada as deusas da fertilidade e da sexualidade; todos festejam alegres, se dá os grande festivais ao ar livre...

Nota-se, claramente, o elemento feminino não-submisso ao falocentrismo, e com seu explendor em sexualidade e magia, sensibilidade... Vivem sintonizadas com a natureza...

O devir mulher emerge e propaga, contagiante...