domingo, 14 de novembro de 2010

Revolução

SIM,  REVOLUÇÃO. VELHO SONHO. NOVA PRAXIS.
" revolução se faz, fazendo... revolução se faz, partilhando... revolução se faz, dando-se..."
Hebe Bonafini


Para
Vladimir Maiakovski

"Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo,
a mãe,
pelo menos a Terra."
parte do poema O Amor, de Maiakoviski



Admirar obras do passado,
Estudá-las, aprender com elas.
Respeitar os obreiros revolucionários,
Sem esquecer que agora é diferente.
Fazer revolução no aqui e agora,
Revolução não-partida,
Revolução compartilhada, complexa e colorida.



Revolução

Sophia Andresen


Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício


Como a voz do mar
Interior de um povo


Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação




Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

De Hebe de Bonafini,de Las Madres: revolução se faz, fazendo... revolução se faz, partilhando... revolução se faz, dando-se...

" Transformar o mundo, mudar a vida" dos surrealistas...

Militar é agir - de Guattari..

Hoje, nós: na vida temos o desafio da revolução.

Ela já não é tema de programa e ppartido, é sonho que se atualiza na arte de caminhar. jorge

14 de novembro de 2010 21:31


REVOLUÇÃO

JORGE BICHUETTI

Revolução é utopia,
sonho desejado,
nas teias da alegria...

Revolução é mudança,
profecia realizada,
nas tramas da esperança..




Ponte

À beira desse rio,
em que sentei-me um dia com Lídia,
hoje penso em quanta merda 
nessa aldeia que não é aldeia,
e não é minha, e não é de Lídia,
é mais da Paris Hilton,
musa pagã dos decadentes.

Mas é nossa, de toda a gente,
é nossa a merda,
assim como é nosso o rio,
e nossas as crianças pobres
que vivem à  beira das águas podres
desse outrora nobre rio.

Vem Lídia, senta-te comigo novamente,
agora à beira da ponte,
não deixe de apreciar a obra suspensa,
já é bastante grande a vergonha
ao olhar a merda nas águas e entes.







La traviata

Quem ama, cala. Quem sofre, Callas.
Libiamo todos.



Devires com Marx Ernest

Devir-mulher-bicho


Devir-bicho


Poemas nem alegres nem tristes que curam - II


Este amor
Jacques Prévert
Tão violento
Tão frágil
Tão terno
Tão desesperado
Este amor
Belo como o dia
E mau como o tempo
Quando há mau tempo
Este amor tão sincero
Este amor tão calmo e sereno
Tão feliz
Tão jovial
E tão pobre
Trêmulo como uma fagulha na escuridão
E tão seguro de si mesmo
Como um homem tranqüilo no mais fundo da noite
Este amor que assusta os demais
Que os faz falar
Que os faz empalidecer
Este amor vigiado
Porque nós o vigiamos
Acossado ferido pisoteado destroçado negado olvidado
Porque nós o acossamos ferimos pisoteamos destroçamos negamos olvidamos
Este amor íntegro
Tão vivo até agora
E pleno de sol
É o teu
É o meu
Esse que foi
Este algo sempre novo
E que não mudou
Tão verdadeiro como uma planta
Tão trêmulo como um pássaro
Tão cálido tão vivo como o verão
Ambos podemos juntos
Nos distanciar e retornar
Esquecê-lo
E depois dormirmos
Despertarmos padecer envelhecer
Dormirmos de novo
Sonhar com a morte
Despertarmos sorrir e rir
E rejuvenescer
Nosso amor segue ali
Obstinado como uma mula
Vivente como o desejo
Cruel como a memória
Absurdo como o arrependimento
Terno como as recordações
Frio como o mármore
Belo como o dia
Frágil como um menino
Nosso amor nos olha sorrindo
E nos fala sem dizer nada
E eu o escuto trêmulo
E grito
Grito por ti
Grito por mim
E te suplico
Por ti por mim por todos os que se amam
E os que se amaram
Sim lhe grito
Por ti por mim e por todos
Os que não conheço
Fica
Não te mexa
Não vá
Nós os que somos amados
Te esquecemos
Mas não nos esqueça tu
Só tínhamos a ti no mundo
Não permitas que nos tornemos indiferentes
Cada vez mais longe
E desde onde sejas
Dai-nos sinais de vida
Muito mais tarde desde o recanto de um bosque
Na selva da memória
Surge de repente
Estenda-nos a mão
E salva-nos.


Mundos

Mundo mental. Monumental.
Mundo real. Monetareal.


Oráculo amoroso no ciberespaço

Nem oculta nem revela,
Ama,
Abraça.