sábado, 24 de abril de 2010

A TECNOLOGIA COMO IDEOLOGIA. TUPI OR NOT TUPI?

Tecnologia não é nem perdição nem salvação. É trabalho. O homem, desde que homem, sempre desenvolveu a técnica para solucionar problemas da sua subsistência. Mas o que a gente ouve das bocas, por todo lado,  é a ideologização da técnica. Assim, tenta-se não ver ou esconder o fato: apropriação por uns poucos daquilo que é de todos. Mistificação como forma de dominação. Na terra Brazilis, a primeira manifestação da técnica como ideologia foi  solenemente expressa por Pero Vaz de Caminha  quando ousou classificar os tupis de "atrasados". Não fossem os tupis com as suas técnicas de produzir farinha de mandioca, os colonizadores teriam morrido de fome. Hoje em dia, na mesma terra Brasilis, o que a gente vê é uma parte considerável da elite intelectual completamente avessa à discussão política da questão técnica. Essa  elite quer estar na ponta, consumindo conceitos e produtos técnicos, por exemplo, das telecomunicações. Mas não quer enfrentar, por exemplo,  a seguinte questão: a exploração  do mercado brasileiro de telecomunicações por empresas multinacionais pelo preço mais alto do mundo. O faturamento anual dessas empresas no Brasil é de R$ 120 bilhões, 10 vezes o faturamento do sistema de radiodifusão. Tupi or not tupi? 
Marta Rezende