quinta-feira, 18 de março de 2010

A MENINA QUE AMA ALHO E NÃO AMA ESTUDAR GRAMÁTICA

" Como aprender a gramática e fazer com que ela seja amada por uma jovem que ama o alho?, pergunta-se ele [Fourier] em uma passagem consagrada à educação baseada na harmonia . "Esta jovem gosta de alho e não gosta de estudar a gramática". Então, como fazer com que ela a aprenda? Enxertar a gramática nessa paixão primeira, colocando-a em um grupo industrial de "alhistas". E, ao apresentar-se-lhe uma "Ode ao alho", ela se apressará a lê-la e, pouco a pouco, será conduzida ao estudo da poesia lírica e da gramática. Historinha cômica, sem dúvida, mas plena de sentido, do sentido da vida e não da metodologia abstrata. E é preciso ampliar esse tipo de experiência, por meio de outras relações passionais e atrativas, que são os verdadeiros acompanhamentos ou as verdadeiras arrancadas do aprender. " René Schérer

DELEUZE E A LEITURA

Sobre o texto do Kozma Aprendendo com livros (ver resumo no post abaixo), deixo aqui uma observação do Deleuze sobre leitura de livros que acho muito interessante:


"A boa maneira para se ler hoje, porém, é a de conseguir tratar um livro como se escuta um disco, como se vê um filme ou um programa de televisão, como se recebe uma canção: qualquer tratamento do livro que reclamasse para ele um respeito especial, uma atenção de outro tipo, vem de outra época e condena definitivamente o livro. Não há questão alguma de dificuldade nem de compreensão: os conceitos são exatamente como sons, cores ou imagens, são intensidades que lhes convêm ou não, que passam ou não passam." Deleuze, G., Parnet, C. Conversações. São Paulo: Editora 34, 1992, p. 4.
 Deleuze não está falando especificamente do livro-texto, do livro com finalidades pedagógicas, mas creio que a observação é boa para a leitura de qualquer tipo de livro.  Afinal, em qualquer livro, se pode aprender, ou seja, produzir devires.
Ilustração: Emile Zola por Manet.  Fonte : http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/album/index.htm