segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Nós, os civilizados

Na madrugada passada, assisti Um filme  falado, de Manoel de Oliveira. Lindo filme que coloca questões muito importantes para o pensar e agir diferente.
O filme conta uma viagem, em um navio, de gente civilizada que se entende em várias línguas, que acolhe as diferenças dos socialmente semelhantes, que valoriza as experiências das subjetividades.  E o navio prossegue nessa viagem de gente bonita e boa conhecendo lugares marcantes da história.  
Ao passar pelo Egito, uma bomba é instalada no navio. A maioria dos navegantes consegue escapar, mas não  todos. Explode com o navio exatamente os mais inocentes e capazes de compreender e acolher a radical diferença dos povos e culturas, alguns daqueles com  potencial para construir uma lingua universal. 
O filme dá um recado muito sério: a engenharia do laço social tem que ser muito mais ampla do que a democracia ocidental tem sido capaz de engendrar. Não basta acolher os mais ou menos semelhantes. É preciso construir laços com as radicais diferenças. Quem não é ouvido, pode a qualquer momento soltar uma bomba para se fazer ouvir.