sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

DIA DA PARTIDA: NO EGITO E AQUI. LÁ, ACOLÁ, ALÍ, ALÁ


O povo islâmico é genial com seus dias, dia do perdão, dia da partida.  É preciso perdoar. Pardon! "Sabedoria e piedade" como conclama Michel Serres. Mas é preciso também partir, rachar, romper. Não há coisa mais importante do que saber partir, evadir-se, traçar uma linha.....

Nosso Corpo sem Órgãos se junta ao CsO do povo egípcio que parte. Parte orando, parte se rebelando. Alá, meu bom Alá. Viemos do Egito. Grandes Haroldo Lobo e Nassara. Genial também esse povinho brasileiro que transforma tragédias em samba. "E muitas vezes nós tivemos que rezar".

Queria partir desse blog  no encerramento de 2010. Mas sou lentox. Mais de um mês de atraso. 05 de fevereiro. Dia da Partida. Desse pra um outro blog. Diferente desse. Vou fazer um blog da minha pesquisa na UFABC. Uma pesquisa sobre o corpo sem órgãos. A gente só pode pesquisar o que não sabe. Então, estou pesquisando, tentando entender melhor essa prática do Corpo sem Órgãos.  O CsO não é uma teoria simplemente. É uma prática. Política.  Ética. Clínica. Esquizoanálise.

Para adestrar uma terra de pensadores.  É isso que vou fazer, começo a fazer agora. Um novo blog.  Entrevistas, artistas, links, obras, debates.... Uma sopa. Vamos cozinhar uma sopa. Sopa do Corpo sem Òrgãos.  Voltarei aqui pra avisar quando estiver tudo em cima. Vai demorar um pouco porque neste semestre estou fazendo 3 disciplinas chatésimas e difíceis na universidade. Então, vou me dedicar sobretudo a elas e ao meu trabalho pela sobrevivência. Mas vou usar um pouquinho do meu tempo para ir produzindo o novo blog.

Por falar em universidade, vai aqui a minha pergunta: Por que uma universidade coloca catracas na sua entrada?  A UFABC catracalizou o bloco A no campus de Santo André.  Por que? Eu não compreendo a razão de uma universidade colocar catracas. Além de feias, trambolhos, elas não servem para nada.  Servem para encher o saco: carteirinha, senha.  Me digam, por favor, catraca nos protege do quê?   Estamos ficando loucos?   Imaginem a USP com catracas!!!!!!!!  Não dá. Não dá para controlar. Não dá. Catraca é anti educação. Anti conhecimento. Anti pensamento. 

Gosto muito de estudar na UFABC. Mas não compreendo a razão dessas catracas. Tá catracando o quê? Por que é que ao invés de colocar catraca, a universidade não abre, escancara as suas portas para o povo? Deixa o povo vir para a Universidade. Isso não significará menos ciência, menos técnica. Experimentem e verão que tudo muda.  Para melhor.  Virão problemas fascinantes para a gente pensar, trabalhar, realizar, inovar.

Gente , até breve! Obrigada a todos. Obrigada especialmente ao Jorge Bichuetti, um feliz encontro pois me desperta paixões doidas e brincadeiras alegres. Polemizei algumas vezes com vc, querido Jorge, mas sempre como jogo. Agon. Ludus. Jorge é um baita guerreiro. Guerreiro lindo. Um dos mais lindos que já ví. Jorge e Lua. Gracias Jorge.  Merci beaucoup. Thank very much.  Nos falamos o mais breve que der, n´outro blog.  Mas, vou continuar indo aí no  Utopia Ativa dar meus petelecos. E vou a Uberaba ver vocês, assim que der. Talvez no Carnaval dançar o samba da CAPS Maria Boneca.

Por falar  carnaval. Allah-lá-ô. Viemos do Egito ... Mas que calor. ÔÔÔÔÔÔÔ.



Mas, em verdade, partir não é mole. É uma pequena morte.


Afasta de mim esse cálice e esse cale-se




Bispo do Rosário: o Artaud do Brasil, guardadas as diferenças. Homens labirínticos, artistas. Expansão de corpos sem órgãos





Mama África e indiaiada com Jorge Bichuetti, Chico César e Cazuza. E a nossa eterna capacidade de rizomar

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse:

Brasil, laboratório dos devires...

Se Guattari estava certo, nasceu da dor e do banzo, do índio sacrificado...
E das rebeldes heranças que não nos podem tirar: um corpo pintado, uma dança...
um berimbau, uma magia...
uma deliciosa preguiça..
e um gosto na comida
na bebida...
na loucura de nunca negar-se rebeldia...
E, assim, com tanta mistura , sendo filhos de ninguém; de verdade, só o novo nos convém...
Não olvidemos nossa história, ela nos pariu, assim, nômades... filhos de tudo e nada, doidos por uma utopia...
Brasil, que país é este?
Não é , nos es, será...
Abraços , com beijos de Jorge e Lua.



Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Ave, negritude... Mama África:
flores no mar...
nosso sensual rebolado na alquimia de um samba...
velas na encruzilhada...
capoeira-resistência...
as dobras barrocas de ouro... preto... e, no preto, um arco-íris que no céu reluz e anuncia nossa multiplicidade, feita de vento e folia...
Do vento navegante, e da folia rebelde que pinta a própria saudade com as asas da liberdade
nas entre-linhas de um carnaval...
Beijos, Axé...
Mama Marta... Mama Uzina...
Um quilombo na internet,
onde nasce um novo dia
na roda da história
que, agora, senta e canta
nos rincões da alegria...

Jorge Bichuetti


OS CAIPIRAS E A SOPA






MAMA AFRICA E A SOPA

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tupi or not Tupi? Yes, nós somos TUPI. Comemos tucupi, tacacá, maniçoba, taperebá e GENTE!


" Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago."
"Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha."

A PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DA TECNOLOGIA COMO IDEOLOGIA




“Gente bestial e de pouco saber”,
assim julgou Pero Vaz de Caminha os habitantes do paraíso na Terra

Os tupis encontrados por Cabral ficaram espantados com o machado de ferro dos homens brancos que permitia cortar um tronco de pau-brasil em 15 minutos, operação que, com o sílex utilizado por eles, tomava-lhe mais de três horas de trabalho. Os tupis ajudaram os portugueses a abastecer as caravelas com a madeira extraída da Mata Atlântica e receberam em troca algumas bugigangas européias. Naquele momento, provavelmente, não tiveram a menor consciência de que, por pelo menos quatro séculos, suas terras seriam saqueadas e dizimada a sua população. Além dos tupis, outros povos que habitavam o território a se chamar Brasil, depois de diversas nomeações, também sofreriam violência estarrecedora, uma das mais, senão a mais, cruenta de toda a história da humanidade. Darci Ribeiro nos informa que havia, talvez, 1 milhão de índios, somente se considerados os povos da matriz tupi. Há estimativas variadas do total da população índigenas de então, chegando-se algumas a apontar 10 milhões de pessoas compondo a população nativa quando da chegada dos europeus.


Devido à longa e estafante viagem, muitos dos homens que desceram das caravelas em 1500 na Bahia encontravam-se sujos e doentes, mas seus líderes não deixaram de julgar os aborígines – que reconheceram como limpos, alegres, sadios e praticantes de uma rica alimentação – como povos inferiores. “Gente bestial e de pouco saber”, conforme relato de Caminha em sua famosa carta. É bem provável que essa tenha sido uma das primeiras manifestações da tecnologia como ideologia. Ou seja, da superioridade técnica como justificativa do domínio de uns povos sobre outros. Era enganoso o julgamento de Caminha, pois os tupis tinham técnicas fundadas no estado de desenvolvimento das forças produtivas daquela sociedade, naquele momento, que lhes permitiam viver da melhor forma possível e em acordo com a compreensão da natureza e de si próprios (não apartados da natureza). A ironia da história é que os portugueses, alguns poucos séculos mais, seriam vítimas de igual ou semelhante preconceito expresso por Caminha para definir os tupis "gente bestial e de pouco saber”.

Outra ironia da história, é que graças aos indígenas, logo mais os europeus que vieram habitar o Brasil vão poder se alimentar graças às roças de feijão, milho, mandioca, diversos tubérculos, além da pesca e da caça, todas essas culturas técnicas manejadas pelos aborígines com maestria. Não fosse isso, maior teria sido a fome na colônia, inviabilizando a colonização. Os índios seriam ainda, além de força de trabalho, condutores dos portugueses pelas matas e rios de um vasto e rico território, viabilizando o extrativismo e a extensão dos domínios metropolitanos. Outras técnicas indígenas seriam incorporadas pelos portugueses na colonização do Brasil, como a coivara (queimada como meio de preparo do solo para o plantio), aplicada pelos colonizadores indiscriminadamente em largas extensões, que constituiu, e constitui até hoje, num dos sérios problemas de devastação das florestas brasileiras. Considerada toda a história do Brasil, a devastação na época colonial foi pequena, mas implantou uma mentalidade e uma prática de descaso e uso descontrolado e insustentável das riquezas naturais que persistem até o momento.

Fonte: Trechos de um livro que estou escrevendo: A engenharia e a técnica na produção do Brasil

This is dialetics?


Somos? "soup of ideas and things? Yes. We are. But, attention, not dialetics. Please!

Nietzsche teve vontade de conhecer a América, sobretudo por causa dos índios.   Sonho com isso: Nietzsche visitando o Brasil.  Pelado com os índios. Curare. Deleuze também não veio ao Brasil, nem escreveu sobre o Brasil.  Guattari veio ao Brasil e aqui fez amigos. Trabalhou. Escreveu livros sobre o Brasil.   MILITOU no Brasil.

Não é fácil para um europeu entender o Brasil. E não é fácil para um brasileiro entender um europeu. Mas,  vamos suprimindo as fronteiras (pelo menos na nossa imaginação), sem extirpar com as diferenças. PORQUE O QUE IMPORTA É A DIFERENÇA. PONTOS DE VISTA DIFERENTES. PONTOS DE VIDA DIFERENTES.

soup  of ideas and things? Yes. We are. But... More.


Somos uma sopa de línguas também. SOMOS UMA SOPA DE TANTA COISA, ATÉ DE LÍNGUAS.
Infelizmente os europeus mataram não só um milhão de índios na terra dos papagaios ou Terra de Santa Cruz (assim chegaram os santos, as santas  e a cruz no paraíso.... ). Mataram também as centenas ou milhares de línguas de todo esse povo que vivia aqui em 1500 dC. Mas, somos uma sopa de línguas, apesar de oficialmente termos uma língua única.  Moro numa cidade (São Paulo) em que se fala 75 línguas....  



BRASILEIRO= ÍNDIO+PRETO+BRANCO+AMARELO+SEM COR


VIVA A SOPA. VIVA O BRASIL.  


O Brasil é dialético? NÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! JAMAIS.  

O Brasil é BRICOLAGE. PENSÉE SAUVAGE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

"O Sertão vai virar mar e o mar virar sertão." 
SIM SOMOS UMA SOPA DE IDÉIA E COISAS NÃO DIALÉTICAS. Isso é o Brasil. Miscelaneous. 
Miscelaneous de diferenças.

Pardon MISTER!!!!!!!!  

Amazonia is dialetics? Uzinamarta is dialetics? Brasil is dialetics? Marta (no madame, no mister) is dialetics? NON. NON. NON. NON. Vous ne peut comprendre pas. Pas de tout, mais vous avez dit une "mister": SOPA.

 


Memória e demolição


Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...
Marta, uma foto na memória é o avesso da mesma foto, num álbum esquecida, ali, guardada na gaveta da vida. Luz e obscuridade: faces do mesmo rosto, jamais olvidado ainda que o baú nos prive da sua presença, pela força e esplendor que nos ofusca o presente na luz do ontem filmado..


Abraços com carinho, ternura, e muita saudade...


Jorge

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Ei querido Jorge, gracias pela amizade blogueira. 
Não tenho nada a dizer neste momento a não ser que Maria Schneider morreu. 58 anos. 50 filmes. O resto eu não sei. Mas o rosto dela é inesquecível. Será mesmo? Isso não importa, afinal "qualquer vida é um processo de demolição".  Vamos demolindo rostos e o resto...




"Eu não olho mais nos olhos da mulher que tenho em meus
braços, mas os atravesso nadando, cabeça, braços e pernas por inteiro, e
vejo que por detrás das órbitas desses olhos se estende um mundo
inexplorado, mundo de coisas futuras, e desse mundo toda lógica está
ausente. (...) Quebrei o muro (...), meus olhos não me servem para nada,
pois só me remetem à imagem do conhecido. Meu corpo inteiro deve se
tornar raio perpétuo de luz, movendo-se a uma velocidade sempre maior,
sem descanso, sem volta, sem fraqueza. (...) Selo então meus ouvidos, meus
olhos, meus lábios"4. CsO. Sim, o rosto tem um grande porvir, com a
condição de ser destruído, desfeito. A caminho do assignificante, do
assubjetivo. Mas ainda não explicamos nada do que sentimos.

4 Henry Miller, Tropique du Capricorne, ed. du Chêne, p. 177-179."

Extraido de: 7 Ano Zero - Rostidade - Mil Platôs - Deleuze e Guattari

O ROSTO DE MARIA

Quando Apolo e Dionísio se juntam na experimentação




Orquestra na cozinha


E La Nave Va / Direção: Federico Fellini

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

La vie

Tantôt, la vie en  rose,
Bientôt, la vie en close.
Pour ça, c´est la vie
La plus belle chose.
N´est pas, Louis Armstrong?

Ora bolas

Ora Dionísio, deixa entrar o laborioso Apolo.
E você Apolo, ora bolas,  trata de não censurar o festeiro Dionísio. 

Como é bom flor, jardim



Mil flores floresçam no jardim do Vi.
 Vi
  ver

Poemeto para a foto da Maud


Que me perdoe o poeta,
pois não me basta o frontispício.
Preciso também do entorno,
ouro de pretos.

Dia de festa no mar

02 de fevereiro. Viva Iemanjá, amor do mar. 


Poderosa força das águas. Inaê, Janaína, Sereia do Mar. Saravá minha Mãe Iemanjá! Leva para as profundezas do teu mar sagrado. Odoiá... Todas as minhas desventuras e infortúnios. Traz do teu mar todas as forças espirituais para alento de nossas necessidades. Paz, esperança, Odofiabá... Saravá, minha Mãe Iemanjá! Odofiabá...