quarta-feira, 27 de outubro de 2010

ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA

Cláudio Ulpiano:
O que Foucault trouxe da Grécia?
Relação agonística de sí consigo próprio.
Produção de uma vida livre.

Uma vida bela.

CSO

Esse blog encontrou um caminho, um labirinto: o corpo sem órgãos e o plano de imanência 

"Encontre seu corpo sem orgãos, mas saiba fazê-lo, é uma questão de vida ou de morte, de juventude e de velhice, de tristeza e de alegria. É aí que tudo se decide!" Deleuze - Guattari

O QUE PODE UM CARINHO

JORGE BICHUETTI


"Um beijo
alimenta e renova
o corpo;
mas o deixa sem órgãos...
Já que o decompõe
e o torna mil fagulhas
de um fogo,
agora, fogo errante,
um dançarino no ar..."


Jorge Bichuetti



"Como fazer um corpo sem órgãos? desterritorializando-se, e assim, liberar-se o império dos órgãos... Devir enas multiplicidades novas expperimentar a vida com novos usos: a pele vê, sente e prevê...o silêncio fala e a palavra escuta... Ama-se com as vísceras... descobre-se com asas e com a capacidade serpentear..

Espaço liso: linhas de diferenciação, num novo território é fabricado e nele a alegria e os bons encontros, o desejo e a vontade de potência quebra muros e barreiras para viver na fronteira...num mergulho na arte e na magia...

Num existir metamorfoseante...

Beijos jorge





Deleuze & Guattari


“Será tão triste e perigoso não mais suportar os olhos para ver, os pulmões para respirar, a boca para engolir, a língua para falar, o cérebro para pensar, o ânus e a laringe, a cabeça e as pernas? Por que não caminhar com a cabeça, cantar com o sinus, ver com a pele, respirar com o ventre, Coisa simples, Entidade, Corpo Pleno, Viagem Imóvel, Anorexia, Visão Cutânea, Yoga, Krishna, Love, Experimentação. Onde a psicanálise diz: Pare, reencontre o seu eu, seria preciso dizer: vamos mais longe, não encontramos ainda nosso CsO Corpo sem Orgãos, não desfizemos ainda suficientemente nosso eu. Substituir a anamnese pelo esquecimento, a interpretação pela experimentação. Encontre seu corpo sem orgãos, mas saiba fazê-lo, é uma questão de vida ou de morte, de juventude e de velhice, de tristeza e de alegria. É aí que tudo se decide.”

Deleuze - Guattari - Como criar para sí um corpo sem órgãos - Mil Platôs - Vol. III


DEVIR MULHER - DEVIR ARTE - PINTAR, BORDAR E AMASSAR

Para os devires-mulher













DEVIR BICHO

Rolnik: Arte cura?





A CASA É O CORPO

O signo, a repetição e a diferença

" O signo é um efeito, mas o efeito tem dois aspectos: um pelo qual, enquanto signo, ele exprime a dissimetria produtora; o outro, pelo qual ele tende a anulá-la. O signo não é inteiramente a ordem do símbolo; todavia, ele a prepara, ao implicar uma diferença interna (mas ainda deixando no exterior as condições de sua reprodução).
A expressão negativa "falta de simetria" não nos deve enganar: ela designa a origem e a positividade do processo causal. Ela é a própria positividade. Para nós, o essencial, como é sugerido pelo exemplo do motivo de decoração, é desmembrar a causalidade para nela distinguir dois tipos de repetição, sendo, um deles, concernente apenas ao efeito total abstrato e, o outro, à causa atuante. O primeiro tipo é uma repetição estática, o segundo é  uma repetição dinâmica. O primeiro resulta da obra, mas o segundo é como a "evolução" do gesto. O primeiro remete a um mesmo conceito, que deixa subsistir apenas uma diferença exterior entre os exemplares ordinários de uma figura; o segundo é repetição de uma diferença interna que ele compreende em cada um de seus momentos e que ele  transporta de um ponto relevante a outro. Pode-se tentar assimilar estas repetições  dizendo-se que, do primeiro ao segundo tipo, é somente o conteúdo do conceito que muda, ou dizendo-se que a figura se articula distintamente. Mas isto seria desconhecer a ordem respectiva de cada repetição, pois, na ordem dinâmica, já não há conceito  representativo nem figura representada num espaço preexistente. Há uma Idéia e um puro dinamismo criador de espaço correspondente."

Gilles Deleuze - Diferença e Repetição

AMOR ROMÂNTICO

" À inacessibilidade do ser amado cantada em verso e prosa pela literatura soma-se assim a inacessibilidade do ideal: verificando que não podemos corresponder àquilo que ele exige, tentamos de mil maneiras contornar essa impossibilidade, sempre sem sucesso: o resultado são vivências de fracasso e de angústia – e para nos proteger delas, entram em cena as defesas com que conta a nossa estrutura psíquica: negação, cisão, projeção, recalque...

Todas elas visam em primeiro lugar a evitar o confronto com uma dolorosa impossibilidade: a de se fundir por completo com o ser amado, numa totalidade perfeita que no limite faria ambos desaparecerem como indivíduos. Cabe aqui notar, como faz Sophie de Mijolla, que o termo “fusão” significa tanto união como combustão: o “fogo do amor” acabaria por derreter os parceiros, como na história do Soldadinho de Chumbo. Ora, o ideal da fusão se choca com o fato de que o outro tem sempre um “lado de dentro”, uma interioridade que permanece desconhecida para seu amante – e que deve permanecer desconhecida, para assegurar um espaço psíquico de privacidade e segredo sem cuja existência o indivíduo soçobra na loucura.

Do fato de que o outro jamais me é transparente nasce o grande tormento do amor – o ciúme. Se aquele é vivido como conquista e posse de um objeto que sempre corremos o risco de perder, é inevitável que o tentemos controlar – e inevitável que fracassemos nesta tentativa, porque não se pode dominar o futuro."
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" Para que a razão possa se exercer, contudo, ela precisa ser alimentada com o conhecimento, no caso o conhecimento sobre o que se oculta sob a expressão aparentemente inofensiva “amor romântico”. Há outras espécies de amor, nas quais o desequilíbrio entre os parceiros não é a regra – e por isso mesmo são mais duradouras e menos geradoras de sofrimento. Mas para as descobrir e viver, é preciso ter deixado para trás as exigências infantis de completude e de transparência integral do outro. É preciso renunciar à ilusão de que ele pode ser controlado pela nossa vontade, e reconhecer que ele também é um sujeito, com contradições e insuficiências semelhantes àquelas de que nós mesmos padecemos.

Difícil? Certamente. Mas não impossível. Pois, como diz Espinosa ao concluir sua Ética: “certamente deve ser árduo o que tão raramente se encontra. Mas tudo o que é precioso é tão difícil quanto raro.”


CURA

"Se a repetição nos adoece,  é ela também que nos cura." 
Deleuze