João Gomes Baptista: uma lacuna na história do barroco mineiro


JOÃO GOMES BAPTISTA: UMA LACUNA NA HISTÓRIA DO BARROCO MINEIRO



Iluminura da Casa de Fundição de Villa Rica
com desenho atribuído por Ivo Porto de Menezes a João Gomes Baptista.
Cedida por Vinício Godoy que obteve cópia no Arquivo Histórico Ultramarino.



A historiografia se limita quase que exclusivamente a nos contar que João Gomes Baptista foi abridor de cunhos da Casa de Fundição de Vila Rica e professor do Aleijadinho. Pouco se sabe sobre esse curioso português  formado cunhador no governo de Dom João V, em Portugal, tendo estudado por ordem do Rei com grandes artistas europeus. Veio para o Brasil por razões não muito certas, não se sabe exatamente onde esteve durante algum tempo, mas sabe-se que em 1751 foi nomeado cunhador em Villa Rica com alto salário. Viveu na cidade até a morte em 1788, tendo sido professor de artes, bem como sacristão da Irmandade São Francisco de Assis, inclusive durante a sua construção, portando, provavelmente convivendo amiúde com Cláudio Manoel da Costa e sua mãe. E é importante que se saiba que naquele tempo, um sacristão de uma irmandade de envergadura como essa deveria não só ser rico como altamente entrosado com as suas elites.

Ivo Porto de Menezes foi quem mais se dedicou a buscar conhecimento sobre esse homem e nas suas pesquisas atribuiu a João Gomes Baptista uma série de iluminuras da Casa de Fundição (ver Menezes, Ivo Porto. "João Gomes Baptista", revista Barroco n. 5. Belo Horizonte, 1971). Tratam-se de documentos oficiais em que se relatava as quantidades de ouro (em alguns casos diamantes) expedidas pelas Minas para a Corte. São belíssimas, dentre elas essas que reproduzimos. A pergunta que fica no ar é se um artista de tão esmerada formação e influência social) não teria tido participação ativa no desenvolvimento do barroco mineiro? Assim como João Gomes Baptista, a contribuição de artistas e intelectuais ao barroco mineiro ficou soterrada sob o mito Aleijadinho, atribuindo-se a esse homem quase que exclusivamente a melhor, mais expressiva e extensa produção artística da época, transformando-o numa espécie de super-homem.