sábado, 4 de dezembro de 2010

Fissura V - poema




FISSURA


Era uma flor de cristal,
uma estrela cintilante,
um caminho, uma vida
com a dor dela distante...
O cristal despetalou-se...
Num jogo da fronteira,
onde ruídos e silêncios,
enovelaram-se na lida



da liberdade arteira...
Agora, esta fissura
é um oco, um abismo,
que só o vôo da ternura
pode num psicodelismo
reinventar o caminho,
reatar os fios e os elos,
da vida de passarinho...



Voa, então, liberdade;
andarilha se aninhe
e efetue sua viagem
com asas de passarinho...

Voa, voa, liberdade,
deslize pela fronteira,
devind-se vida plena
no canto do passarinho....

Por falar em A Fissura IV - Deleuze e o álcool - Daniel Lins

Clique na imagem e veja a palestra do Daniel Lins "Deleuze e o álcool", apresentado pelo Luis Orlandi.  Pensamento-Vida.




A Fissura III - O cristal


O que mais gosto de Porcelana e Vulcão, de Deleuze (Lógica dos sentidos), é o to crash. The crash up. A louça trinca. Por que trinca? Não interessa. Trinca. Não é buraco fundo, acabou-se o mundo. É na superfície.


Que elegância a do fissurado Deleuze ao roubar o fissurado Fitzgerald. Rouba para levar o crash up mais longe. Numa só expressão o conceito, o diagnóstico e o remédio. FISSURA.Literatura, filosofia e medicina.



No fissurado Burroughs, Deleuze presta homenagem a psicodelia que contra efetua duplamente. Atingir o efeito das drogas por outros caminhos que não o mergulho de morte nas drogas e no alcool!  



Porcelana e Vulcão poderia se chamar também de O cristal ou O Aleph. E deveria ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. É belíssimo como escrita mesmo. Aliás, é completo: literatura, filosofia, clínica e ética. Num dos pontos altos do texto, Deleuze chama pro pau os especialistas em fissura!!! E aí, diz ele, vamos ficar dando conselhos? Ou vamos experimentar a fissura? Sim. A fissura é um campo, uma potência. Pode-se realizá-la, sobrevoando seu campo, sem se destruir o corpo.


radio deleuze: Gabriel Matzneff sur René Schérer

radio deleuze: Gabriel Matzneff sur René Schérer