quarta-feira, 25 de maio de 2011

novo blog


estamos aqui , venha também, mas só se gostar de sopa, sopa de idéias, vivências, poesia, política, resistência e mais

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

DIA DA PARTIDA: NO EGITO E AQUI. LÁ, ACOLÁ, ALÍ, ALÁ


O povo islâmico é genial com seus dias, dia do perdão, dia da partida.  É preciso perdoar. Pardon! "Sabedoria e piedade" como conclama Michel Serres. Mas é preciso também partir, rachar, romper. Não há coisa mais importante do que saber partir, evadir-se, traçar uma linha.....

Nosso Corpo sem Órgãos se junta ao CsO do povo egípcio que parte. Parte orando, parte se rebelando. Alá, meu bom Alá. Viemos do Egito. Grandes Haroldo Lobo e Nassara. Genial também esse povinho brasileiro que transforma tragédias em samba. "E muitas vezes nós tivemos que rezar".

Queria partir desse blog  no encerramento de 2010. Mas sou lentox. Mais de um mês de atraso. 05 de fevereiro. Dia da Partida. Desse pra um outro blog. Diferente desse. Vou fazer um blog da minha pesquisa na UFABC. Uma pesquisa sobre o corpo sem órgãos. A gente só pode pesquisar o que não sabe. Então, estou pesquisando, tentando entender melhor essa prática do Corpo sem Órgãos.  O CsO não é uma teoria simplemente. É uma prática. Política.  Ética. Clínica. Esquizoanálise.

Para adestrar uma terra de pensadores.  É isso que vou fazer, começo a fazer agora. Um novo blog.  Entrevistas, artistas, links, obras, debates.... Uma sopa. Vamos cozinhar uma sopa. Sopa do Corpo sem Òrgãos.  Voltarei aqui pra avisar quando estiver tudo em cima. Vai demorar um pouco porque neste semestre estou fazendo 3 disciplinas chatésimas e difíceis na universidade. Então, vou me dedicar sobretudo a elas e ao meu trabalho pela sobrevivência. Mas vou usar um pouquinho do meu tempo para ir produzindo o novo blog.

Por falar em universidade, vai aqui a minha pergunta: Por que uma universidade coloca catracas na sua entrada?  A UFABC catracalizou o bloco A no campus de Santo André.  Por que? Eu não compreendo a razão de uma universidade colocar catracas. Além de feias, trambolhos, elas não servem para nada.  Servem para encher o saco: carteirinha, senha.  Me digam, por favor, catraca nos protege do quê?   Estamos ficando loucos?   Imaginem a USP com catracas!!!!!!!!  Não dá. Não dá para controlar. Não dá. Catraca é anti educação. Anti conhecimento. Anti pensamento. 

Gosto muito de estudar na UFABC. Mas não compreendo a razão dessas catracas. Tá catracando o quê? Por que é que ao invés de colocar catraca, a universidade não abre, escancara as suas portas para o povo? Deixa o povo vir para a Universidade. Isso não significará menos ciência, menos técnica. Experimentem e verão que tudo muda.  Para melhor.  Virão problemas fascinantes para a gente pensar, trabalhar, realizar, inovar.

Gente , até breve! Obrigada a todos. Obrigada especialmente ao Jorge Bichuetti, um feliz encontro pois me desperta paixões doidas e brincadeiras alegres. Polemizei algumas vezes com vc, querido Jorge, mas sempre como jogo. Agon. Ludus. Jorge é um baita guerreiro. Guerreiro lindo. Um dos mais lindos que já ví. Jorge e Lua. Gracias Jorge.  Merci beaucoup. Thank very much.  Nos falamos o mais breve que der, n´outro blog.  Mas, vou continuar indo aí no  Utopia Ativa dar meus petelecos. E vou a Uberaba ver vocês, assim que der. Talvez no Carnaval dançar o samba da CAPS Maria Boneca.

Por falar  carnaval. Allah-lá-ô. Viemos do Egito ... Mas que calor. ÔÔÔÔÔÔÔ.



Mas, em verdade, partir não é mole. É uma pequena morte.


Afasta de mim esse cálice e esse cale-se




Bispo do Rosário: o Artaud do Brasil, guardadas as diferenças. Homens labirínticos, artistas. Expansão de corpos sem órgãos





Mama África e indiaiada com Jorge Bichuetti, Chico César e Cazuza. E a nossa eterna capacidade de rizomar

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse:

Brasil, laboratório dos devires...

Se Guattari estava certo, nasceu da dor e do banzo, do índio sacrificado...
E das rebeldes heranças que não nos podem tirar: um corpo pintado, uma dança...
um berimbau, uma magia...
uma deliciosa preguiça..
e um gosto na comida
na bebida...
na loucura de nunca negar-se rebeldia...
E, assim, com tanta mistura , sendo filhos de ninguém; de verdade, só o novo nos convém...
Não olvidemos nossa história, ela nos pariu, assim, nômades... filhos de tudo e nada, doidos por uma utopia...
Brasil, que país é este?
Não é , nos es, será...
Abraços , com beijos de Jorge e Lua.



Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Ave, negritude... Mama África:
flores no mar...
nosso sensual rebolado na alquimia de um samba...
velas na encruzilhada...
capoeira-resistência...
as dobras barrocas de ouro... preto... e, no preto, um arco-íris que no céu reluz e anuncia nossa multiplicidade, feita de vento e folia...
Do vento navegante, e da folia rebelde que pinta a própria saudade com as asas da liberdade
nas entre-linhas de um carnaval...
Beijos, Axé...
Mama Marta... Mama Uzina...
Um quilombo na internet,
onde nasce um novo dia
na roda da história
que, agora, senta e canta
nos rincões da alegria...

Jorge Bichuetti


OS CAIPIRAS E A SOPA






MAMA AFRICA E A SOPA

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tupi or not Tupi? Yes, nós somos TUPI. Comemos tucupi, tacacá, maniçoba, taperebá e GENTE!


" Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago."
"Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha."

A PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DA TECNOLOGIA COMO IDEOLOGIA




“Gente bestial e de pouco saber”,
assim julgou Pero Vaz de Caminha os habitantes do paraíso na Terra

Os tupis encontrados por Cabral ficaram espantados com o machado de ferro dos homens brancos que permitia cortar um tronco de pau-brasil em 15 minutos, operação que, com o sílex utilizado por eles, tomava-lhe mais de três horas de trabalho. Os tupis ajudaram os portugueses a abastecer as caravelas com a madeira extraída da Mata Atlântica e receberam em troca algumas bugigangas européias. Naquele momento, provavelmente, não tiveram a menor consciência de que, por pelo menos quatro séculos, suas terras seriam saqueadas e dizimada a sua população. Além dos tupis, outros povos que habitavam o território a se chamar Brasil, depois de diversas nomeações, também sofreriam violência estarrecedora, uma das mais, senão a mais, cruenta de toda a história da humanidade. Darci Ribeiro nos informa que havia, talvez, 1 milhão de índios, somente se considerados os povos da matriz tupi. Há estimativas variadas do total da população índigenas de então, chegando-se algumas a apontar 10 milhões de pessoas compondo a população nativa quando da chegada dos europeus.


Devido à longa e estafante viagem, muitos dos homens que desceram das caravelas em 1500 na Bahia encontravam-se sujos e doentes, mas seus líderes não deixaram de julgar os aborígines – que reconheceram como limpos, alegres, sadios e praticantes de uma rica alimentação – como povos inferiores. “Gente bestial e de pouco saber”, conforme relato de Caminha em sua famosa carta. É bem provável que essa tenha sido uma das primeiras manifestações da tecnologia como ideologia. Ou seja, da superioridade técnica como justificativa do domínio de uns povos sobre outros. Era enganoso o julgamento de Caminha, pois os tupis tinham técnicas fundadas no estado de desenvolvimento das forças produtivas daquela sociedade, naquele momento, que lhes permitiam viver da melhor forma possível e em acordo com a compreensão da natureza e de si próprios (não apartados da natureza). A ironia da história é que os portugueses, alguns poucos séculos mais, seriam vítimas de igual ou semelhante preconceito expresso por Caminha para definir os tupis "gente bestial e de pouco saber”.

Outra ironia da história, é que graças aos indígenas, logo mais os europeus que vieram habitar o Brasil vão poder se alimentar graças às roças de feijão, milho, mandioca, diversos tubérculos, além da pesca e da caça, todas essas culturas técnicas manejadas pelos aborígines com maestria. Não fosse isso, maior teria sido a fome na colônia, inviabilizando a colonização. Os índios seriam ainda, além de força de trabalho, condutores dos portugueses pelas matas e rios de um vasto e rico território, viabilizando o extrativismo e a extensão dos domínios metropolitanos. Outras técnicas indígenas seriam incorporadas pelos portugueses na colonização do Brasil, como a coivara (queimada como meio de preparo do solo para o plantio), aplicada pelos colonizadores indiscriminadamente em largas extensões, que constituiu, e constitui até hoje, num dos sérios problemas de devastação das florestas brasileiras. Considerada toda a história do Brasil, a devastação na época colonial foi pequena, mas implantou uma mentalidade e uma prática de descaso e uso descontrolado e insustentável das riquezas naturais que persistem até o momento.

Fonte: Trechos de um livro que estou escrevendo: A engenharia e a técnica na produção do Brasil

This is dialetics?


Somos? "soup of ideas and things? Yes. We are. But, attention, not dialetics. Please!

Nietzsche teve vontade de conhecer a América, sobretudo por causa dos índios.   Sonho com isso: Nietzsche visitando o Brasil.  Pelado com os índios. Curare. Deleuze também não veio ao Brasil, nem escreveu sobre o Brasil.  Guattari veio ao Brasil e aqui fez amigos. Trabalhou. Escreveu livros sobre o Brasil.   MILITOU no Brasil.

Não é fácil para um europeu entender o Brasil. E não é fácil para um brasileiro entender um europeu. Mas,  vamos suprimindo as fronteiras (pelo menos na nossa imaginação), sem extirpar com as diferenças. PORQUE O QUE IMPORTA É A DIFERENÇA. PONTOS DE VISTA DIFERENTES. PONTOS DE VIDA DIFERENTES.

soup  of ideas and things? Yes. We are. But... More.


Somos uma sopa de línguas também. SOMOS UMA SOPA DE TANTA COISA, ATÉ DE LÍNGUAS.
Infelizmente os europeus mataram não só um milhão de índios na terra dos papagaios ou Terra de Santa Cruz (assim chegaram os santos, as santas  e a cruz no paraíso.... ). Mataram também as centenas ou milhares de línguas de todo esse povo que vivia aqui em 1500 dC. Mas, somos uma sopa de línguas, apesar de oficialmente termos uma língua única.  Moro numa cidade (São Paulo) em que se fala 75 línguas....  



BRASILEIRO= ÍNDIO+PRETO+BRANCO+AMARELO+SEM COR


VIVA A SOPA. VIVA O BRASIL.  


O Brasil é dialético? NÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! JAMAIS.  

O Brasil é BRICOLAGE. PENSÉE SAUVAGE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

"O Sertão vai virar mar e o mar virar sertão." 
SIM SOMOS UMA SOPA DE IDÉIA E COISAS NÃO DIALÉTICAS. Isso é o Brasil. Miscelaneous. 
Miscelaneous de diferenças.

Pardon MISTER!!!!!!!!  

Amazonia is dialetics? Uzinamarta is dialetics? Brasil is dialetics? Marta (no madame, no mister) is dialetics? NON. NON. NON. NON. Vous ne peut comprendre pas. Pas de tout, mais vous avez dit une "mister": SOPA.

 


Memória e demolição


Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...
Marta, uma foto na memória é o avesso da mesma foto, num álbum esquecida, ali, guardada na gaveta da vida. Luz e obscuridade: faces do mesmo rosto, jamais olvidado ainda que o baú nos prive da sua presença, pela força e esplendor que nos ofusca o presente na luz do ontem filmado..


Abraços com carinho, ternura, e muita saudade...


Jorge

**********************************
Ei querido Jorge, gracias pela amizade blogueira. 
Não tenho nada a dizer neste momento a não ser que Maria Schneider morreu. 58 anos. 50 filmes. O resto eu não sei. Mas o rosto dela é inesquecível. Será mesmo? Isso não importa, afinal "qualquer vida é um processo de demolição".  Vamos demolindo rostos e o resto...




"Eu não olho mais nos olhos da mulher que tenho em meus
braços, mas os atravesso nadando, cabeça, braços e pernas por inteiro, e
vejo que por detrás das órbitas desses olhos se estende um mundo
inexplorado, mundo de coisas futuras, e desse mundo toda lógica está
ausente. (...) Quebrei o muro (...), meus olhos não me servem para nada,
pois só me remetem à imagem do conhecido. Meu corpo inteiro deve se
tornar raio perpétuo de luz, movendo-se a uma velocidade sempre maior,
sem descanso, sem volta, sem fraqueza. (...) Selo então meus ouvidos, meus
olhos, meus lábios"4. CsO. Sim, o rosto tem um grande porvir, com a
condição de ser destruído, desfeito. A caminho do assignificante, do
assubjetivo. Mas ainda não explicamos nada do que sentimos.

4 Henry Miller, Tropique du Capricorne, ed. du Chêne, p. 177-179."

Extraido de: 7 Ano Zero - Rostidade - Mil Platôs - Deleuze e Guattari

O ROSTO DE MARIA

Quando Apolo e Dionísio se juntam na experimentação




Orquestra na cozinha


E La Nave Va / Direção: Federico Fellini

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

La vie

Tantôt, la vie en  rose,
Bientôt, la vie en close.
Pour ça, c´est la vie
La plus belle chose.
N´est pas, Louis Armstrong?

Ora bolas

Ora Dionísio, deixa entrar o laborioso Apolo.
E você Apolo, ora bolas,  trata de não censurar o festeiro Dionísio. 

Como é bom flor, jardim



Mil flores floresçam no jardim do Vi.
 Vi
  ver

Poemeto para a foto da Maud


Que me perdoe o poeta,
pois não me basta o frontispício.
Preciso também do entorno,
ouro de pretos.

Dia de festa no mar

02 de fevereiro. Viva Iemanjá, amor do mar. 


Poderosa força das águas. Inaê, Janaína, Sereia do Mar. Saravá minha Mãe Iemanjá! Leva para as profundezas do teu mar sagrado. Odoiá... Todas as minhas desventuras e infortúnios. Traz do teu mar todas as forças espirituais para alento de nossas necessidades. Paz, esperança, Odofiabá... Saravá, minha Mãe Iemanjá! Odofiabá...




  

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Dilma com as Madres

A presidenta Dilma Roussef, hoje em Buenos Aires, vai se encontrar com as Madres, grandes Madres, Madres do mundo, Madres dos desamparados, Madres dos perseguidos, Madres dos excluídos, Madres da cultura, Madres da educação, Madres não genéticas, Madres por escolha, Madres por ato, ação. MILITAR É AGIR . Bravo Dilma!!!!!!! Nossa presidenta-miltante! Madre también!



Homens desérticos e labirínticos...

"Há um flor no escuro de uma caverna...
Há um roseiral nas curvas e becos de um labirinto..."
Jorge Bichuetti


"Para o homem medido e comedido, o quarto, o deserto e o mundo são lugares estritamente determinados. Para o homem desértico e labiríntico, destinado ao erro de uma marcha necessariamente mais longa do que sua vida, o mesmo espaço será verdadeiramente infinito, mesmo se ele sabe que ele mesmo não o é, e tanto mais quanto mais ele o souber.” Monegal. Borges: uma poética de leitura



“pensar não é sair da caverna nem substituir a incerteza das sombras pelos contornos nítidos das próprias coisas (…). É entrar no Labirinto, mais exatamente fazer ser e a aparecer um Labirinto ao passo que se poderia ter ficado ‘estendido entre as flores, voltado para o céu’. É perder-se em galerias que só existem porque as cavamos incansavelmente, girar no fundo de um beco cujo acesso se fechou atrás de nossos passos até que essa rotação, inexplicavelmente, abra na parede, fendas por onde se pode passar”. Cornelius Castoríades. As encruzilhadas do labirinto

“ um corpo flexível ou elástico ainda tem partes coerentes que formam uma dobra, de modo que não se separam em partes de partes, mas sim se dividem até o infinito em dobras cada vez menores, que conservam sempre uma coesão. Assim, o labirinto do contínuo não é uma linha que dissociaria em pontos independentes, como a areia fluida em grãos, mas sim é como um tecido ou uma folha de papel que se divide em dobras até o infinito ou se decompõe em movimentos curvos, cada um dos quais está determinado pelo entorno consistente ou conspirante. Sempre existe uma dobra na dobra, como também uma caverna na caverna. A unidade da matéria, o menor elemento do labirinto é a dobra, não o ponto, que nunca é uma parte, e sim uma simples extremidade da linha” - Deleuze - A dobra: Leibniz e o barroco

Para a LUA

"Põe no cabelo uma estrela e um véu e diz que caiu do céu."
Cecília Meireles


domingo, 30 de janeiro de 2011

Jorge Bichuetti, esbanjador de palavras, poeta



1 comentários:


Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Somos nômades... o avesso, reverso e anti-verso dos homens infames... Nômade - cuja vida é umma intensa e incessante desterritorializaão e reterritorialização que nos dá os entre onde tecemos nossas linhas de fuga...

Um nômade... um modo de existir onde é inerente e imanente um desejo-necessidade de ser artista, de sempre criar, do novo...

Somos a audácia do grande livramento que nos diz Nietzsche no Humano demasiadamente humano...

Abraços com a ternura do luar e com o cálido perfume do alvorecer,

Jorge



 
DEVIR NÔMADE 


JORGE BICHUETTI

Não tenho rumo, leme ou direção.

Sigo com o vento.

Não uso, terno, gravata ou uniforme.

Visto-me de tiras,

fantasias

ou só tinta na pele.

Não tenho pátria,

patrão

ou um anjo guardião.

Sou... um errante,

um errante em busca,

em busca de novidades.

Meu pecado? Não, ó, não!...

Pura obra do destino:

apanhei uma flor no caminho...

Aspirei...

E o seu perfume me enlouqueceu:

agora, uma rosa pulsa no meu peito

e o meu coração

mora na estrada...




Marisa Monte, a Divina


Pra você,
o Inominável.


CsO global


Um bando de vagabandos na minha cabeça. Hipertexto. Hipermídia. Corpo sem Órgãos. Deleuze. Guattari. Vidas cruzadas. Anti-édipos. Revolução no pensamento. Chega de papai e mamãe. Invente seu corpo sem órgãos. Trace. Trace como o homem da caverna traçou com o sangue. Imagem-potência. Mapa de corpo sem órgãos. Cinema. Faz tempo não vejo um filme bom, mas o cinema está sempre me povoando com a enorme memória social e pessoal. Histórias. Imagens. Sociedade da informação e do conhecimento? Homem primitivo. Cavernas. Maria Beltrão que mulher astral, fantástica obra de pesquisadora do sertão e das cavernas. Me faz lembrar outro Beltrão, serão irmãos? Tradutor de extensa e cavernosa obra do Zen Budismo e do Taoismo.  Minha cabeça não aguenta mais. Taoismo. Uno. Múltiplo. Bruno Latour e seus híbridos. Minha cabeça é um híbrido. Vários híbridos. Rizoma de pensamentos. Bagunça. Caos total. Pensador privado. Caverna. Já dizia Deleuze a respeito de Sartre em Meu mestre, texto lindo: é preciso um pouco de caos para pensar. A caverna é o retiro do pensador privado.  Mas Deleuze e Guattari também disseram  é precio um pouco de ordem para pensar, O que é a filosofia? Um pouco de ordem para poder pensar. Então, esqueço o Egito, as imagens do Egito. Ontem vi milhões de imagens dos países da África... Mama África. Se pensarmos bem, a África é o mundo.  Imagens. É preciso esquecer tudo isso. E adentrar o mundo pela caverna . Sentir vibrar o Corpo sem Órgãos do mundo. Presença transcedental. Sem decalques. Não a caverna de Platão. A caverna de Deleuze-Guattari. Qual é o problema dos simulacros?  

E eu adoro um decalque!!! Mas não há decalque possível para esse mundo vagabond. Talvez haja um. Esse vídeo lindo do Deleuze recitando Nietzsche ao som da banda Pinhas- Heldon. Reposto aqui. Repostarei mil vezes!!!!!!! Le voyageur. Considero esse vídeo uma obra prima, schizo-vídeo.




"Quem chegou, ainda que apenas em certa medida, à liberdade da razão, não pode sentir-se sobre a Terra senão como andarilho — embora não como viajante em direção a um alvo último: pois este não há. Mas bem que ele quer ver e ter os olhos abertos para tudo o que propriamente se passa no mundo; por isso não pode prender seu coração com demasiada firmeza a nada de singular; tem de haver nele próprio algo de errante, que encontra sua alegria na mudança e na transitoriedade." Nietzsche - O andarilho - Humano demasiadamente humano 
Na íntegra, o texto de Nietzsche, em francês: aqui.  



sábado, 29 de janeiro de 2011

Um pouquinho do Egito que se rebela







Mendigos e altivos

O SOL É NOVO A CADA INSTANTE

Edward HOPPER, "Rooms by the Sea", 1951



Que
tal

Que tal


Que
tal?

Um...

Um?

Dois.

Dois?

ou mais
quem sabe
muito mAIS.
Mas que sejam
  

DrinKs.

 HOPPER “Nighthawks at the Diner” 1942





EGITO

Bom ver o Egito de volta na mídia. Que seja ao preço da violência! Afinal a mídia gosta só dela, quase só dela. O Egito de volta. Eu amo o Egito. Saber do Egito. Hoje. Tenho um filho filho de egípcio. Adoro comidas egipcias. Meu primeiro amor virtual foi um egipcio (Omar Shariff), adoro os escritores egípcios, Nagib Mahfouz, Albert Cossery. É desse que eu queria falar aqui. Albert Cossery. Tá falado. Quem quiser conhecer o Egito ( nos meandros, nos entre ) leia Albert Cossery. Ele é demais. Recomendo começar por Mendigos e Altivos, seu romance de estréia, publicado no ano que nasci, 1955, mas que é atualíssimo  como eu... (Rsssssssss) .



«Je ne peux pas écrire une phrase qui ne contienne pas une dose de rébellion. Sinon elle ne m'intéresse pas. Je suis toujours indigné de tout ce que je vois…»


ROSA QUE TE QUERO ROSA VERDE QUE TE QUERO VERDE VERDE QUE TE QUERO ROSA


Verde que te quero Rosa
Mestre Cartola

Verde como céu azul a esperança
Branco como a cor da Paz ao se encontrar
Rubro como o rosto fica junto a rosa mais querida
É negra toda tristeza se há despedida na Avenida
É negra toda tristeza desta vida

É branco o sorriso das crianças
São verdes, os campos, as matas
E o corpo das mulatas quando vestem Verde e rosa, é
Mangueira
É verde o mar que me banha a vida inteira

Verde como céu azul a esperança
Branco como a cor da Paz ao se encontrar
Rubro como o rosto fica junto a rosa mais querida
É negra toda tristeza se há despedida na Avenida
É negra toda tristeza desta vida

É branco o sorriso das crianças
São verdes, os campos, as matas
E o corpo das mulatas quando vestem Verde e rosa, é a
Mangueira
É verde o mar que me banha a vida inteira
Verde como céu azul a esperança

Branco como a cor da Paz ao se encontrar
Rubro como o rosto fica junto a rosa mais querida
É negra toda tristeza se há despedida na Avenida
É negra toda tristeza desta vida

Verde que te quero Rosa (é a Mangueira)
Rosa que te quero Verde (é a Mangueira)
Verde que te quero Rosa (é a Mangueira)
Rosa que te quero Verde (é a Mangueira)


ROSA QUE TE QUERO ROSA, JORGE

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...



Marta, perfeito: nossa normalidade pode ser charmosa num comercial de TV ou numa sedução de corpos sem palavras, cheiro ou movimento; já nossa encanto mora na nossa demência. ali na fronteira... onde emergem, ganham vida, "aparecem" as linhas da nossa diferença, nossa singularidade e devires...


O conceito de fronteira de Deleuze é a encruzilhada de G Rosa: encanto, perigo, redemoinhos e encantamentos e magias.


Abraços Jorge








sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Demência fonte do charme

Rizoma de blogs
Uzinamarta_Utopia Ativa


1 comentários:


Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

MARTA, VOCÊ ABORDA UM GRANDE TEMA... VI NA SUA POSTAGEM QUE DELEUZE JÁ ADOTAVA NA EXPERIÊNCIA A TRANSVERSALIDADE, EMBORA NÃO A CONCEITUASSE...

ESTOU LENDO UM LIVRO: BIOGRAFÍAS CRUZADAS DE FRANÇOIS DOSSE, QUE TRATA DAS VIDAS E DOS ENCONTROS... NELE, DELEUZE AFIRMA QUE NÃO SUPORTAVA A LOUCURA, ERA PARA MIM UM PARADOXO, ATÉ ESTA SUA POSTAGEM:NÃO SUPORTAVA MAIS JÁ A AMAVA...

JÁ GUATTARI ERA TÃO ANÁRQUICO NAS PRODUÇÕES QUE DELEUZE LHE IMPÔS UMA CRONOMETRAGEM APOLÍNIA DE 8 HS / DIA DE TRABALHO.

vAMOS LENDO, EXPERIMENTANDO E DESVELANDO A VIDA E NOSSOS AMORES.

UM GRANDE ABRAÇO, JORGE.

28 de janeiro de 2011 09:44
------------------------------------------

Sim Jorge, parece que amava mesmo. Tinha parte com o Diabo... E com a erva do diabo.
abraço
Marta

"As pessoas só têm charme em sua loucura, eis o que é difícil de ser entendido. O verdadeiro charme das pessoas é aquele em que elas perdem as estribeiras, é quando elas não sabem muito bem em que ponto estão.

Não que elas desmoronem, pois são pessoas que não desmoronam. Mas, se não captar aquela pequena raiz, o pequeno grão de loucura da pessoa, não se pode amá-la. Não pode amá-la. É aquele lado em que a pessoa está completamente... Aliás, todos nós somos um pouco dementes. Se não se captar o ponto de demência de alguém...
Ele pode assustar, mas, quanto a mim, fico feliz de constatar que o ponto de demência de alguém é a fonte de seu charme." DELEUZE . O Abecedário

Alegria, alegria!!!

Obrigada Landinho, Adriano, Vinício, Gegê que fizeram essa foto navegar até aqui. Nós!!!!!!!!!! Jovens. Troupe. Bando. Nômades. Festival de Inverno 1973. Ouro Preto. capital da contracultura
Nossos heróis de então: Judith Malina e Julian Beck. E Bené da Flauta!!!
Nossa causa: Liberdade
Nossas calças: Indigo blue
Nossos passeios: Cachoeiras, montanhas, lagoas, vilas, vilarejos, picos
Nossa comida: arroz integral, bardana, missô, torta de abóbara...
Nossos trabalhos: restauração de igrejas barrocas com o mestre Jair Inácio
Nossos estudos: Teatro com Celso Nunes ou com Jura Otera ou com Jonas Block; restauração e arte  na Faop com Jair Inácio, Amilcar de Castro, Nelo Nuno (falecido em 1973, aliás); Estética com Moacir Laterza. E por aí vai, muita coisa boa.... Coisas como Oscar Arraez, bailarino argentino, nos dando aula no Festival de Inverno... Rogério Escobar, música. Estudávamos Grécia com Laterza. Fizemos uma festa bacante pelas ruas de Ouro Preto até a Cachoeira das Andorinhas, onde caímos na água vestidos de lençõis , portando flores na cabeça, frutas, garrafas de vinho. Entramos na gruta. Banhamos assim. Dionísios. Deuses.
Nossas santa maluquices: 10 dias de arroz integral na cachoeira das Andorinhas, meia-noite subir para o Pico do Itacolomi, madrugada nadar na gruta.... Ir a pé pras festas de santos nos distritos. Poeira. Risadas.

Parece que foi ontem, mas faz tempo, tantas águas rolaram . Ficou a amizade. Ficou o amor. Ficaram alguns sonhos. Alguns se partiram. Partiram. Racharam. Fissura. A roda girando. E essa foto chegou numa hora hora boa da roda. Eterno retorno da  Alegria, alegria!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Eu, de casaquinho branco, atrás está a Betina (arquiteta paulista, nunca mais a vi) , no meio, o saltitante Landinho Ramos, ouropretano, ladeado pelos amigos desde a infãncia ouropretana do Rosário:  Silvinho e Vinício Godoy. Os outros eu não sei. Talvez o Gélcio Forte e o Vandinho. Éramos tantos. Não importava muito o nome, não importava nada de onde veio, para onde vai. Importava ali, o encontro. E  o que vamos fazer?  Á noite dançávamos na praça Tiradentes , tudo improvisado, coro, roda, nada mais nada menos do que o jovem, colega nosso no curso de teatro, futuro grande diretor teatral, Iacov Hilel, nos conduzia na rodas cada vez maiores. Solta alegria. E os homens da ditadura de olho na meninada. De madrugada, curtir a neblina... sumiço do real... apareciam os Inconfidentes. E a voz da Cecília Meireles das escadarias da Igreja do Carmo, em eco: "não fica a bandeira escrita, mas fica escrita a sentença".



Unhas



José Gil: Claro! A impressão que eu tenho, porque assisti, é que a pedago­gia e o ensino de Deleuze são dois: antes e depois do corte que há entre Lógica do sentido e o Anti-Édipo, ou seja, maio de 68. Assisti a essas duas maneiras de ensinar e verifiquei o seguinte: Deleuze era ofuscante antes de maio de 68, mais pejas idéias, pela inteligência e por um charme que ele tinha. Ele tinha um charme que sabia que tinha, ele estava consciente desse charme, e o usava um bocado ironicamente, utilizando as luvas brancas (por causa das unhas, possivelmente) e a maneira como falava com as mãos, no quadro. Todas aquelas eram estratégias de sedução. Depois de maio de 68, sua pedagogia modifica-se completamente. A impressão que eu tenho é que o próprio Deleuze foi aprendendo a sua pedago­gia nos primeiros anos de experimentação. Eu chamo isso de "a experimentação pedagógica do ensino do Anti-Édipo". Porque o Anti-Édipo é inimaginável, não se reproduziu, nem Foucault, nem Châtelet, ninguém fazia cursos assim. As aulas de Deleuze eram apinhadas de gente, fumo e fumaça por todo o lado, de vez em quando, as pessoas gritavam, tinha-se que abrir as janelas e ele espera­va, como sempre, muito calmo. Depois, alguns intervinham, riam-se para Deleuze e diziam: "Deleuze, ainda estás muito longe da loucura!" (como dizia um louco que lá estava). E Deleuze respondia: "Mas eu bem procuro, eu bem procuro aproximar-me!". Não havia, aparentemente, nenhum mandarinato, quer dizer, nenhuma hierarquia entre o professor e os alunos. Isto mesmo materialmente: ele sentava-se em uma cadeira, no mesmo nível que todos os outros que o rodeavam ou que ficavam em pé... "

Leia mais Entrevista com o  filósofo português José Gil, por Tomaz Tadeu e Sandra Corazza. Aliás, encontrei o link  num blog muitissímo bom, uma biblioteca de livros de filosofia, artes e mais: Gambiarre.


Passagens


Foi Hannah Arendt quem me apresentou Walter Benjamim. "Homens em tempos sombrios". Leitura preciosa. Nada mais nada menos do que o "percepto amoroso" da filosofa para com Rosa Luxemburgo, Karl Jaspers, Isak Dinesen, Brecht. Não lembro-me se tinha Heidegger no meio. Mas me lembro de  Walter Benjamin! O Acontecimento.  Na praia do Tombo, no Guarajujá, São Paulo, Hannah Arend me levou a viajar: Alemanha, Nazismo. Linhas de fuga: Espanha. Fronteira.  França. Ansiedade. Depressão. Suicídio. Promessa de um descanso? Logo na França. França de Paris? Paris de  de Passagens? Logo no Guarujá? Quando chorava por Walter Benjamin, um telefonema. Não havia celular. Década de 1980. Não sei bem. Um tempo em que não havia  celular e eu não tinha filhos. Vivia pelas praias. Leve e solta. Lendo. Conspirando contra o eterno retorno do nazismo. Me acharam no hotel. Um hotel no Guarujá. De um alemão. Um alemão estranho. Que gostava de dar tiros na calada da noite. Que nasceu na II Guerra Mundial. Diziam que ele era nazista. Não sei se era, mas era esquisito. Lembro-me dele e do hotel.  Um hotel muito estranho, estranho mas aconchegante. Eu lia na praia, em frente ao hotel. Hannah Arendt sobre Walter Benjamin. O telefone tocou. Eu não ouvi. Mas me chamaram. Atendi. Sua mãe morreu. Minha mãe morreu no dia que conheci Walter Benjamin. Não guardo fotos da minha mãe, mas sempre choro quando vejo a foto do Walter Benjamin.

" Um acontecimento vivido é finito, ou pelo menos encerrado na esfera do vivido, ao passo que o acontecimento lembrado é sem limites, porque é apenas uma chave para tudo que veio antes e depois."