quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tupi or not Tupi? Yes, nós somos TUPI. Comemos tucupi, tacacá, maniçoba, taperebá e GENTE!


" Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago."
"Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha."

A PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DA TECNOLOGIA COMO IDEOLOGIA




“Gente bestial e de pouco saber”,
assim julgou Pero Vaz de Caminha os habitantes do paraíso na Terra

Os tupis encontrados por Cabral ficaram espantados com o machado de ferro dos homens brancos que permitia cortar um tronco de pau-brasil em 15 minutos, operação que, com o sílex utilizado por eles, tomava-lhe mais de três horas de trabalho. Os tupis ajudaram os portugueses a abastecer as caravelas com a madeira extraída da Mata Atlântica e receberam em troca algumas bugigangas européias. Naquele momento, provavelmente, não tiveram a menor consciência de que, por pelo menos quatro séculos, suas terras seriam saqueadas e dizimada a sua população. Além dos tupis, outros povos que habitavam o território a se chamar Brasil, depois de diversas nomeações, também sofreriam violência estarrecedora, uma das mais, senão a mais, cruenta de toda a história da humanidade. Darci Ribeiro nos informa que havia, talvez, 1 milhão de índios, somente se considerados os povos da matriz tupi. Há estimativas variadas do total da população índigenas de então, chegando-se algumas a apontar 10 milhões de pessoas compondo a população nativa quando da chegada dos europeus.


Devido à longa e estafante viagem, muitos dos homens que desceram das caravelas em 1500 na Bahia encontravam-se sujos e doentes, mas seus líderes não deixaram de julgar os aborígines – que reconheceram como limpos, alegres, sadios e praticantes de uma rica alimentação – como povos inferiores. “Gente bestial e de pouco saber”, conforme relato de Caminha em sua famosa carta. É bem provável que essa tenha sido uma das primeiras manifestações da tecnologia como ideologia. Ou seja, da superioridade técnica como justificativa do domínio de uns povos sobre outros. Era enganoso o julgamento de Caminha, pois os tupis tinham técnicas fundadas no estado de desenvolvimento das forças produtivas daquela sociedade, naquele momento, que lhes permitiam viver da melhor forma possível e em acordo com a compreensão da natureza e de si próprios (não apartados da natureza). A ironia da história é que os portugueses, alguns poucos séculos mais, seriam vítimas de igual ou semelhante preconceito expresso por Caminha para definir os tupis "gente bestial e de pouco saber”.

Outra ironia da história, é que graças aos indígenas, logo mais os europeus que vieram habitar o Brasil vão poder se alimentar graças às roças de feijão, milho, mandioca, diversos tubérculos, além da pesca e da caça, todas essas culturas técnicas manejadas pelos aborígines com maestria. Não fosse isso, maior teria sido a fome na colônia, inviabilizando a colonização. Os índios seriam ainda, além de força de trabalho, condutores dos portugueses pelas matas e rios de um vasto e rico território, viabilizando o extrativismo e a extensão dos domínios metropolitanos. Outras técnicas indígenas seriam incorporadas pelos portugueses na colonização do Brasil, como a coivara (queimada como meio de preparo do solo para o plantio), aplicada pelos colonizadores indiscriminadamente em largas extensões, que constituiu, e constitui até hoje, num dos sérios problemas de devastação das florestas brasileiras. Considerada toda a história do Brasil, a devastação na época colonial foi pequena, mas implantou uma mentalidade e uma prática de descaso e uso descontrolado e insustentável das riquezas naturais que persistem até o momento.

Fonte: Trechos de um livro que estou escrevendo: A engenharia e a técnica na produção do Brasil

This is dialetics?


Somos? "soup of ideas and things? Yes. We are. But, attention, not dialetics. Please!

Nietzsche teve vontade de conhecer a América, sobretudo por causa dos índios.   Sonho com isso: Nietzsche visitando o Brasil.  Pelado com os índios. Curare. Deleuze também não veio ao Brasil, nem escreveu sobre o Brasil.  Guattari veio ao Brasil e aqui fez amigos. Trabalhou. Escreveu livros sobre o Brasil.   MILITOU no Brasil.

Não é fácil para um europeu entender o Brasil. E não é fácil para um brasileiro entender um europeu. Mas,  vamos suprimindo as fronteiras (pelo menos na nossa imaginação), sem extirpar com as diferenças. PORQUE O QUE IMPORTA É A DIFERENÇA. PONTOS DE VISTA DIFERENTES. PONTOS DE VIDA DIFERENTES.

soup  of ideas and things? Yes. We are. But... More.


Somos uma sopa de línguas também. SOMOS UMA SOPA DE TANTA COISA, ATÉ DE LÍNGUAS.
Infelizmente os europeus mataram não só um milhão de índios na terra dos papagaios ou Terra de Santa Cruz (assim chegaram os santos, as santas  e a cruz no paraíso.... ). Mataram também as centenas ou milhares de línguas de todo esse povo que vivia aqui em 1500 dC. Mas, somos uma sopa de línguas, apesar de oficialmente termos uma língua única.  Moro numa cidade (São Paulo) em que se fala 75 línguas....  



BRASILEIRO= ÍNDIO+PRETO+BRANCO+AMARELO+SEM COR


VIVA A SOPA. VIVA O BRASIL.  


O Brasil é dialético? NÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! JAMAIS.  

O Brasil é BRICOLAGE. PENSÉE SAUVAGE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

"O Sertão vai virar mar e o mar virar sertão." 
SIM SOMOS UMA SOPA DE IDÉIA E COISAS NÃO DIALÉTICAS. Isso é o Brasil. Miscelaneous. 
Miscelaneous de diferenças.

Pardon MISTER!!!!!!!!  

Amazonia is dialetics? Uzinamarta is dialetics? Brasil is dialetics? Marta (no madame, no mister) is dialetics? NON. NON. NON. NON. Vous ne peut comprendre pas. Pas de tout, mais vous avez dit une "mister": SOPA.

 


Memória e demolição


Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...
Marta, uma foto na memória é o avesso da mesma foto, num álbum esquecida, ali, guardada na gaveta da vida. Luz e obscuridade: faces do mesmo rosto, jamais olvidado ainda que o baú nos prive da sua presença, pela força e esplendor que nos ofusca o presente na luz do ontem filmado..


Abraços com carinho, ternura, e muita saudade...


Jorge

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Ei querido Jorge, gracias pela amizade blogueira. 
Não tenho nada a dizer neste momento a não ser que Maria Schneider morreu. 58 anos. 50 filmes. O resto eu não sei. Mas o rosto dela é inesquecível. Será mesmo? Isso não importa, afinal "qualquer vida é um processo de demolição".  Vamos demolindo rostos e o resto...




"Eu não olho mais nos olhos da mulher que tenho em meus
braços, mas os atravesso nadando, cabeça, braços e pernas por inteiro, e
vejo que por detrás das órbitas desses olhos se estende um mundo
inexplorado, mundo de coisas futuras, e desse mundo toda lógica está
ausente. (...) Quebrei o muro (...), meus olhos não me servem para nada,
pois só me remetem à imagem do conhecido. Meu corpo inteiro deve se
tornar raio perpétuo de luz, movendo-se a uma velocidade sempre maior,
sem descanso, sem volta, sem fraqueza. (...) Selo então meus ouvidos, meus
olhos, meus lábios"4. CsO. Sim, o rosto tem um grande porvir, com a
condição de ser destruído, desfeito. A caminho do assignificante, do
assubjetivo. Mas ainda não explicamos nada do que sentimos.

4 Henry Miller, Tropique du Capricorne, ed. du Chêne, p. 177-179."

Extraido de: 7 Ano Zero - Rostidade - Mil Platôs - Deleuze e Guattari

O ROSTO DE MARIA

Quando Apolo e Dionísio se juntam na experimentação




Orquestra na cozinha


E La Nave Va / Direção: Federico Fellini