segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Marilena Chauí: o que é uma democracia? qual a importância do governo Lula para a democracia brasileira? qual a ameaça que Serra representa para a democracia?



Veja também os outros depoimentos sobre Dilma em vídeos vinculados a esse: Fernando Morais, Alceu Valença, Chico César, Beth Carvalho, Antônio Pitanga , Fábio e Lucy Barreto.

Crime eleitoral dos mais sérios

QUEM PAGA OS PANFLETOS DO BISPO BERGONZINI CONTRA DILMA?


Dois milhões e 100 mil panfletos contra Dilma Rousseff, com falsa chancela da CNBB, estavam sendo rodados em uma gráfica em SP, descoberta pelo PT. Os responsáveis pela Pana Editora e Gráfica afirmam que o material --apenas um lote de um total de 20 milhões de panfletos que estão sendo rodados em SP com o mesmo conteúdo-- foi encomendado pelo bispo Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, da diocese de Guarulhos-SP. Perguntas que precisam ser respondidas: 1- Desde quando o bispo de Guarulhos tem dinheiro para imprimir 20 milhões de panfletos apócrifos? 2-Quem paga as gráficas? 3- De onde veio o dinheiro? 4- Em que conta da diocese ele foi depositado? 5-Quem orientou o texto a falsear a chancela da CNBB? 6-Dom Bergonzini conhece 'Paulo Preto', o homem acusado de sumir com R$ 4 milhões do caixa 2 da campanha de Serra -- que guarda segredos com força suficiente para obrigarem Serra a tratá-lo, alternadamente, num dia como 'factóide' e no outro, como 'competente e inocente' -- tudo isso num hiato de apenas 12 horas depois que Paulo Preto ameaçou Serra na Folha dizendo:' não se abandona um líder ferido na estrada; não cometam esse erro'. 7- Quem, afinal, está abastecendo o caixa da diocese de Guarulhos para transformá-la num bunker eleitoral anti-Dilma? Com a palavra, a operosa Polícia Federal de SP e a não menos operosa vice-procuradora do TSE, Sandra Cureaunull

Postado por Saul Leblon às 16:53

Fonte: Carta Maior

"Lancem a campanha contra o aborto bem no meio da campanha". Eles são profissionais. Fazem isso há dois mil anos!

Grande Bernardo Kucinski

Os envergonhados e os desavergonhados


Todas essas amigas minhas, da Vila Madalena, de Pinheiros, da USP, mulheres esclarecidas, emancipadas, que votaram na Marina apesar de evangélica e anti-aborto, agora descobriram que todo o seu estado maior é formado por tucanos. Ou ainda não descobriram? A vocês todas eu digo: não se trata agora de derrotar o Serra ou o neoliberalismo. Tudo isso é transitório, efêmero. Trata-se de derrotar a grande conspiração obscurantista. Trata-se da luta milenar da razão contra a superstição, da tolerância contra o fanatismo, da modernidade contra o atraso. O artigo é de Bernardo Kucinski.

Bernardo Kucinski

Rompo meu silêncio de três anos na Carta Maior por causa da minha mulher. Ela perguntou: você não vai fazer nada? Não vai participar da campanha? Eu não sou mais jornalista, respondi, sou ficcionista; não quero mais saber de política, chega, cinqüenta anos sendo usado, agora chega. Ela acabara de ler a história do bispo que mandou imprimir dois milhões de folhetos contra a Dilma. Eu lembrei ter dito a ela que a Igreja Católica estava traindo, já naquele dia em que soltaram o manifesto acusando Lula da fascista, com a assinatura do Dom Paulo. O pobre homem em estado avançado de Alzheimer, e arrancam dele essa assinatura.

A Igreja não está traindo, está fazendo o que sempre fez, ela respondeu. Nós acabávamos de voltar de uma viagem à Cartagena, na Colômbia, onde visitamos o museu da Inquisição. Os instrumentos de tortura ali exibidos, de fazer o DOI-CODI sentir vergonha, ficaram gravados fundo na nossa imaginação.

Está traindo sim, eu falei, está traindo em primeiro lugar porque usou um método traiçoeiro, o método das mentiras, da difamação, em segundo lugar porque está usando o dinheiro que arranca dos pobres para combater o governo dos pobres, e em terceiro lugar porque está usando uma eleição universal, republicana, para emplacar um dogma religioso, dogma dos mais nefastos, que só prejudica as mulheres pobres.

Um Papa decidiu lá em Roma que o aborto é a linha divisória entre uma sociedade moderna, laica, regida pelo saber científico, e a sociedade atrasada, na qual os padres mandam na vida das pessoas e a Igreja por isso mantém seu poder. E veio a ordem, lancem a campanha contra o aborto bem no meio da campanha eleitoral. Eles são profissionais. Fazem isso há dois mil anos, desavergonhados, Os evangélicos, amadores, entraram de carona.

Agora vou falar dos envergonhados, esses que passaram oito anos disseminando mentiras sobre a transposição do São Francisco, acusando Lula de só beneficiar o agronegócio, demonizando as novas hidroelétricas, tumultuando audiências públicas em nome de índios e caboclos desprovidos de luz elétrica, obstruindo a construção de pontes e estradas que integrariam o continente, combatendo os transgênicos em nome de uma visão pré-darwiniana da natureza, esses que se condoem com gatinhos e pererecas, mas não com os meninos de rua ou os moradores de palafitas. Esses, que agora estão lançando manifestos dizendo envergonhadamente para votar contra o Serra. Por que não dizem bem alto votem na Dilma?

E também essas todas, amigas minhas, da Vila Madalena, de Pinheiros, da USP, mulheres esclarecidas, emancipadas, que votaram na Marina apesar de evangélica e anti-aborto e agora descobriram que todo o seu estado maior é formado por tucanos. Ou ainda não descobriram? A vocês todas eu digo: não se trata agora de derrotar o Serra ou o neoliberalismo. Tudo isso é transitório, efêmero. Trata-se de derrotar a grande conspiração obscurantista. Trata-se da luta milenar da razão contra a superstição, da tolerância contra o fanatismo, da modernidade contra o atraso.

(*) Bernardo Kucinski é jornalista, autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000)

Fonte: Carta Maior

E agora José Serra?

Monica Serra, esposa do candidato Serra,  fez aborto, é o borogodó da imprensa brasileira hoje.  Amanhã poderá ser que filha faz lobby.  É por isso que eu digo, minha gente, a moral não é o X da questão eleitoral. O que está em jogo é muito maior: é o destino e o futuro do país e do povo brasileiro. Queremos voltar a ter 20% do desemprego e miséria crescente? Ou queremos desenvolvimento para gerar empregos e oportunidades de trabalho e renda? Queremos universidades sucateadas? Ou queremos criação de novas universidades? É por aí e muito mais...

Sobre universidades, se o meu depoimento vale, vai aí: estudo na UFABC, uma das 25 universidades federais criadas pelo governo de Lula.  É uma baita universidade, interdisciplinar, 4.500 estudantes na graduação, 300 na pós graduação, 400 professores doutores.  A grande  imprensa não fala desses avanços e outros do governo Lula. Pelo contrário, a revista Veja , por exemplo, fez uma matéria difamando e mentindo sobre a UFABC. Mentindo descaradamente!

O governo Lula não é perfeito. Será que é possível governo perfeito?  Mas tirou o Brasil do atoleiro em que foi colocado pelos governos FHC, ajudou decisivamente a América do Sul  a superar aquelas porcarias de Consenso de Washigton e de Alca, melhorou a distribuição de renda no país, criou clima econômico favorável que gerou um bocado de empregos, recuperou um pouco o salário mínimo, está fazendo milhares de obras importantissímas de infraestrutura em todo o território brasileiro, expandiu as relações internacionais do Brasil, deu um baile na crise internacional, e assim possibilitou aumentar significativamente a autoestima do povo brasileiro.  É nisso que temos que apostar.  E a Dilma é melhor do que o Lula em vários aspectos, apesar de não ter a mesma desenvoltura. Ela gagueja nos debates? Ok. Isso não é problema.  Quem não gaguejaria diante da empafia do Serra?   Eu tremeria de medo. Fui aluna dele e sentia pavor quando ele entrava na sala de aula, pois ele era antipático,  prepotente e desprezava os alunos.

 O rosto não é o que mais importa. O que vale mesmo é ter uma cabeça pensante. Mas, em ambos aspectos, rosto e cabeça pensante, a Dilma é melhor, não há dúvida. O rosto dela me diz algo importante: ela se transformou bastante nos últimos tempos, não é só uma questão de maquiagem e marketing. É uma questão do olhar. Ela passou e superou um câncer em meio a uma campanha eleitoral. Isso não é qualquer coisa, certamente foi um processo de aprendizado muito forte sobre a vida e o que vale nessa vida.  Mas o mais importante é que Dilma é uma cabeça pensante. Ela pensa os problemas do Brasil com seriedade.  Sempre pensou. Não pensava em ser presidente. Isso foi um acaso. Já o Serra, o Serra só pensa naquilo: no poder.  

Professores denunciam Serra e defendem educação pública


Fotos: cenas da invasão da USP pela polícia paulista
que agiu com atos de forte vandalismo por causa de uma greve!

(clique sobre o título para ver quem já assinou o manifesto e para aderir)


Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.

Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.

Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.

Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.

Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.

No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina a difamação, manipulando dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.

Alguns dos mais de 3 mil professores
que assinaram o manifesto:

Antonio Candido 

Alfredo Bosi
 Ivana Bentes
 Ladislaw Dowbor
 Marilena Chauí
 Otávio Velho
 Peter Pal Pielbart
 Scarlet Marton
  

Reiventar a vida

Lamentos de uma amiga
Perdi o carro.
Não tenho como levar o filho à escola.
A vida está difícil.
E para completar, não tenho um amor.

Modestas sugestões da amiga que ouve
Anda à pé, de ônibus, metrô,
Assim conhecerá melhor a cidade em que mora.

Coloca o filho na escola do seu quarteirão,
A melhor escola é a mais perto da nossa casa.

A vida sempre foi difícil,
Agora está mais complexa.
Nessa complexidade há coisas boas,
Uma delas é que a gente pode se reiventar.

Quanto ao amor, não sei o que dizer,
Precariamente, arrisco uma sugestão:
AMA A SÍ PRÓPRIA E FICA EM PAZ COM A SOLIDÃO.
Assim aprenderá a amar o próximo.

E mais, não se sinta tão só,
Estamos todos os humanos enfrentando o desafio
DE NOS INVENTAR COLETIVAMENTE COMO ESPÉCIE.  

domingo, 17 de outubro de 2010

Herança da escravidão

Um conhecido meu, lá das Minas Gerais, me falou dia desses, através de um interurbano que eu dei, quando o papo tocou na eleição: "sou neutro, tanto faz Dilma ou Serra, é tudo a mesma coisa". E pra completar ele veio com aquele papinho furado de exaltação do atoismo. Só dei um grunhidinho em protesto ao niilismo. O que poderia eu falar pra uma pessoa que dorme a tarde inteira e paga salário mínimo pros empregados achando que tá pagando o máximo? Desliguei o telefone, que jamais se repetirá da minha parte, e  fiz esse poeminha pro sinhôzinho:

Sinhôzinho do Século XXI
O à toa não tem tempo para nada.
Trabalha negro, trabalha negra,
Trabalha para o à toa.
Sou herdeiro, sou zen,
Estou nem aí.
Tanto fez negro, tanto faz negra.


Tô com Dilma

Tá com Dilma?
Ô se tô!

O recado que vem de Paris

Minha amiga Maud Lageiste  me escreveu assim, de Paris:

" aqui a gente tenta resistir para conservar os direitos de aposentar-se aos 60 anos, de maneira mais geral a gente luta contra o Sarkozy e esse governo cheio de escândalos financeiros, vergonha de máfia que governa pra ricos somente e quer quebrar os direitos dos mais humildes..."







O neoliberalismo está afundando a Europa e fazendo renascer a política das multidões mobilizadas!




O canto do uirapuru, uma despedida triste e três encontros alegres

Salve Jorge! que me escreveu assim: " cuidar é estar com, gerando um entre onde o lamento encontra um canto e um canto... ".  Interessante isso, pois hoje andei cantando como o Uirapuru. E cantando assim, despedi-me do talismã Gaiarsa. Também encontrei num passeio à pé por essa metrópole louca e linda  um canto pela igualdade, igualdade que não se faz só depois de ir à escola, pois assim a igualdade fica sempre adiada: The ignorant schoolmaster: five lessons in intellectual emancipation ( No Brasil: O mestre ignorante:  cinco lições sobre emancipação intelectual), do Jacques Rancière. Encontrando esse livro, reencontrei num lugar esplêndido do meu coração o Daniel Lins que me surpreendeu há um tempo atrás se chamando de "mestre ignorante".  Portanto, hoje tive  meu devir carpideira, muito triste pela morte do Gaiarsa,  e meu devir filósofia-alegre, pois o Daniel é sábio mestre na alegria.  Além disso, esse encontro no ciberespaço com você que é pra mim pura festa. Gaiarça, Rancière, Daniel e Bichuetti . Bela passarada. Cantoria de uirapurus. Para os tupis,  o uirapuru é um deus que toma a forma de pássaro e anda sempre rodeado por outros. E agora vou dormir, pois amanhã tenho nada menos que um devir iraniano. Vôo de véu. Canto persa. Alma sufi.


sábado, 16 de outubro de 2010

Figuraça esse Gaiarsa que desobstruiu tantos caminhos e explodiu um bocado de preconceitos

s
Adeus Gaiarsa. Você foi grande, inclusive para mim. Não só lí seus livros com gosto. Recebi também as graças do seu poder de curar: curar cabeças, colar cabeças no corpo, extrair medos, apagar rostos, curar respiração e angústias, soltar o tesão. E mais: comemos juntos chocolates.  Você adorava chocolates. E os comeu sem culpa. 90 anos de vida contra a culpa, a favor do prazer e da vida desembaraçada e livre.

"Estou muito em busca disso, das coisas que não aparecem e que estão mudando o mundo e que o nosso pensamento antigo não se dá conta".
 
"Quer prova mais absurda de que nós somos nós, e não eu? Imagine-me, coitado de mim, no meio da floresta amazônica, pelado. Não duro três dias. "

" Durante muitos anos, morria de inveja dos machões. Era difícil chegar perto das moças pra conversar, o que eles faziam bem. Isso foi até eu saber que eles não faziam nada. Os homens são extremamente monótonos na cama."

" A sexualidade não é muito diferente de antes. A mãe continua não tendo xoxota e as crianças não podem ter xoxota nem pinto. A sexualidade natural de bicho saudável é castrada."

 
"Ah, eu quero um trabalho". Oito horas por dia de escravidão para ganhar, com sorte, 600 ou 700 reais por mês. E você tem dois filhos e aluguel. Essa é a situação de quatro quintos da população."
 
Leia outras educativas, fortes, engraçadas, inteligentes e irreverentes opiniões do Gaiarsa aqui. Há também o site  Doutor Gaiarsa. Os livros dele são ótimos, alguns fundamentais. Gosto muito do Tratado Geral da Fofoca e também Amores Perfeitos. Ele foi extremamente estudioso e grande escritor, nos proporcionando uma obra mutísssimo relevante. Obra que deixou disponível na internet e você pode abaixar de graça. Isso sim é generosidade. Ao invés do direito autoral, Gaiarça acreditou no direito ao conhecimento livre.

Les voiles

J'aime les voiles. Je suis une femme soumisse? Je perturbe l´ordre sociale?

Femme orientale
Jean François Portaels

CUIDADO


Um querido escreveu sobre esse blog. Obrigada. Muito bonitas as suas palavras. Fiquei pensando numa palavra que está ali: CUIDADO. Esse blog inspira cuidados...! Fui no dicionário saber o que é cuidado. Não me identifiquei com nenhum verbete. Mas me lembrei do Deleuze falando sobre a elegia no seu Abcedário.  Aí sim, reconheci. Esse blog é uma elegia cheia de ais. A vida é grande demais para mim. Dói aqui , dói ali. A elegia é um  cuidado.

Elegia
Gilles Deleuze

" Sim, eu sempre gostei da elegia. Ela é uma das duas fontes da poesia, uma das principais fontes da poesia. É o grande lamento. Há uma grande história a ser feita sobre a elegia. Não sei se já foi feita, mas é muito interessante. Há o lamento do profeta. O profetismo é inseparável do lamento. O profeta é aquele que se lamenta e diz: “Mas por que fui escolhido por Deus? O que eu fiz para ser escolhido por Deus?” Neste sentido, ele é o contrário do padre. Ele se queixa do que acontece com ele. O que significa: “É grande demais para mim”. Eis o que é a queixa: “O que está acontecendo comigo é grande demais para mim”. Aceitando, pois, o lamento, o que nem sempre se vê, pois não é só “Ai, ai, que dor!”, mas também pode ser. Aquele que se queixa nem sempre sabe o que está querendo dizer. A velha senhora que se queixa de seu reumatismo está, na verdade, querendo dizer: “Que potência está se apoderando da minha perna e que é grande demais para que eu a suporte?” Se formos procurar na História, é muito interessante, pois a elegia é, antes de tudo, a fonte da poesia. É a única poesia latina. Na época, eu lia muito os grandes poetas latinos Catulo, Tibúrcio e outros. São poetas prodigiosos. O que é a elegia? Acho que é a expressão daquele que não tem mais um estatuto social, temporariamente ou não. É por isso que é interessante. Um pobre velho se queixa. Um homem nas galés se queixa. Não tem nada a ver com tristeza, é a reivindicação. Há uma coisa na queixa que é impressionante. Existe uma adoração na queixa, é como uma oração. Os queixumes populares, tudo... A queixa do profeta, a de um tema que você conhece bem, que é a queixa do hipocondríaco. O hipocondríaco é alguém que se lamenta. E as queixas do hipocondríaco são bonitas: “Por que tenho um fígado? Por que tenho um baço?” Não é o Ai, como dói!”, e sim “Por que tenho órgãos?” Por que isso, por que aquilo... O lamento é sublime! O queixume popular, o lamento do assassino, que é cantado pelo povo... São os excluídos sociais que estão em situação de lamento. Há um especialista húngaro chamado Tökel, que fez um estudo sobre a elegia chinesa no qual mostra que a elegia chinesa é, acima de tudo, animada por aquele que não tem mais estatuto social, um escravo livre. Um escravo ainda tem um estatuto, por mais desgraçado que seja. Pode ser infeliz e espancado, mas tem um estatuto social. Mas há períodos em que o escravo livre não tem estatuto social, ele está fora de tudo. Deve ter sido assim para a geração dos negros na América com a abolição da escravidão. Quando houve a abolição ou então na Rússia, não tinham previsto um estatuto social para eles e foram excluídos. Interpretam erroneamente como se eles quisessem voltar a ser escravos! Eles não tinham estatuto. É neste momento que nasce o grande lamento. Mas não é pela dor, é uma espécie de canto e é por isso que é uma fonte poética. Se eu não fosse filósofo e fosse mulher, eu gostaria de ter sido uma carpideira. A ideira é uma maravilha porque o lamento cresce. É toda uma arte! Além do mais, tem um lado pérfido: não se queixe por mim, não me toque. É um pouco como as pessoas demasiadamente polidas. Pessoas querendo ser cada vez mais polidas. Não me toque! Há uma espécie de... A queixa é a mesma coisa: “não tenha pena de mim, disso cuido eu”. Mas ao cuidar disso, a queixa se transforma. E voltamos à questão de algo ser grande demais para mim. A queixa é isto. Eu bem que gostaria de todas as manhãs sentir que o que vivo é grande demais para mim porque seria a alegria em seu estado mais puro. Mas deve-se ter a prudência de não exibi-la, pois há quem não goste de ver pessoas alegres. Deve-se escondê-la em um tipo de lamento. Mas este lamento não é só a alegria, também é uma inquietude louca. Efetuar uma potência, sim, mas a que preço? Será que posso morrer? Assim que se efetua uma potência, coisas simples como um pintor que aborda uma cor, surge esse temor. Ao pé da letra, afinal, acho que não estou fazendo Literatura quando digo que a forma como Van Gogh entrou na cor está mais ligada à sua loucura do que fazem supor as interpretações psicanalíticas, e que são as relações com a cor que também interferem. Alguma coisa pode se perder, é grande demais. Aí está o lamento: é grande demais para mim. Na felicidade ou na desgraça... Em geral, na desgraça. Mas isso é detalhe."

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Véus de Clérambault







Vou de véu
Vôo de véu

Novo mestre

Encontrei um escultor-mestre: Christian Renonciat

Brasil-Bolívia

Acerca-te de mim, pero non cerque-me, jamás.  

Dupla

Força da palavra
Forca da palavra

Poemetô

Ô Zerô

Adorô sumô
Adorô butô.
Adorô platô. 
Pelo Ô.
Pelo Zerô.




Dor e pensamento, doença e conhecimento


Sem procurar, achei esse trabalho na internet. Gostei,  tanto que procurei o autor e o encontrei em seu blog. Viva o ciberespaço!  Viva a diferença!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Resistência

O bom jogador é aquele que coloca a sua garra, a sua força,  até acabar o segundo tempo do jogo. Ganhar ou perder para ele não é o que mais importa. O que importa para o jogador lutador é a luta. E assim , pode vencer  no último segundo da partida. Todo jogador lutador sabe também que o jogo não acaba na partida. E que a vida é uma obra que dobra, desdobra, redobra.  Nunca é demais lembrar-se do sábio Heráclito: a guerra (guerra no sentido de jogo, o jogo da natureza, o jogo da vida) é o rei e o pai de todas as coisas.

A imoralidade do PSDB + DEM

Darci Ribeiro: "Essa gente quer vender, quer entregar o Brasil porque acha melhor. Essa gente usa o Brasil, usa a Nação, para alcançar os seus objetivos".

A campanha do Serra intimida a sociedade na medida em que transforma a campanha eleitoral a presidência no circo da moralidade.  Isso para esconder a questão que mais interessa: o destino do povo brasileiro, o destino do país.

Sugiro a leitura do lúcido artigo de Jorge Bichuetti "Não deixe a democracia ser abortada".

Leia também a Carta Maior dessa semana e confira o que é mesmo que está em jogo nas eleições brasileiras de 2010.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A razão científica não é produtora de mundo melhor

"Esse mundo é a vontade de potência –
e nada além disso!
E também vós próprios sois essa vontade de potência
– e nada além disso!”
Nietzsche.  Fragmento póstumo, 1885.

"A razão é apenas um conceito,
e um conceito bem pobre para definir o plano e os
movimentos infinitos que o percorrem."
Deleuze e Guattari - O que é a filosofia?

Fui um pouco injusta no juízo que fiz  do livro de Karl Popper, Em busca de um mundo melhor (ver post abaixo: Poopper, Heráclito e o mundo). O livro não é tão chato assim, fui me animando no avançar da leitura. Há belas passagens  e a leitura (das conferências) chega a ser prazeiroza. No entanto, a busca pela verdade como  mola mestra da ciência é o problema desse pensamento. Popper se aproxima de Henri Bergson em alguns temas, mas nem passa perto da grande questão colocada por Nietzsche: o que move  a ciência é a utilidade e não a verdade.
Mas foi interessante ler Popper, mesmo porque me remeteu à leitura de Kant e ao livro de Deleuze sobre Kant. E me despertou outros desejos: conhecer melhor o debate sobre as relações ente matemática e lógica, bem como conhecer as idéias de Cantor etc.. Portanto, valeu. Mesmo assim não teria paciência de fazer aqui uma espécie de resenha ou crítica do livro. Tenho outras vontades mais potentes.  Depois que me tornei leitora de Nietzsche e  Deleuze, tenho pouca paciência com filosofias de boas intenções como essas de melhorar o mundo através da busca pela verdade científica. 

Não sou contra a ciência, mas também não acho que ela  faça o mundo melhor. Lembro-me de uma conferência de Galbraith (economista americano) em que ele disse mais ou menos isso em torno de 1930: "não há mais razão para a fome, pois a produtividade  na agricultura (advinda de conhecimentos científicos e de técnicas) pode garantir alimento para todos os seres vivos". Mas o que vemos é que ainda, depois de 80 anos,  1 bilhão de pessoas passando fome no mundo.  Outra questão interessante foi colocada há anos atrás por um professor meu que indagava "por que gastar tanto dinheiro com a o sequenciamento do genoma, se a gente adoece e morre mais por contaminação bacteriológica e viral do que por doenças genéticas?". 

Há um bocado de razão e também de falta de razão na "verdade" da racionalidade científica, tão defendida por Popper, apesar de todas as críticas que ele faz  ao cientificismo.  O pensamento de Popper sobre ciência, conhecimento e ignorância  é expressão dos abalos das "verdades" da sociedade socrático-científica. Mesmo assim,  ele conclama sistemáticamente o pensamento de Sócrates e o seu "conheça a ti mesmo".  

“Ó! imagens e visões da minha juventude! Ó! olhares de amor, momentos divinos! Como vos desvanecesteis depressa! Penso hoje em vós como nos meus mortos.
De vós, mortos prediletos, chega até mim um suave perfume que alivia o coração e faz correr as lágrimas. Verdadeiramente esse perfume agita e alivia o coração do que navega solitário."
Nietzsche - Assim falou Zaratustra - Trecho do Canto do sepulcro


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Metafísica da crueldade

Livros de filosofia da bondande?
Mata essa bobagem da escória.
Boa é a letra que escorre sangue.

União metaestável

Gays de várias nações querem o direito à união estável.
Sejamos claros, qualquer seja a língua: direito à herança.
Moi, quero a união que balança, tipo européia.
Gay ou não-gay, pero gay.
Direito de aprender novas línguas e linguadas,
dando risadas.

Palavras

Quem tem boca vai à Roma. Dizem.
Digo: quem tem boca, mente,
E quem tem a pena, dupla-mente.

Cru e nu

Quem tem cu, tem medo. É o que dizem.
E eu digo, quem tem cu tem desejo.

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...

Viva Elis. Vivo o Hermeto.
Vivo Tom e viva a bossa. 
Só por causa do amor
ao meu filho Maurício.

Silêncio

"Tenho falado com quase ninguém, isto não é um “silêncio arrogante” mas, ao contrário, um silêncio bastante humilde, de um sofredor envergonhado em revelar o quanto sofre. Um animal rasteja para seu esconderijo quando está doente, e assim também faz la bête philosophe. Quão raramente uma voz amiga chega até mim! Estou agora só, absurdamente só. E no curso de minha guerra subversiva contra todo o homem que até agora tem sido respeitado e amado - a qual eu chamo de “transvaloração dos valores” -, eu mesmo me tornei sem perceber uma espécie de esconderijo, algo oculto, que você não poderá mais achar mesmo se for até lá procurá-lo, mas é claro que ninguém o faz."
Nietzsche - Cartas de 1888

Sem projeto

Este blog não tem consciência, unidade, objetivo, meta, metodologia. Não é produto. Se é alguma coisa, é grito, gaguejo, grunhido. Uma nau sem rumo e patrocina-dor.  

RIZOMA E RITORNELO DE BLOGS


Para  Jorge Bichuetti e seu post sobre ritornelo.


A máquina de gorjear
 Paul Klee

 As quatro estações - Outono - Vivaldi
Lara St John e Orquestra Simón Bolivar


Outono portenho
Astor Piazzolla



O ritornelo tem os três
aspectos, e os torna simultâneos ou os mistura: ora, ora, ora. Ora o caos é um imenso buraco negro, e nos esforçamos para fixar nele um ponto frágil como centro. Ora organizamos em torno do ponto uma "pose" (mais do que uma forma) calma e estável: o buraco negro tornou-se um em-casa. Ora enxertamos uma escapada nessa pose, para fora do buraco negro."
Deleuze e Guattari - Mil Platôs - Vol. 4 - Acerca do ritornelo

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Nós, os civilizados

Na madrugada passada, assisti Um filme  falado, de Manoel de Oliveira. Lindo filme que coloca questões muito importantes para o pensar e agir diferente.
O filme conta uma viagem, em um navio, de gente civilizada que se entende em várias línguas, que acolhe as diferenças dos socialmente semelhantes, que valoriza as experiências das subjetividades.  E o navio prossegue nessa viagem de gente bonita e boa conhecendo lugares marcantes da história.  
Ao passar pelo Egito, uma bomba é instalada no navio. A maioria dos navegantes consegue escapar, mas não  todos. Explode com o navio exatamente os mais inocentes e capazes de compreender e acolher a radical diferença dos povos e culturas, alguns daqueles com  potencial para construir uma lingua universal. 
O filme dá um recado muito sério: a engenharia do laço social tem que ser muito mais ampla do que a democracia ocidental tem sido capaz de engendrar. Não basta acolher os mais ou menos semelhantes. É preciso construir laços com as radicais diferenças. Quem não é ouvido, pode a qualquer momento soltar uma bomba para se fazer ouvir.


domingo, 10 de outubro de 2010

Popper, Heráclito e o mundo

Após uma longa e divertida caminhada debaixo de chuva, estou lendo de Karl Popper,  Em busca de um mundo melhor. Leio porque é bibliografia de um curso. Mas é chato, como é chato esse mundo melhor do Popper.  Para começar, ele divide o mundo em  três mundos. Inevitável lembrar do Heráclito: " Para os que estão alerta, só existe um mundo.". 
Chove chuva, chove sem parar. Úmido o mundo. Estou só e uma multidão me atravessa e aquece. Não há mundo melhor.

TOURO

O touro é doce, terno. E é forte.  Um dos sentidos da sua força simbólica é matar o mesquinho no homem (e na mulher).  Não é bomba atômica que sai do touro, é a fumaça do fogo liberador. Fogo que habita o corpo e supera o medo de viver e amar.

PARTIR, EVADIR-SE, TRAÇAR UMA LINHA

Quase tudo em mim está vulnerável. Andei enterrando amores (Teseu e companhia) e valores (amor romântico e companhia). Sinto grande cansaço, na cabeça e no coração. Mas há algo em mim que está forte como nunca: as pernas. O dedão do pé aponta:  a porta. Dançar, percorrer, pesquisar:  os labirintos. Renascer: o touro.


sábado, 9 de outubro de 2010

Diálogo com Jorge Bichuetti sobre amor e santos

Obrigada por vir aqui neste cantinho do ciberespaço, querido Jorge.

Não falo de santos de gesso ou santos de altares. E também não falo de santos como guias morais. O que me interessa no santos, santos de carne e osso, é a experiência do SENTIMENTO DA GRAÇA. Há santos da igreja que exprimem esse estado, assim como, fora da igreja, certos artistas, filósofos e revolucionários. Gosto dessa maluquice de santos, artistas, filósofos e revolucionários que buscam o além da utilidade (o tal do "não serve pra nada"...).

AMOR SUPREMO. Como disse Nietzsche, "quem ama, não quer amor, quer mais".

Mas não congelemos as palavras e os sentimentos. A vida é um permanente jogo e, no jogo, a gente pode mudar de posição. E muda. Amanhã, outro dia. E espero que a chuva pare um pouco amanhã para eu poder sair deste quarto e viajar. Mas, se não parar, viajarei em torno do meu quarto.
beijo
Marta

LOVE

Ao Jorge Bichuetti que, ontem, 8 de outubro, me sugeriu  escrever sobre amor. E eu lhe escrevi sobre santos.

Che Guevara

Antonin Artaud


 

AMERICAN POETS READING - II


Ts'ai Chi'h
Ezra Pound

The petals fall in the fountain,
the orange-coloured rose-leaves,
Their ochre clings to the stone.



sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A BELEZA QUE NÃO ME INTERESSA

Ando com dificuldade pelas ruas pois a paisagem é tomada por uma beleza padronizada pela publicidade, cinema, TV e quase tudo que é comunicação de massa.  Por mais que pessoas procurem ser diferentes através do uso roupas, sapatos e assessórios exóticos, o que sinto é o espírito de rebanho, ou melhor, CORPO DE REBANHO.  

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Poemeto de amor desequilibrado

Pensa que é O TAO
Você ZEN.
Eu NEM.  
Nós NADA. 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Knowledge society? Or society of ignorance?

We who love the aluminum without to know of toxic red mud

RAZÕES PARA NÃO VOTAR NO SERRA, DE JEITO NENHUM

Estes dois vídeos servem para a gente não esquecer certas coisas. No primeiro, Ciro Gomes lembra o desastre que foi o governo Fernando Henrique, com Serra, ministro do Planejamento, gestando a "privataria". No segundo, a gente pode ver como os tucanos e os grandes meios de comunicação erraram na avaliação da crise. Mais do que erraram, eles apostaram na crise, torceram por ela... Enquanto isso, o governo Lula teve a habilidade de traçar um caminho para não mergulhar na crise, e isso deu certo. Não estamos no melhor dos mundos, mas o Brasil, com Lula, evitou o tsunami. A tucanagem gozou à beça de Lula ter falado em "marolinha". Mas foi mesmo marolinha perto do que seria se os tucanos estivessem conduzindo a política econômica do país. Tucano só pensa naquilo: cortar gastos. Serra diz que fez isso e aquilo em São Paulo como prefeito e governador, mas eu moro em São Paulo e não vejo nada disso que ele diz que fez. O que vejo é o Estado e a cidade se deteriorarem na gerência demo-tucana.








segunda-feira, 4 de outubro de 2010

MARINA MORENA E O VERDE E O VERMELHO QUE NOS FASCINAM



"(...) uma preocupação ronda os meus pensamentos. E preocupado, eu canto: Marina , morena, bonita... Teu verde é belo Marina; eu creio na sustentabilidade, na conexão economia-ecologia, nas novas práticas políticas...

Não deixei de vibrar com o seu sucesso, merecido e louvável. O povo das florestas cantou em festa...

Só uma preocupação me perturba o sono: Alias, menina, com quem pode e sonho com o verde que te fascina...

Não pinta este rosto que é das matas e não se seduza pelas sereias que cantam no neoliberalismo tucano que almeja o entreguismo, a devastação, o poluído da política que você conheceu e combateu, como valente guerreira.

Sem culpas ou ressentimentos: a hora é de união,na utopia de uma plataforma de idéias e ideais, que comporá o verde-vermelho e vermelho verde, num convite a um projeto de vida onde caibam todas as cores.

Na rua, um homem dorme semi-nú esperando um prato de pão...

Na esquina, uma criança, chora , paranóica, sob efeito dos delírios infernais do crack...

Um velho debaixo da ponte, uma mulher limpando os hematomas das agressões sofridas...

Uma árvore caindo sob a inclemência de um machado assasssino...

São tantas dores... Unamo-nos e construamos juntos um novo Brasil."


Trecho do texto de Jorge Bichuetti:  Diário de bordo: esquidiário.  

LE MONDE PUBLICA REVISTA ESPECIAL SOBRE BRASIL

Devenu, au côté de la Chine et de l’Inde, une nation émergente qui réclame de participer aux grandes décisions planétaires, Le Brésil de Luiz Inacio Lula da Silva, dont un entretien ouvre ce hors-série, deviendra, d’après son président, une grande puissance économique au cours de ce siècle.

Outubro de 1930: revolução liderada por Getúlio. Outubro de 2010: aceleração da democracia liderada por Lula e Dilma


domingo, 3 de outubro de 2010

Meu voto e os tenebrosos ãos tucanos

Já sabemos, haverá segundo turno para presidência e governador de São Paulo. Vou de Dilma e Mercadante. Só quero saber em quem a "santinha" da Marina vai botar seu cacife de quase 20 milhões de votos. Como os ressentimentos dela devem ser mais fortes do que a razão (desconfio que seja assim, pois ressentimento é o bicho mais bravo desse mundo), ela deve ir de Serra, dizendo "sou neutra". Neutra, ein? Não tem ninguém neutro nessa história. O pau vai rolar. E vou botar a minha colher nesse pau.

Se tem uma coisa que eu nunca mais gostaria de ver é tucano governando o Brasil. Tucano no governo = desempregação, privatização, entregação, elitização, americanização e outros tenebrosos ãos. Ou você é daqueles que acha que mensalão é coisa do PT? A mídia diz que sim, mas é preciso ir fundo e reconhecer: poder no Brasil e no mundo tem mensalão à beça, e tambem semanão, diarião etc. Por isso, o x da questão não é mensalão e sim inclusão da diferença. Que me perdoem os moralistas, mas a política é assim. E o povão é mais sábio do que os sabidos e lidos. Come o mingau pelas bordas.

Neste outubro, 80 anos da Revolução de 30. Populismo? Nacionalismo? Não fosse isso, ainda estaríamos plantando café. Não teríamos CLT. Não teríamos patrimônio histórico. Não teríamos classe média. Não teríamos indústria. E teríamos a elite paulista mandando no Brasil, seguindo a cartilha política da escravidão disfarçada. Temos hoje servidão? Temos. Mas, não se pode negar que o estatuto social melhorou. Precisa melhorar mais, muito mais. Por isso: em outubro de 2010, uma nova revolução. Agora, muito mais democrática e popular. Dilma na presidência!

sábado, 2 de outubro de 2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

AMERICAN POETS READING - I


The Marriage
Mark Strand
The wind comes from opposite poles,
traveling slowly.

She turns in the deep air.
He walks in the clouds.

She readies herself,
shakes out her hair,

makes up her eyes,
smiles.

The sun warms her teeth,
the tip of her tongue moistens them.

He brushes the dust from his suit
and straightens his tie.

He smokes.
Soon they will meet.

The wind carries them closer.
They wave.

Closer, closer.
They embrace.

She is making a bed.
He is pulling off his pants.

They marry
and have a child.

The wind carries them off
in different directions.

The wind is strong, he thinks
as he straightens his tie.

I like this wind, she says
as she puts on her dress.

The wind unfolds.
The wind is everything to them.