segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Futuro









"Ao longe, ao longe, olhos meus! Quantos mares ao meu redor, quanto futuro humano na aurora! E por cima de mim... que silêncio risonho. Que silêncio sem nuvens." 
Friedrich Nietzsche - Assim falou Zaratustra - trechinho de O sacrifício do mel

domingo, 24 de outubro de 2010

Guattari no Utopia Ativa

Maria Rita Khel e Antonio Lancetti entrevistam Félix Guattari
"É isso, é a própria noção de progressismo que é preciso colocar em questão, este mito da dialética hegeliana, da dialética marxista, de pensar que quanto mais a história avança, mais as máquinas técnicas e científicas se desenvolvem, e que teremos um horizonte resplandecente diante de nós. Nós temos também um horizonte de fascismo planetário, um horizonte de explosão demográfica, de degradação total do planeta no plano ecológico, e esta é também a "finalidade da história". Tudo é possível neste plano, e daí o caráter completamente angustiante, dramático, da situação, mas também o seu caráter exaltante, porque as práticas sociais, a criatividade, a inventividade. em quaisquer domínios, colocam ao nosso alcance o futuro da humanidade, e também da biosfera, a sobrevivência do planeta etc.".
Félix Guattari

A entrevista realizada no Brasil em 1990 (mas muito atual a abordagem)  está publicada na íntegra no Utopia Ativa

Gandaia spinoziana

Sim, spinoziana. O que é que tem? A razão é rica e minha cabeça gosta. Mas saiba, a qualquer hora posso cair de boca na mais absurda gandaia. Sem nenhuma razão e com todo o desejo da boca. Boca, dedos, joelhos, pés, nariz, cotovelo... Corpo inteiro. Vem comigo, vem? Aprendi com Spinoza, além da razão, a intuição: vamos à gandaia explorar tesouros. 

Oceanos

Andei em busca de oceanos para te enterrar.
No Pacifício não quis porque é muito griz.
No Atlântico exitei o verde querer-te verde.
No Mar Vermelho te afundei e reinventei o azul.

Almoço de domingo

Bebi um marquês e tracei um japonês.

Santa Adélia Prado

Objeto de amor
Adélia Prado

De tal ordem é e tão precioso
o que devo dizer-lhes
que não posso guardá-lo
sem a sensação de um roubo:
cu é lindo!
Fazei o que puderdes com esta dádiva.
Quanto a mim dou graças
pelo que agora sei
e, mais que perdôo, eu amo.


Frida


Hoje acordei com o gosto do rosto da Frida Khalo.

Brasa




Beijai-me agora, e muito, e outra vez mais,
Dai-me um de vossos beijos saborosos,
E depois, dai-me um desses amororos,
E eu pagarei com brasa o que me dais.


Louise Labé

O chamado de Rilke


"O amor antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. Que sentido teria com efeito, a união com algo não esclarecido, inacabado, dependente? O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo em si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de outro ser; é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz, uma escolha e um chamado para o longe. "
Rainer Maria Rilke

Gramaticamente

Está carente?
Está doente?
Sem adjetivos, minha gente,
Só adverbios.
Vive somente,
Perigosamente,
Intensamente.
 Só sente.


Sonhar

Si vous êtes pris dans le rêve de l’autre,’ Gilles Deleuze wrote, ‘vous êtes foutu´.

Sonhar é surrealismo.
Dormir é dar
da
da
dada
Dormir é dadaismo.


É hora de ninar, Eurídice, hora de sonhar, sonhar com Orfeo

Avec le mot, le maître

Gilles Deleuze - Aula em Vincennes

O ROSTO


"Quando Deleuze fabrica o conceito de Rosto quer se referir também ao que ele denomina de processo de subjetivação. Trata-se de um gigantesco projeto que constrói signos, códigos, territórios e que depois se encarrega de transferi-los e gravá-los nos homens, de modo que aos poucos cada homem vai ganhando um Rosto. Logo de início, é importante dizer que a produção social do Rosto não significa individualizar cada rosto concreto em particular, ou seja, produzir o Rosto concreto de João, Maria, José, etc. Ao contrário, segundo Deleuze os rostos concretos individuados se produzem e se transformam numa grande unidade comum, construído através das codificações que a cultura produz, até desembocar no grande Rosto. Assim, ao invés de construirmos um rosto próprio somos metidos e gravados em um Rosto produzido culturalmente: “Introduzimo-nos em um rosto mais do que possuímos um” (DELEUZE). Em outras palavras, isso significa que se não formos capazes de construirmos um projeto ou modo de existência próprio, a cultura sempre se encarregará de nos vender uma forma pronta e, ao comprarmos, pagamos caro por isso. "  Jorge Luiz Viesenteiner - Resistência e reinvenção: o estatuto da ética em Deleuze.



Madrigal

Passa da meia noite
Dualidão com Deleuze
Eu lendo ele me dobrando

Meio dia em ponto - poema para o professor morto

Tá lá o corpo
Tá lá o corpo estendido
Tá lá o corpo estendido no chão

Era meio dia
Meio dia em ponto
Terminou a aula
Deu a lição
Tantas bocas
Nenhuma mão a acolher o corpo

Pulou
do 12º andar o corpo
Será um pássaro?
Será um avião?
Apenas o corpo

Dobrado
Desdobrado
Redobrado 
No vão

Tá lá o corpo
Estendido o corpo
Muitas mãos a colher o corpo
No chão

Não é mais meio dia
A vida passa
A hora é breve
Fossem cinco para meio dia
Minha mão na sua mão
Corpo com corpo



sábado, 23 de outubro de 2010

Amor profano

Não sacralize o amor.
Amor por qualquer um.
Amor por qualquer coisa.
Amor pela vida
Amor pelo amor.

Ó, o amor

O amor deixa a gente forte
O amor deixa a gente fraca
Ó , o amor.
Não tem ponto, não tem virgula
Não tem regra
Ó, o amor.

Canto de Vida

"A loucura nos desnuda e nos tira este manto de sacristia que herdamos de alguma procissão barroca; nos dá asas e nossos vôos , então, nos coloca entre deuses e estrelas e para Terra voltamos, bricolados pelos corpos da imensidão...

Ela é rua... lua... crua...

Vida intensidade e potência de ser entre a magia da poesia e os tambores do terreiro... Entre a ternura da flor e o canto... Canto de vida, de passarinho...

Viva a Loucura!

Amém."

Jorge Bichuetti


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SEXO DRUMOND CARRACCI


Para o Sexo a Expirar

Para o sexo a expirar eu me volto, expirante,
raiz de minha vida, em ti me enredo e afundo.
Amor, amor, amor — o braseiro radiante
que me dá, pelo orgasmo, a explicação do mundo.

Pobre carne senil, vibrando insatisfeita,
a minha se rebela ante a morte anunciada.
Quero sempre invadir essa vereda estreita
onde o gozo maior me propicia a amada.

Amanhã, nunca mais. Hoje mesmo quem sabe?
enregela-se o nervo, esvai-se-me o prazer
antes que, deliciosa, a exploração acabe.



Pois que o espasmo coroe o instante do meu termo,
e assim possa eu partir, em plenitude o ser,
de sémen aljofrando o irreparável ermo.


Carlos Drummond de Andrade, O Amor Natural'


Gravuras Agostino Carracci


Uma oração


Jorge Luis Borges


Minha boca pronunciou e pronunciará, milhares de vezes e nos dois idiomas que me são íntimos, o pai-nosso, mas só em parte o entendo. Hoje de manhã, dia primeiro de julho de 1969, quero tentar uma oração que seja pessoal, não herdada. Sei que se trata de uma tarefa que exige uma sinceridade mais que humana. É evidente, em primeiro lugar, que me está vedado pedir. Pedir que não anoiteçam meus olhos seria loucura; sei de milhares de pessoas que vêem e que não são particularmente felizes, justas ou sábias. O processo do tempo é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir que já se tenha rompido. Ninguém merece tal milagre. Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados; o perdão é um ato alheio e só eu posso salvar-me. O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não afeta. A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou. Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou entrevejo. Quero ser lembrado menos como poeta que como amigo; que alguém repita uma cadência de Dunbar ou de Frost ou do homem que viu à meia-noite a árvore que sangra, a Cruz, e pense que pela primeira vez a ouviu de meus lábios. O restante não me importa; espero que o esquecimento não demore. Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão revelados.

Quero morrer completamente; quero morrer com este companheiro, meu corpo.

LORCA



Arbolé arbolé seco y verdé

Arbolé arbolé
seco y verdé

La niña de bello rostro
está cogiendo aceituna.
El viento, galán de torres,
la prende por la cintura.
Pasaron cuatro jinetes,
sobre jacas andaluzas,
con trajes de azul y verde,
con largas capas oscuras.
"Vente a Granada, muchacha."
La niña no los escucha.
Pasaron tres torerillos
delgaditos de cintura,
con trajes color naranja
y espada de plata antigua.
"Vente a Sevilla, muchacha."
La niña no los escucha.
Cuando la tarde se puso
morada, con luz difusa,
pasó un joven que llevaba
rosas y mirtos de luna.
"Vente a Granada, muchacha."
Y la niña no lo escucha.
La niña del bello rostro
sigue cogiendo aceituna,
con el brazo gris del viento
ceñido por la cintura.

Arbolé arbolé
seco y verdé.

Federico Garcia Lorca - Canciones

LOCOS

Para Jorge Bichuetti
esta ternura de locos que hay en mí
loco corpo sem órgãos


Viva! ¡Viva! ¡Viva!
Loca el y loca yo...
¡Locos! ¡Locos! ¡Locos!
¡Loca el y loca yo

DESEJO

"Le DESIR... Il y a un désir qui vibre en moi, et je cherche depuis longtemps l'endroit précis où ça tremble... C'est peut-être cette onde qui est la source de ma dance."


ARIADNE

"Ariadne sente que Dioníso se aproxima. Ele é o Leve, o que não se reconhece no homem. Sabe fazer aquilo que o homem superior não sabe: rir, brincar, dançar, isto é, afirmar. Por isso ele está além-do-homem, além do herói, em outra coisa que não é o homem.

Ariadne se alivia com Dioníso, descarregada. A alma torna-se ativa, ao mesmo tempo que o Espírito revela a verdadeira natureza da afirmação. Transmutação de Ariadne diante da aproximação de Dioníso: sendo Ariadne a alma que agora corresponde ao Espírito que diz sim.

Por que Dioníso tem necessidade de Ariadne, ou de ser amado? É que Dioníso é o deus da afirmação; é necessária uma segunda afirmação para que a própria afirmação seja afirmada. Dioníso é a afirmação do Ser, mas Ariadne é a afirmação da afirmação, a segunda afirmação ou o devir-ativo. Para Ariadne, passar de Teseu a Dioníso é uma questão de saúde e de cura. Dioníso precisa de Ariadne. Dioníso é a afirmação pura; Ariadne é a alma, a afirmação redobrada, o sim que responde ao sim. É bem nesse sentido que o Eterno Retorno é o produto da união entre Dioníso e Ariadne. Ser do devir, o Eterno Retorno é o produto de uma dupla afirmação que faz retornar o que se afirma e só faz devir o que é ativo. Nem as forças reativas nem a vontade de negar retornarão porque são eliminadas pela transmutação, pelo Eterno Retorno que seleciona.

Ariadne esqueceu Teseu, que já não é nem sequer uma má recordação. Teseu jamais retornará. O labirinto já não é o caminho no qual nos perdemos, porém o caminho que retorna. O labirinto já não é o do conhecimento e da moral, e sim o da vida e do Ser como vivente."

Gilles Deleuze - O mistério de Ariadne segundo Nietzsche


Baco e Ariadne  1523  Tizian

Ariadne em Naxos  1820  John Vanderlyn

"Eu, Ariadne,
 caminho no que teço,
no que vomito
 da náusea de fiar
os novelos exatos."
Labirinto - Myriam Fraga

Baco e Ariadne 1821 Antoine Joan
Ariadne em Naxos 1877 Evelin de Morgan

“Te atravesso com a espada
 de meus gritos,
tua solidão é minha
como os mitos
com que teço esta rede
armadilha de seda,
projeto para o sono
 deste monstro que habita
os labirintos.”
Labirinto - Myriam Fraga



Ariadne Venus e Baco  1576 Tintoreto

Abaixo, trecho da ópera Ariadne auf Naxos de Richard Strauss pela fantástica Anna Tomowa

 

O labirinto


"Este é o labirinto de Creta. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro, que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações como Maria Kodama e eu nos perdemos. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro, que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações como Maria Kodama e eu nos perdemos naquela manhã e continuamos perdidos no tempo, esse outro labirinto." Jorge Luis Borges


MINOPAUTA
Myriam Fraga

Não te mires no espelho
Côncavo das virtudes.

Esquece o labirinto.

Não cogites,
Devora.


MINOGRAM

Don’t look
In the concave mirror
Of virtue.

Forget the labyrinth.

Don’t think,
Devour.


O SAGRADO DIZER SIM

AMOR FATI
Friedrich Nietzsche  The Three Metamorphoses 2005 Werner Horvath

Friedrich Nietzsche

"Não querer nada de diferente do que é, nem no futuro, nem no passado, nem por toda a eternidade. Não só suportar o que é necessário, mas amá-lo".

"Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: - assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas.


"Amor fati (amor ao destino): seja este, doravante, o meu amor." Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores. Que minha única negação seja ‘desviar o olhar’! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia apenas alguém que diz sim."

ENCONTROS : DOBRAS DAS ALMAS

THIAGO CALÇADO disse...


Olá Marta. Fico feliz que tenha gostado da minha dissertação. Que bom que alguém se agradou dela. Estou empenhado agora em iniciar meu doutorado em filosofia: o tema será O CORPO COMO PALCO DA TRAGÉDIA EM NIETZSCHE E NELSON RODRIGUES. Vi que você também gosta de teatro. espero podermos nos conhecer para discutirmos o assunto. A diferença é a mãe da humanidade! Salve!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

VOAR

ando presa ao chão
pátria-solo és
mãe gentil vou
voar Brasil

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mais uma vez Chico na melhor Banda do Brasil




Corrupção e dilapidação

Quem fica dizendo ou escrevendo que o mensalão é o maior escandâlo de corrupção da história do Brasil não entende nada de corrupção e nem de história do Brasil.  Muito maior do que mensalão ou qualquer outro escandâlo que vive a povoar os jornais brasileiros (cada vez menos lidos!) foi o processo de privatização da Telebras e de outros patrimônios públicos brasileiros. O mensalão é uma  pulguinha no enorme celeiro que é o Estado brasileiro.

E tem mais, é preciso pensar um pouco melhor antes de dizer a palavra corrupção pois debaixo de legalidade, inclusive, se pode fazer os mais graves atos de corrupção.  Exemplo disso são os orçamentos públicos. São leis que muitas vezes possibilitam corrupções das mais danosas, como privilegiar investimentos públicos para atender fortíssímos lobbies empresariais, dilapidando a poupança pública que deveria ser investida em educação, saúde, cultura, ciência e tecnologia, habitação, infraestrutura econômica e social  etc.  Outro exemplo:  uma simples reunião do Copon/BC (sob o comando "discreto" da banca financista, anti-produção e anti-emprego), numa só penada, eleva os  juros da economia brasileira com repercussões muito  graves , prejudicando em alto grau as finanças públicas, o empreendedorismo, as pequenas e médias empresas e muito mais.

 Vale dar uma olhada  nessas matérias que sairam na blogosfera nos últimos dias em que a gente fica pensando um pouco mais seriamente o que significa  corrupção, a grande. Não tenho motivo para defender nenhum tipo de corrupção, não ganho nada com corrupção, nem pequena nem grande, pois não pratico nenhuma delas e não concordo que se pratique. Mas, é preciso ter cabeça pensante para não cair no engodo midiático e dos espíritos de rebanho que vivem a bradar besteiras.

- Paulo Amorin : Como Serra e FHC impediram a Petrobrás de entrar em São Paulo
- Hildegard Angel: Denúncia gravíssima de reunião, ontem, de FHC com investidores estrangeiros interessados em privatizações

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Marilena Chauí: o que é uma democracia? qual a importância do governo Lula para a democracia brasileira? qual a ameaça que Serra representa para a democracia?



Veja também os outros depoimentos sobre Dilma em vídeos vinculados a esse: Fernando Morais, Alceu Valença, Chico César, Beth Carvalho, Antônio Pitanga , Fábio e Lucy Barreto.

Crime eleitoral dos mais sérios

QUEM PAGA OS PANFLETOS DO BISPO BERGONZINI CONTRA DILMA?


Dois milhões e 100 mil panfletos contra Dilma Rousseff, com falsa chancela da CNBB, estavam sendo rodados em uma gráfica em SP, descoberta pelo PT. Os responsáveis pela Pana Editora e Gráfica afirmam que o material --apenas um lote de um total de 20 milhões de panfletos que estão sendo rodados em SP com o mesmo conteúdo-- foi encomendado pelo bispo Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, da diocese de Guarulhos-SP. Perguntas que precisam ser respondidas: 1- Desde quando o bispo de Guarulhos tem dinheiro para imprimir 20 milhões de panfletos apócrifos? 2-Quem paga as gráficas? 3- De onde veio o dinheiro? 4- Em que conta da diocese ele foi depositado? 5-Quem orientou o texto a falsear a chancela da CNBB? 6-Dom Bergonzini conhece 'Paulo Preto', o homem acusado de sumir com R$ 4 milhões do caixa 2 da campanha de Serra -- que guarda segredos com força suficiente para obrigarem Serra a tratá-lo, alternadamente, num dia como 'factóide' e no outro, como 'competente e inocente' -- tudo isso num hiato de apenas 12 horas depois que Paulo Preto ameaçou Serra na Folha dizendo:' não se abandona um líder ferido na estrada; não cometam esse erro'. 7- Quem, afinal, está abastecendo o caixa da diocese de Guarulhos para transformá-la num bunker eleitoral anti-Dilma? Com a palavra, a operosa Polícia Federal de SP e a não menos operosa vice-procuradora do TSE, Sandra Cureaunull

Postado por Saul Leblon às 16:53

Fonte: Carta Maior

"Lancem a campanha contra o aborto bem no meio da campanha". Eles são profissionais. Fazem isso há dois mil anos!

Grande Bernardo Kucinski

Os envergonhados e os desavergonhados


Todas essas amigas minhas, da Vila Madalena, de Pinheiros, da USP, mulheres esclarecidas, emancipadas, que votaram na Marina apesar de evangélica e anti-aborto, agora descobriram que todo o seu estado maior é formado por tucanos. Ou ainda não descobriram? A vocês todas eu digo: não se trata agora de derrotar o Serra ou o neoliberalismo. Tudo isso é transitório, efêmero. Trata-se de derrotar a grande conspiração obscurantista. Trata-se da luta milenar da razão contra a superstição, da tolerância contra o fanatismo, da modernidade contra o atraso. O artigo é de Bernardo Kucinski.

Bernardo Kucinski

Rompo meu silêncio de três anos na Carta Maior por causa da minha mulher. Ela perguntou: você não vai fazer nada? Não vai participar da campanha? Eu não sou mais jornalista, respondi, sou ficcionista; não quero mais saber de política, chega, cinqüenta anos sendo usado, agora chega. Ela acabara de ler a história do bispo que mandou imprimir dois milhões de folhetos contra a Dilma. Eu lembrei ter dito a ela que a Igreja Católica estava traindo, já naquele dia em que soltaram o manifesto acusando Lula da fascista, com a assinatura do Dom Paulo. O pobre homem em estado avançado de Alzheimer, e arrancam dele essa assinatura.

A Igreja não está traindo, está fazendo o que sempre fez, ela respondeu. Nós acabávamos de voltar de uma viagem à Cartagena, na Colômbia, onde visitamos o museu da Inquisição. Os instrumentos de tortura ali exibidos, de fazer o DOI-CODI sentir vergonha, ficaram gravados fundo na nossa imaginação.

Está traindo sim, eu falei, está traindo em primeiro lugar porque usou um método traiçoeiro, o método das mentiras, da difamação, em segundo lugar porque está usando o dinheiro que arranca dos pobres para combater o governo dos pobres, e em terceiro lugar porque está usando uma eleição universal, republicana, para emplacar um dogma religioso, dogma dos mais nefastos, que só prejudica as mulheres pobres.

Um Papa decidiu lá em Roma que o aborto é a linha divisória entre uma sociedade moderna, laica, regida pelo saber científico, e a sociedade atrasada, na qual os padres mandam na vida das pessoas e a Igreja por isso mantém seu poder. E veio a ordem, lancem a campanha contra o aborto bem no meio da campanha eleitoral. Eles são profissionais. Fazem isso há dois mil anos, desavergonhados, Os evangélicos, amadores, entraram de carona.

Agora vou falar dos envergonhados, esses que passaram oito anos disseminando mentiras sobre a transposição do São Francisco, acusando Lula de só beneficiar o agronegócio, demonizando as novas hidroelétricas, tumultuando audiências públicas em nome de índios e caboclos desprovidos de luz elétrica, obstruindo a construção de pontes e estradas que integrariam o continente, combatendo os transgênicos em nome de uma visão pré-darwiniana da natureza, esses que se condoem com gatinhos e pererecas, mas não com os meninos de rua ou os moradores de palafitas. Esses, que agora estão lançando manifestos dizendo envergonhadamente para votar contra o Serra. Por que não dizem bem alto votem na Dilma?

E também essas todas, amigas minhas, da Vila Madalena, de Pinheiros, da USP, mulheres esclarecidas, emancipadas, que votaram na Marina apesar de evangélica e anti-aborto e agora descobriram que todo o seu estado maior é formado por tucanos. Ou ainda não descobriram? A vocês todas eu digo: não se trata agora de derrotar o Serra ou o neoliberalismo. Tudo isso é transitório, efêmero. Trata-se de derrotar a grande conspiração obscurantista. Trata-se da luta milenar da razão contra a superstição, da tolerância contra o fanatismo, da modernidade contra o atraso.

(*) Bernardo Kucinski é jornalista, autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000)

Fonte: Carta Maior

E agora José Serra?

Monica Serra, esposa do candidato Serra,  fez aborto, é o borogodó da imprensa brasileira hoje.  Amanhã poderá ser que filha faz lobby.  É por isso que eu digo, minha gente, a moral não é o X da questão eleitoral. O que está em jogo é muito maior: é o destino e o futuro do país e do povo brasileiro. Queremos voltar a ter 20% do desemprego e miséria crescente? Ou queremos desenvolvimento para gerar empregos e oportunidades de trabalho e renda? Queremos universidades sucateadas? Ou queremos criação de novas universidades? É por aí e muito mais...

Sobre universidades, se o meu depoimento vale, vai aí: estudo na UFABC, uma das 25 universidades federais criadas pelo governo de Lula.  É uma baita universidade, interdisciplinar, 4.500 estudantes na graduação, 300 na pós graduação, 400 professores doutores.  A grande  imprensa não fala desses avanços e outros do governo Lula. Pelo contrário, a revista Veja , por exemplo, fez uma matéria difamando e mentindo sobre a UFABC. Mentindo descaradamente!

O governo Lula não é perfeito. Será que é possível governo perfeito?  Mas tirou o Brasil do atoleiro em que foi colocado pelos governos FHC, ajudou decisivamente a América do Sul  a superar aquelas porcarias de Consenso de Washigton e de Alca, melhorou a distribuição de renda no país, criou clima econômico favorável que gerou um bocado de empregos, recuperou um pouco o salário mínimo, está fazendo milhares de obras importantissímas de infraestrutura em todo o território brasileiro, expandiu as relações internacionais do Brasil, deu um baile na crise internacional, e assim possibilitou aumentar significativamente a autoestima do povo brasileiro.  É nisso que temos que apostar.  E a Dilma é melhor do que o Lula em vários aspectos, apesar de não ter a mesma desenvoltura. Ela gagueja nos debates? Ok. Isso não é problema.  Quem não gaguejaria diante da empafia do Serra?   Eu tremeria de medo. Fui aluna dele e sentia pavor quando ele entrava na sala de aula, pois ele era antipático,  prepotente e desprezava os alunos.

 O rosto não é o que mais importa. O que vale mesmo é ter uma cabeça pensante. Mas, em ambos aspectos, rosto e cabeça pensante, a Dilma é melhor, não há dúvida. O rosto dela me diz algo importante: ela se transformou bastante nos últimos tempos, não é só uma questão de maquiagem e marketing. É uma questão do olhar. Ela passou e superou um câncer em meio a uma campanha eleitoral. Isso não é qualquer coisa, certamente foi um processo de aprendizado muito forte sobre a vida e o que vale nessa vida.  Mas o mais importante é que Dilma é uma cabeça pensante. Ela pensa os problemas do Brasil com seriedade.  Sempre pensou. Não pensava em ser presidente. Isso foi um acaso. Já o Serra, o Serra só pensa naquilo: no poder.  

Professores denunciam Serra e defendem educação pública


Fotos: cenas da invasão da USP pela polícia paulista
que agiu com atos de forte vandalismo por causa de uma greve!

(clique sobre o título para ver quem já assinou o manifesto e para aderir)


Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.

Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.

Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.

Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.

Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.

No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina a difamação, manipulando dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.

Alguns dos mais de 3 mil professores
que assinaram o manifesto:

Antonio Candido 

Alfredo Bosi
 Ivana Bentes
 Ladislaw Dowbor
 Marilena Chauí
 Otávio Velho
 Peter Pal Pielbart
 Scarlet Marton
  

Reiventar a vida

Lamentos de uma amiga
Perdi o carro.
Não tenho como levar o filho à escola.
A vida está difícil.
E para completar, não tenho um amor.

Modestas sugestões da amiga que ouve
Anda à pé, de ônibus, metrô,
Assim conhecerá melhor a cidade em que mora.

Coloca o filho na escola do seu quarteirão,
A melhor escola é a mais perto da nossa casa.

A vida sempre foi difícil,
Agora está mais complexa.
Nessa complexidade há coisas boas,
Uma delas é que a gente pode se reiventar.

Quanto ao amor, não sei o que dizer,
Precariamente, arrisco uma sugestão:
AMA A SÍ PRÓPRIA E FICA EM PAZ COM A SOLIDÃO.
Assim aprenderá a amar o próximo.

E mais, não se sinta tão só,
Estamos todos os humanos enfrentando o desafio
DE NOS INVENTAR COLETIVAMENTE COMO ESPÉCIE.