domingo, 24 de outubro de 2010

O ROSTO


"Quando Deleuze fabrica o conceito de Rosto quer se referir também ao que ele denomina de processo de subjetivação. Trata-se de um gigantesco projeto que constrói signos, códigos, territórios e que depois se encarrega de transferi-los e gravá-los nos homens, de modo que aos poucos cada homem vai ganhando um Rosto. Logo de início, é importante dizer que a produção social do Rosto não significa individualizar cada rosto concreto em particular, ou seja, produzir o Rosto concreto de João, Maria, José, etc. Ao contrário, segundo Deleuze os rostos concretos individuados se produzem e se transformam numa grande unidade comum, construído através das codificações que a cultura produz, até desembocar no grande Rosto. Assim, ao invés de construirmos um rosto próprio somos metidos e gravados em um Rosto produzido culturalmente: “Introduzimo-nos em um rosto mais do que possuímos um” (DELEUZE). Em outras palavras, isso significa que se não formos capazes de construirmos um projeto ou modo de existência próprio, a cultura sempre se encarregará de nos vender uma forma pronta e, ao comprarmos, pagamos caro por isso. "  Jorge Luiz Viesenteiner - Resistência e reinvenção: o estatuto da ética em Deleuze.



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