sábado, 16 de outubro de 2010

Figuraça esse Gaiarsa que desobstruiu tantos caminhos e explodiu um bocado de preconceitos

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Adeus Gaiarsa. Você foi grande, inclusive para mim. Não só lí seus livros com gosto. Recebi também as graças do seu poder de curar: curar cabeças, colar cabeças no corpo, extrair medos, apagar rostos, curar respiração e angústias, soltar o tesão. E mais: comemos juntos chocolates.  Você adorava chocolates. E os comeu sem culpa. 90 anos de vida contra a culpa, a favor do prazer e da vida desembaraçada e livre.

"Estou muito em busca disso, das coisas que não aparecem e que estão mudando o mundo e que o nosso pensamento antigo não se dá conta".
 
"Quer prova mais absurda de que nós somos nós, e não eu? Imagine-me, coitado de mim, no meio da floresta amazônica, pelado. Não duro três dias. "

" Durante muitos anos, morria de inveja dos machões. Era difícil chegar perto das moças pra conversar, o que eles faziam bem. Isso foi até eu saber que eles não faziam nada. Os homens são extremamente monótonos na cama."

" A sexualidade não é muito diferente de antes. A mãe continua não tendo xoxota e as crianças não podem ter xoxota nem pinto. A sexualidade natural de bicho saudável é castrada."

 
"Ah, eu quero um trabalho". Oito horas por dia de escravidão para ganhar, com sorte, 600 ou 700 reais por mês. E você tem dois filhos e aluguel. Essa é a situação de quatro quintos da população."
 
Leia outras educativas, fortes, engraçadas, inteligentes e irreverentes opiniões do Gaiarsa aqui. Há também o site  Doutor Gaiarsa. Os livros dele são ótimos, alguns fundamentais. Gosto muito do Tratado Geral da Fofoca e também Amores Perfeitos. Ele foi extremamente estudioso e grande escritor, nos proporcionando uma obra mutísssimo relevante. Obra que deixou disponível na internet e você pode abaixar de graça. Isso sim é generosidade. Ao invés do direito autoral, Gaiarça acreditou no direito ao conhecimento livre.

Les voiles

J'aime les voiles. Je suis une femme soumisse? Je perturbe l´ordre sociale?

Femme orientale
Jean François Portaels

CUIDADO


Um querido escreveu sobre esse blog. Obrigada. Muito bonitas as suas palavras. Fiquei pensando numa palavra que está ali: CUIDADO. Esse blog inspira cuidados...! Fui no dicionário saber o que é cuidado. Não me identifiquei com nenhum verbete. Mas me lembrei do Deleuze falando sobre a elegia no seu Abcedário.  Aí sim, reconheci. Esse blog é uma elegia cheia de ais. A vida é grande demais para mim. Dói aqui , dói ali. A elegia é um  cuidado.

Elegia
Gilles Deleuze

" Sim, eu sempre gostei da elegia. Ela é uma das duas fontes da poesia, uma das principais fontes da poesia. É o grande lamento. Há uma grande história a ser feita sobre a elegia. Não sei se já foi feita, mas é muito interessante. Há o lamento do profeta. O profetismo é inseparável do lamento. O profeta é aquele que se lamenta e diz: “Mas por que fui escolhido por Deus? O que eu fiz para ser escolhido por Deus?” Neste sentido, ele é o contrário do padre. Ele se queixa do que acontece com ele. O que significa: “É grande demais para mim”. Eis o que é a queixa: “O que está acontecendo comigo é grande demais para mim”. Aceitando, pois, o lamento, o que nem sempre se vê, pois não é só “Ai, ai, que dor!”, mas também pode ser. Aquele que se queixa nem sempre sabe o que está querendo dizer. A velha senhora que se queixa de seu reumatismo está, na verdade, querendo dizer: “Que potência está se apoderando da minha perna e que é grande demais para que eu a suporte?” Se formos procurar na História, é muito interessante, pois a elegia é, antes de tudo, a fonte da poesia. É a única poesia latina. Na época, eu lia muito os grandes poetas latinos Catulo, Tibúrcio e outros. São poetas prodigiosos. O que é a elegia? Acho que é a expressão daquele que não tem mais um estatuto social, temporariamente ou não. É por isso que é interessante. Um pobre velho se queixa. Um homem nas galés se queixa. Não tem nada a ver com tristeza, é a reivindicação. Há uma coisa na queixa que é impressionante. Existe uma adoração na queixa, é como uma oração. Os queixumes populares, tudo... A queixa do profeta, a de um tema que você conhece bem, que é a queixa do hipocondríaco. O hipocondríaco é alguém que se lamenta. E as queixas do hipocondríaco são bonitas: “Por que tenho um fígado? Por que tenho um baço?” Não é o Ai, como dói!”, e sim “Por que tenho órgãos?” Por que isso, por que aquilo... O lamento é sublime! O queixume popular, o lamento do assassino, que é cantado pelo povo... São os excluídos sociais que estão em situação de lamento. Há um especialista húngaro chamado Tökel, que fez um estudo sobre a elegia chinesa no qual mostra que a elegia chinesa é, acima de tudo, animada por aquele que não tem mais estatuto social, um escravo livre. Um escravo ainda tem um estatuto, por mais desgraçado que seja. Pode ser infeliz e espancado, mas tem um estatuto social. Mas há períodos em que o escravo livre não tem estatuto social, ele está fora de tudo. Deve ter sido assim para a geração dos negros na América com a abolição da escravidão. Quando houve a abolição ou então na Rússia, não tinham previsto um estatuto social para eles e foram excluídos. Interpretam erroneamente como se eles quisessem voltar a ser escravos! Eles não tinham estatuto. É neste momento que nasce o grande lamento. Mas não é pela dor, é uma espécie de canto e é por isso que é uma fonte poética. Se eu não fosse filósofo e fosse mulher, eu gostaria de ter sido uma carpideira. A ideira é uma maravilha porque o lamento cresce. É toda uma arte! Além do mais, tem um lado pérfido: não se queixe por mim, não me toque. É um pouco como as pessoas demasiadamente polidas. Pessoas querendo ser cada vez mais polidas. Não me toque! Há uma espécie de... A queixa é a mesma coisa: “não tenha pena de mim, disso cuido eu”. Mas ao cuidar disso, a queixa se transforma. E voltamos à questão de algo ser grande demais para mim. A queixa é isto. Eu bem que gostaria de todas as manhãs sentir que o que vivo é grande demais para mim porque seria a alegria em seu estado mais puro. Mas deve-se ter a prudência de não exibi-la, pois há quem não goste de ver pessoas alegres. Deve-se escondê-la em um tipo de lamento. Mas este lamento não é só a alegria, também é uma inquietude louca. Efetuar uma potência, sim, mas a que preço? Será que posso morrer? Assim que se efetua uma potência, coisas simples como um pintor que aborda uma cor, surge esse temor. Ao pé da letra, afinal, acho que não estou fazendo Literatura quando digo que a forma como Van Gogh entrou na cor está mais ligada à sua loucura do que fazem supor as interpretações psicanalíticas, e que são as relações com a cor que também interferem. Alguma coisa pode se perder, é grande demais. Aí está o lamento: é grande demais para mim. Na felicidade ou na desgraça... Em geral, na desgraça. Mas isso é detalhe."

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Véus de Clérambault







Vou de véu
Vôo de véu

Novo mestre

Encontrei um escultor-mestre: Christian Renonciat

Brasil-Bolívia

Acerca-te de mim, pero non cerque-me, jamás.  

Dupla

Força da palavra
Forca da palavra

Poemetô

Ô Zerô

Adorô sumô
Adorô butô.
Adorô platô. 
Pelo Ô.
Pelo Zerô.




Dor e pensamento, doença e conhecimento


Sem procurar, achei esse trabalho na internet. Gostei,  tanto que procurei o autor e o encontrei em seu blog. Viva o ciberespaço!  Viva a diferença!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Resistência

O bom jogador é aquele que coloca a sua garra, a sua força,  até acabar o segundo tempo do jogo. Ganhar ou perder para ele não é o que mais importa. O que importa para o jogador lutador é a luta. E assim , pode vencer  no último segundo da partida. Todo jogador lutador sabe também que o jogo não acaba na partida. E que a vida é uma obra que dobra, desdobra, redobra.  Nunca é demais lembrar-se do sábio Heráclito: a guerra (guerra no sentido de jogo, o jogo da natureza, o jogo da vida) é o rei e o pai de todas as coisas.

A imoralidade do PSDB + DEM

Darci Ribeiro: "Essa gente quer vender, quer entregar o Brasil porque acha melhor. Essa gente usa o Brasil, usa a Nação, para alcançar os seus objetivos".

A campanha do Serra intimida a sociedade na medida em que transforma a campanha eleitoral a presidência no circo da moralidade.  Isso para esconder a questão que mais interessa: o destino do povo brasileiro, o destino do país.

Sugiro a leitura do lúcido artigo de Jorge Bichuetti "Não deixe a democracia ser abortada".

Leia também a Carta Maior dessa semana e confira o que é mesmo que está em jogo nas eleições brasileiras de 2010.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A razão científica não é produtora de mundo melhor

"Esse mundo é a vontade de potência –
e nada além disso!
E também vós próprios sois essa vontade de potência
– e nada além disso!”
Nietzsche.  Fragmento póstumo, 1885.

"A razão é apenas um conceito,
e um conceito bem pobre para definir o plano e os
movimentos infinitos que o percorrem."
Deleuze e Guattari - O que é a filosofia?

Fui um pouco injusta no juízo que fiz  do livro de Karl Popper, Em busca de um mundo melhor (ver post abaixo: Poopper, Heráclito e o mundo). O livro não é tão chato assim, fui me animando no avançar da leitura. Há belas passagens  e a leitura (das conferências) chega a ser prazeiroza. No entanto, a busca pela verdade como  mola mestra da ciência é o problema desse pensamento. Popper se aproxima de Henri Bergson em alguns temas, mas nem passa perto da grande questão colocada por Nietzsche: o que move  a ciência é a utilidade e não a verdade.
Mas foi interessante ler Popper, mesmo porque me remeteu à leitura de Kant e ao livro de Deleuze sobre Kant. E me despertou outros desejos: conhecer melhor o debate sobre as relações ente matemática e lógica, bem como conhecer as idéias de Cantor etc.. Portanto, valeu. Mesmo assim não teria paciência de fazer aqui uma espécie de resenha ou crítica do livro. Tenho outras vontades mais potentes.  Depois que me tornei leitora de Nietzsche e  Deleuze, tenho pouca paciência com filosofias de boas intenções como essas de melhorar o mundo através da busca pela verdade científica. 

Não sou contra a ciência, mas também não acho que ela  faça o mundo melhor. Lembro-me de uma conferência de Galbraith (economista americano) em que ele disse mais ou menos isso em torno de 1930: "não há mais razão para a fome, pois a produtividade  na agricultura (advinda de conhecimentos científicos e de técnicas) pode garantir alimento para todos os seres vivos". Mas o que vemos é que ainda, depois de 80 anos,  1 bilhão de pessoas passando fome no mundo.  Outra questão interessante foi colocada há anos atrás por um professor meu que indagava "por que gastar tanto dinheiro com a o sequenciamento do genoma, se a gente adoece e morre mais por contaminação bacteriológica e viral do que por doenças genéticas?". 

Há um bocado de razão e também de falta de razão na "verdade" da racionalidade científica, tão defendida por Popper, apesar de todas as críticas que ele faz  ao cientificismo.  O pensamento de Popper sobre ciência, conhecimento e ignorância  é expressão dos abalos das "verdades" da sociedade socrático-científica. Mesmo assim,  ele conclama sistemáticamente o pensamento de Sócrates e o seu "conheça a ti mesmo".  

“Ó! imagens e visões da minha juventude! Ó! olhares de amor, momentos divinos! Como vos desvanecesteis depressa! Penso hoje em vós como nos meus mortos.
De vós, mortos prediletos, chega até mim um suave perfume que alivia o coração e faz correr as lágrimas. Verdadeiramente esse perfume agita e alivia o coração do que navega solitário."
Nietzsche - Assim falou Zaratustra - Trecho do Canto do sepulcro


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Metafísica da crueldade

Livros de filosofia da bondande?
Mata essa bobagem da escória.
Boa é a letra que escorre sangue.

União metaestável

Gays de várias nações querem o direito à união estável.
Sejamos claros, qualquer seja a língua: direito à herança.
Moi, quero a união que balança, tipo européia.
Gay ou não-gay, pero gay.
Direito de aprender novas línguas e linguadas,
dando risadas.

Palavras

Quem tem boca vai à Roma. Dizem.
Digo: quem tem boca, mente,
E quem tem a pena, dupla-mente.

Cru e nu

Quem tem cu, tem medo. É o que dizem.
E eu digo, quem tem cu tem desejo.

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...

Viva Elis. Vivo o Hermeto.
Vivo Tom e viva a bossa. 
Só por causa do amor
ao meu filho Maurício.

Silêncio

"Tenho falado com quase ninguém, isto não é um “silêncio arrogante” mas, ao contrário, um silêncio bastante humilde, de um sofredor envergonhado em revelar o quanto sofre. Um animal rasteja para seu esconderijo quando está doente, e assim também faz la bête philosophe. Quão raramente uma voz amiga chega até mim! Estou agora só, absurdamente só. E no curso de minha guerra subversiva contra todo o homem que até agora tem sido respeitado e amado - a qual eu chamo de “transvaloração dos valores” -, eu mesmo me tornei sem perceber uma espécie de esconderijo, algo oculto, que você não poderá mais achar mesmo se for até lá procurá-lo, mas é claro que ninguém o faz."
Nietzsche - Cartas de 1888

Sem projeto

Este blog não tem consciência, unidade, objetivo, meta, metodologia. Não é produto. Se é alguma coisa, é grito, gaguejo, grunhido. Uma nau sem rumo e patrocina-dor.  

RIZOMA E RITORNELO DE BLOGS


Para  Jorge Bichuetti e seu post sobre ritornelo.


A máquina de gorjear
 Paul Klee

 As quatro estações - Outono - Vivaldi
Lara St John e Orquestra Simón Bolivar


Outono portenho
Astor Piazzolla



O ritornelo tem os três
aspectos, e os torna simultâneos ou os mistura: ora, ora, ora. Ora o caos é um imenso buraco negro, e nos esforçamos para fixar nele um ponto frágil como centro. Ora organizamos em torno do ponto uma "pose" (mais do que uma forma) calma e estável: o buraco negro tornou-se um em-casa. Ora enxertamos uma escapada nessa pose, para fora do buraco negro."
Deleuze e Guattari - Mil Platôs - Vol. 4 - Acerca do ritornelo

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Nós, os civilizados

Na madrugada passada, assisti Um filme  falado, de Manoel de Oliveira. Lindo filme que coloca questões muito importantes para o pensar e agir diferente.
O filme conta uma viagem, em um navio, de gente civilizada que se entende em várias línguas, que acolhe as diferenças dos socialmente semelhantes, que valoriza as experiências das subjetividades.  E o navio prossegue nessa viagem de gente bonita e boa conhecendo lugares marcantes da história.  
Ao passar pelo Egito, uma bomba é instalada no navio. A maioria dos navegantes consegue escapar, mas não  todos. Explode com o navio exatamente os mais inocentes e capazes de compreender e acolher a radical diferença dos povos e culturas, alguns daqueles com  potencial para construir uma lingua universal. 
O filme dá um recado muito sério: a engenharia do laço social tem que ser muito mais ampla do que a democracia ocidental tem sido capaz de engendrar. Não basta acolher os mais ou menos semelhantes. É preciso construir laços com as radicais diferenças. Quem não é ouvido, pode a qualquer momento soltar uma bomba para se fazer ouvir.


domingo, 10 de outubro de 2010

Popper, Heráclito e o mundo

Após uma longa e divertida caminhada debaixo de chuva, estou lendo de Karl Popper,  Em busca de um mundo melhor. Leio porque é bibliografia de um curso. Mas é chato, como é chato esse mundo melhor do Popper.  Para começar, ele divide o mundo em  três mundos. Inevitável lembrar do Heráclito: " Para os que estão alerta, só existe um mundo.". 
Chove chuva, chove sem parar. Úmido o mundo. Estou só e uma multidão me atravessa e aquece. Não há mundo melhor.

TOURO

O touro é doce, terno. E é forte.  Um dos sentidos da sua força simbólica é matar o mesquinho no homem (e na mulher).  Não é bomba atômica que sai do touro, é a fumaça do fogo liberador. Fogo que habita o corpo e supera o medo de viver e amar.

PARTIR, EVADIR-SE, TRAÇAR UMA LINHA

Quase tudo em mim está vulnerável. Andei enterrando amores (Teseu e companhia) e valores (amor romântico e companhia). Sinto grande cansaço, na cabeça e no coração. Mas há algo em mim que está forte como nunca: as pernas. O dedão do pé aponta:  a porta. Dançar, percorrer, pesquisar:  os labirintos. Renascer: o touro.


sábado, 9 de outubro de 2010

Diálogo com Jorge Bichuetti sobre amor e santos

Obrigada por vir aqui neste cantinho do ciberespaço, querido Jorge.

Não falo de santos de gesso ou santos de altares. E também não falo de santos como guias morais. O que me interessa no santos, santos de carne e osso, é a experiência do SENTIMENTO DA GRAÇA. Há santos da igreja que exprimem esse estado, assim como, fora da igreja, certos artistas, filósofos e revolucionários. Gosto dessa maluquice de santos, artistas, filósofos e revolucionários que buscam o além da utilidade (o tal do "não serve pra nada"...).

AMOR SUPREMO. Como disse Nietzsche, "quem ama, não quer amor, quer mais".

Mas não congelemos as palavras e os sentimentos. A vida é um permanente jogo e, no jogo, a gente pode mudar de posição. E muda. Amanhã, outro dia. E espero que a chuva pare um pouco amanhã para eu poder sair deste quarto e viajar. Mas, se não parar, viajarei em torno do meu quarto.
beijo
Marta

LOVE

Ao Jorge Bichuetti que, ontem, 8 de outubro, me sugeriu  escrever sobre amor. E eu lhe escrevi sobre santos.

Che Guevara

Antonin Artaud


 

AMERICAN POETS READING - II


Ts'ai Chi'h
Ezra Pound

The petals fall in the fountain,
the orange-coloured rose-leaves,
Their ochre clings to the stone.



sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A BELEZA QUE NÃO ME INTERESSA

Ando com dificuldade pelas ruas pois a paisagem é tomada por uma beleza padronizada pela publicidade, cinema, TV e quase tudo que é comunicação de massa.  Por mais que pessoas procurem ser diferentes através do uso roupas, sapatos e assessórios exóticos, o que sinto é o espírito de rebanho, ou melhor, CORPO DE REBANHO.  

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Poemeto de amor desequilibrado

Pensa que é O TAO
Você ZEN.
Eu NEM.  
Nós NADA. 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Knowledge society? Or society of ignorance?

We who love the aluminum without to know of toxic red mud

RAZÕES PARA NÃO VOTAR NO SERRA, DE JEITO NENHUM

Estes dois vídeos servem para a gente não esquecer certas coisas. No primeiro, Ciro Gomes lembra o desastre que foi o governo Fernando Henrique, com Serra, ministro do Planejamento, gestando a "privataria". No segundo, a gente pode ver como os tucanos e os grandes meios de comunicação erraram na avaliação da crise. Mais do que erraram, eles apostaram na crise, torceram por ela... Enquanto isso, o governo Lula teve a habilidade de traçar um caminho para não mergulhar na crise, e isso deu certo. Não estamos no melhor dos mundos, mas o Brasil, com Lula, evitou o tsunami. A tucanagem gozou à beça de Lula ter falado em "marolinha". Mas foi mesmo marolinha perto do que seria se os tucanos estivessem conduzindo a política econômica do país. Tucano só pensa naquilo: cortar gastos. Serra diz que fez isso e aquilo em São Paulo como prefeito e governador, mas eu moro em São Paulo e não vejo nada disso que ele diz que fez. O que vejo é o Estado e a cidade se deteriorarem na gerência demo-tucana.








segunda-feira, 4 de outubro de 2010

MARINA MORENA E O VERDE E O VERMELHO QUE NOS FASCINAM



"(...) uma preocupação ronda os meus pensamentos. E preocupado, eu canto: Marina , morena, bonita... Teu verde é belo Marina; eu creio na sustentabilidade, na conexão economia-ecologia, nas novas práticas políticas...

Não deixei de vibrar com o seu sucesso, merecido e louvável. O povo das florestas cantou em festa...

Só uma preocupação me perturba o sono: Alias, menina, com quem pode e sonho com o verde que te fascina...

Não pinta este rosto que é das matas e não se seduza pelas sereias que cantam no neoliberalismo tucano que almeja o entreguismo, a devastação, o poluído da política que você conheceu e combateu, como valente guerreira.

Sem culpas ou ressentimentos: a hora é de união,na utopia de uma plataforma de idéias e ideais, que comporá o verde-vermelho e vermelho verde, num convite a um projeto de vida onde caibam todas as cores.

Na rua, um homem dorme semi-nú esperando um prato de pão...

Na esquina, uma criança, chora , paranóica, sob efeito dos delírios infernais do crack...

Um velho debaixo da ponte, uma mulher limpando os hematomas das agressões sofridas...

Uma árvore caindo sob a inclemência de um machado assasssino...

São tantas dores... Unamo-nos e construamos juntos um novo Brasil."


Trecho do texto de Jorge Bichuetti:  Diário de bordo: esquidiário.  

LE MONDE PUBLICA REVISTA ESPECIAL SOBRE BRASIL

Devenu, au côté de la Chine et de l’Inde, une nation émergente qui réclame de participer aux grandes décisions planétaires, Le Brésil de Luiz Inacio Lula da Silva, dont un entretien ouvre ce hors-série, deviendra, d’après son président, une grande puissance économique au cours de ce siècle.

Outubro de 1930: revolução liderada por Getúlio. Outubro de 2010: aceleração da democracia liderada por Lula e Dilma


domingo, 3 de outubro de 2010

Meu voto e os tenebrosos ãos tucanos

Já sabemos, haverá segundo turno para presidência e governador de São Paulo. Vou de Dilma e Mercadante. Só quero saber em quem a "santinha" da Marina vai botar seu cacife de quase 20 milhões de votos. Como os ressentimentos dela devem ser mais fortes do que a razão (desconfio que seja assim, pois ressentimento é o bicho mais bravo desse mundo), ela deve ir de Serra, dizendo "sou neutra". Neutra, ein? Não tem ninguém neutro nessa história. O pau vai rolar. E vou botar a minha colher nesse pau.

Se tem uma coisa que eu nunca mais gostaria de ver é tucano governando o Brasil. Tucano no governo = desempregação, privatização, entregação, elitização, americanização e outros tenebrosos ãos. Ou você é daqueles que acha que mensalão é coisa do PT? A mídia diz que sim, mas é preciso ir fundo e reconhecer: poder no Brasil e no mundo tem mensalão à beça, e tambem semanão, diarião etc. Por isso, o x da questão não é mensalão e sim inclusão da diferença. Que me perdoem os moralistas, mas a política é assim. E o povão é mais sábio do que os sabidos e lidos. Come o mingau pelas bordas.

Neste outubro, 80 anos da Revolução de 30. Populismo? Nacionalismo? Não fosse isso, ainda estaríamos plantando café. Não teríamos CLT. Não teríamos patrimônio histórico. Não teríamos classe média. Não teríamos indústria. E teríamos a elite paulista mandando no Brasil, seguindo a cartilha política da escravidão disfarçada. Temos hoje servidão? Temos. Mas, não se pode negar que o estatuto social melhorou. Precisa melhorar mais, muito mais. Por isso: em outubro de 2010, uma nova revolução. Agora, muito mais democrática e popular. Dilma na presidência!

sábado, 2 de outubro de 2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

AMERICAN POETS READING - I


The Marriage
Mark Strand
The wind comes from opposite poles,
traveling slowly.

She turns in the deep air.
He walks in the clouds.

She readies herself,
shakes out her hair,

makes up her eyes,
smiles.

The sun warms her teeth,
the tip of her tongue moistens them.

He brushes the dust from his suit
and straightens his tie.

He smokes.
Soon they will meet.

The wind carries them closer.
They wave.

Closer, closer.
They embrace.

She is making a bed.
He is pulling off his pants.

They marry
and have a child.

The wind carries them off
in different directions.

The wind is strong, he thinks
as he straightens his tie.

I like this wind, she says
as she puts on her dress.

The wind unfolds.
The wind is everything to them.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Autumn in NY

The yellow and brown are coming ... I'll sing through the streets and cafes  on this beautiful morning: "Autumn in New York. That brings the promise of new love. Autumn in New York. Is often mingled with pain. Dreamers with empty hands. They sigh for exotic lands ..." Now, just coffee and internet!  Walking, looking, no thinking, singing " Autumn in New York...".

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

WAR

Here, the desire for war is in the atmosphere, at least on TV. This time against Iran. Fidel is right, again: "I think that the danger of war is growing a lot. They are playing with fire.".

Arriving in NY

Believing in life. Forget pieces of the past. The rest is silence.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Wesley Duke Lee


Morreu hoje em São Paulo o fantástico artista plástico Wesley Duke Lee, para mim o principal pintor brasileiro. Me apaixonei pelo seu trabalho desde a primeira tela dele que vi no MASP , passando a procurar conhecer sua arte. Só podia acontecer de me tornar admiradora desse nobre e grandioso artista, além de homem muito elegante e de arguta inteligência. Fiquei triste com a notícia da sua morte. No entanto, não é menor a minha alegria de saber que ele existiu e que a sua obra está aí para quem quiser ver e aprender.

sábado, 11 de setembro de 2010

MangueGuará - Viva a Vida em Cubatão

Foto: Rolando Roebbelen - O descanso dos Guarás - Mangue de Cubatão

Muito interessante o projeto MangueGuará Viva a Vida em Cubatão. Trata-se de iniciativa da Associação Civil Cidadania Brasil - ACCB, do Centro Guará Vermelho de Estudos Ambientais da Prefeitura Municipal de Cubatão e do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Católica de Santos .
O objetivo do projeto é a preservação e conservação das áreas remanescentes e restauração das áreas degradadas dos manguezais do município de Cubatão, no Estado de São Paulo. O projeto promete criar, difundir e aplicar conhecimentos científicos, técnicos, educacionais e comunicativos sobre o ecossistema manguezal de Cubatão.

Em Estudos e Pesquisa será realizado, por exemplo, o  Estudo e Monitoramento da Avifauna dos Manguezais de Cubatão, com foco no Eudocimus ruber, o famosos pássaro Guará ou Guará Vermelho. Outro interessante Estudo é o da Flora dos Mangues de Cubatão.   Ambos, serão coordenados pelo Centro de Estudos Guará Vermelho de Estudos Ambientais da Prefeitura de Cubatão.


Foto: Janaina da Nóbrega Moraes - Parabignonia unguiculata - Mangue de Cubatão

MangueGuará Viva a Vida em Cubatão vai também monitorar a água e o ar das áreas de manguezais em Cubatão através de um conjunto de pesquisas e estudos pelo Grupo de Saúde Coletiva e do Instituto de Pesquisas da Universidade Católica de Santos.


Foto: Bruno de Almeida Lima - Garça Branca Grande - Manguezal de Cubatão

Em  Educação Ambiental,  serão qualificados 60 professores para multiplicarem em suas escolas as técnicas de biomonitoramento. 60 jovens de 16 a 19 anos serão incentivados e sensibilizados para exercerem o protagonismo juvenil em suas comunidades e 60 líderes das comunidades participarão dos Espaços de Discussão para construir conhecimentos em sistemas ecosustentáveis e qualificação da percepção pró-ativa de risco ambiental.  

Mais de 35 mil pessoas habitam os bairros instalados nas áreas de manguezais em Cubatão:  Vila Esperança com 18.794 habitantes; Vila dos Pescadores com 10.502 habitantes e Jardim Costa e Silva com 3.800 habitantes com previsão de aumento de mais 2.052 devido à projeto habitacional na localidade. Total: 35.148.



Foto: Rolando Roebellen - Pescador ignora favela e poluição em busca do alimento - Manguezal de Cubatão

Em Comunicação, o projeto MangueGuará pretende envolver toda a cidade na campanha Conheça e Defenda o Mangue e no Festival do Mangue. Vai ainda criar o Banco de Dados e Conhecimento do Mangue e a Rede Mangue. 
Foto: Rolando Roebellen - Mesmo duramente agredido, manguezal reage - Manguezal de Cubatão

Foto: Rolando Roebellen - Guarás se alimentando do lodo do mangue - Manguezal de Cubatão

Foto: Bruno de Almeida Lima - Casal de Trinta Réis Real - Manguezal de Cubatão

Foto: Rolando Roebellen - Poluição avanço dos casebres sobre o mangue - Mangue de Cubatão


Foto: Janaina da Nóbrega Moraes - Cattleia intermedia - Manguezal de Cubatão


Equipe
A equipe do projeto MangueGuará é de primeira linha. A coordenação científica e técnica é do Dr. Alfésio Braga, médico, epidemiologista, pesquisador e professor do Programa de Saúde Coletiva da Unisantos, pós doutor em Medicina pela Universidade de Harvard e doutor pela Faculdade de Medicina da USP. Cada uma das entidades parceiras conta com seu coordenador científico para colaborar com a coordenação geral. Pela ACCB, o Dr Ubiratan de Paula Santos, médicio, pneumologista, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Na Unisantos, o Dr. Luiz Alberto Amador Pereira, médico, também doutor e professor da Faculdade de Medicina da USP. Pelo Centro Guará Vermelho, a coordenação de Julio Cesar de Souza Chaves, jornalista e ambientalista.  Além desses, o projeto conta com a participação de vários pesquisadores, inclusive, articulando as suas ações de estudos e pesquisas com a educação ambiental e a comunicação.
Em educação ambiental, o projeto conta com pesquisadores de fronteira , Nilva Nunes Campina e Ana Lucia de Mello, ambas biólogas, doutoras pela Faculdade de Medicina da USP com pesquisas em educação socioambiental.

A coordenação institucional de MangueGuará cabe a Marco César Aga, presidente do Conselho Administrativo da Associação Civil Cidadania Brasil-ACCB, gestora e coordenadora do projeto.

A equipe conta ainda com vários jornalistas e pessoas com formações e experiências  diversas, formando uma comunidade multidisciplinar. 

 MangueGuará quer construir  
Inteligência Coletiva

conforme texto a seguir, em que se apresenta a justificativa do projeto:


“Anuncia-se uma grande tragédia humana”
É o que o experiente geógrafo e conhecedor da realidade cubatense, Aziz Ab’Sáber, prognostica sobre a evolução das condições de saúde e meio ambiente em Cubatão. Para que isso não se torne realidade, é decisiva a participação organizada e qualificada do poder público local e da sociedade cubatense. Só assim podem ser atingidos equilíbrios metaestáveis e se obter desenvolvimento que proteja e valorize as riquezas naturais e humanas.

Manguezais de Cubatão: âmago da cidade, berçário da vida
Muito que seja feito ainda será pouco para melhoria das condições de vida humana e do meio ambiente em Cubatão. Temos, portanto, aguda consciência de que a resolução do conjunto dos problemas socioambientais de Cubatão demanda por políticas e ações públicas e privadas de grande envergadura, investimentos e coordenação. O projeto MangueGuará Viva a Vida em Cubatão é uma referência, um ponto de inflexão, na conduta da cidadania. A insuficiente organização, mobilização e ação da sociedade cubatense é um dos fatores que contribui para que a cidade, apesar de melhorias que vêm alcançando, continue a ser marcada por grandes e complexos problemas socioambientais. Parte-se do reconhecimento, portanto, que a tarefa Cubatão é grande demais para um projeto relativamente modesto como esse, por melhores que sejam os parceiros e causas, mas um projeto necessário para colaborar com a preservação, conservação e restauração de ecossistema importantíssimo para a cidade e para a vida. Preservar, conservar e restaurar os manguezais é tocar no âmago da cidade e no berçário da vida. E isso não pode ser feito de forma improvisada. Fundamental mobilizar a inteligência e a colaboração de todos para que se avance na perspectiva de se ter meio ambiente saudável para a vida humana, animal e vegetal.

Crescer com inteligência, protegendo e valorizando as riquezas naturais e humanas

Dos ecossistemas da Baixada Santista, o manguezal de Cubatão é dos mais degradados. Em 1991, somente 17% dos 29 km2 eram remanescentes, o restante degradado por processo natural, poluição ou ocupação. Esses dados precisam ser atualizados, mas eles nos levam à suspeita de que a situação pode ter piorado passados quase 20 anos da avaliação, mas podem também nos fazer interrogar: não teria melhorado? Afinal, melhoraram os níveis de poluição do ar na cidade e o manguezal tem as suas dinâmicas naturais de recuperação. Mas também é inevitável perguntar: o que acontecerá daqui para frente? Pois tudo indica que haverá um grande surto de desenvolvimento portuário e industrial na região com fortes impactos sobre os seus mananciais..

MangueGuará Viva a Vida em Cubatão quer contribuir com as sinergias e soluções para enfrentar esses desafios, entendendo que, além do governo e das empresas, os vários segmentos sociais devem participar desse processo. Sem a participação da sociedade, corre-se o risco de se ter uma hegemonia tecnicista nefasta. As soluções técnicas são importantes, mas a população deve estar qualificada a entendê-las, debatê-las e, se for o caso, propor alternativas. Por isso, os moradores da cidade serão estimulados e mobilizados por esse projeto a conhecerem o ecossistema em que vivem e, assim, estarem capacitados a defenderem o desenvolvimento nacional e regional como oportunidade para ampliar a sustentabilidade social e natural.

Qualificar a cidade para a gestão ambiental

Gerar novos conhecimentos, reconhecer e sistematizar conhecimentos já existentes voltados à preservação, conservação e restauração das áreas de manguezal de Cubatão, bem como disponibilizá-los e divulgá-los, são ações fundamentais para aportar, subsidiar e orientar os atores da cidade e da região que atuam em gestão e educação ambiental. Sem conhecimento sistematizado e testado, podem até mesmo ocorrer ações movidas por boas intenções porém perniciosas, como se observou em diferentes iniciativas. Observa-se que conhecimentos disponíveis encontram-se dispersos, muitas vezes não incorporados à gestão ambiental por serem desconhecidos, provocando descompasso entre ação e conhecimento, o que significa alto desperdício. Além disso, a geração desses conhecimentos não é continuada e termina por perder validade por falta de programas permanentes de estudos, pesquisas e educação ambiental. Importantíssimo nesse sentido fortalecer, equipar e qualificar o Centro Guará Vermelho de Estudos Ambientais como órgão permanente de estudos e educação ambiental. A transferência de competências e a cooperação entre essa instituição municipal e a Universidade Católica de Santos, propiciadas por esse projeto, são fundamentais para criar métodos de estudos e trabalho especificamente voltado aos manguezais.

Criação de inteligência coletiva e mobilização das competências

A geração e difusão de conhecimentos sobre os manguezais de Cubatão permitirá a criação na cidade e região de uma inteligência coletiva que, conforme Pierre Lévy  “é uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências. Acrescentemos à nossa definição este complemento indispensável: a base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento e o enriquecimento mútuo de pessoas, e não o culto de comunidades fetichizadas ou hipostasiadas.” A criação dessa inteligência coletiva é muito apropriada à complexa realidade local e ao mundo contemporâneo. Em primeiro lugar, porque ela parte do axioma “ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na humanidade” , ou seja, “não existe reservatório de conhecimento transcendente, e o saber não é nada além do que as pessoas sabem.” Mas é preciso de fato exercer esse reconhecimento, o que é possível graças ao projeto que não só identifica a inteligência, o bem mais precioso da humanidade, mas também a desenvolve e a emprega. Essas inteligências precisam ainda ser coordenadas em tempo real, possibilitando a todos interagir através de agenciamentos de comunicação. Agenciamentos esses que são de diversas naturezas e se utilizando de diversos meios. Agenciamentos de vizinho com vizinho, colega com colega, professor com aluno, professor com professor, cientista com estudante, líder comunitário com cientista, apenas para aventar algumas das possibilidades a serem construídas por esse projeto.

Conforme Boaventura Santos bem exprimiu: "Se eu quero ir à lua, necessito de conhecimento científico; mas se eu quero preservar a biodiversidade, preciso também do conhecimento indígena e camponês." No caso de manguezais, conhecimento dos pescadores, dos ecologistas, dos amantes da natureza, dos artistas, dos moradores do entorno, enfim, de todos aqueles que, além do cientistas e técnicos, possuam algum tipo de conhecimento sobre a realidade em que vivem. MangueGuará Viva a Vida em Cubatão reconhece, valoriza e mobiliza esses conhecimentos e lhes agrega conhecimentos dotados de rigor científico e apoiados em metodologias que permitem quantificar, qualificar, sistematizar, relacionar, criar técnicas e métodos de ação.

Construir valores, habilidades e atitudes em prol da saúde

O projeto adota método de educação socioambiental que vai muito além da transmissão de informações, pois possibilita a criação de conhecimentos pela própria comunidade com potencial de mudar valores e atitudes dos habitantes dos manguezais para com o seu entorno, muitas vezes utilizado como depositório de lixo e alvo dos mais diversos tipos de vandalismo como, por exemplo, da caça e pesca predatória, até mesmo do belo pássaro que é símbolo da cidade, e desse projeto, o sensível Eudocimus ruber, popularmente conhecido como Guará Vermelho. Além de ser agente de degradação, parcelas consideráveis da população têm baixa percepção de risco impedindo atitudes de precaução e prevenção diante de riscos, até mesmo daqueles graves e eminentes.

Ao se observar algumas características do ensino hoje no Brasil, percebe-se que as escolas de ensino fundamental e médio apresentam um caminho bastante interessante para estudiosos da área ambiental que almejam aumentar a proximidade com a comunidade não acadêmica. A necessidade dos sistemas de ensino de trabalhar a educação ambiental, a possibilidade de discussões sólidas e sistemáticas, além da perspectiva de alcançar um número significativo e constante de pessoas em plena formação, fazem da escola um local promissor para o propósito da divulgação científica. Para que se alcance, de fato, a educação ambiental em seu sentido completo faz-se necessária a educação escolar sistemática, há muito reconhecida como de importância basilar para as questões ambientais.

Muitos trabalhos de desenvolvimento comunitário, em vários locais do mundo, têm partido de uma visão errônea de que é preciso encontrar soluções para as comunidades menos favorecidas economicamente e que os técnicos e especialistas são os que devem providenciá-las. Esse modelo, com poucas exceções, não tem levado a melhorias fundamentais. A educação ambiental, à medida que objetiva a participação do cidadão na busca de alternativas e soluções para os graves problemas locais e globais, permite que o indivíduo investigue, reflita, perceba os riscos à saúde e aja sobre os efeitos e causas desses problemas que afetam a qualidade de vida de todos.
Foto: Rolando Roebellen - Revoada dos Guarás no manguezal - Manguezal de Cubatão
Comunicação e informação como instrumento de transformação pessoal e coletiva

A educação ambiental não deve se restringir à sala de aula e às comunidades diretamente envolvidas no dia-a-dia com o manguezal. Através dos mais diversos tipos de comunicação (via internet, imprensa, rádios e televisões e mídias próprias.), o projeto informa, qualifica e mobiliza os cidadãos cubatenses para comportamentos e ações pró-ativas em defesa da qualidade de vida e preservação do meio ambiente. Enfocando-se as áreas de manguezal, aborda-se toda a cidade, pois esse ecossistema é central na vida urbana na medida em que acolhe nele boa parte dos moradores. O tema manguezal permite comunicar questões decisivas para a conservação integral do meio ambiente por ser berçário da vida, local de moradia e reprodução de diversas espécies, inclusive daquelas que garantem a produção alimentar.


Foto: Rolando Roebellen - Favelas dos Pescadores - Manguezal de Cubatão


Objetivos do projeto MangueGuará Viva a Vida em Cubatão

Objetivo geral: Contribuir para preservar e conservar as áreas remanescentes dos manguezais do município de Cubatão, Estado de São Paulo, e restaurar parte das suas áreas degradadas por poluição e ocupação, através da criação, difusão e aplicação de conhecimentos técnicos, científicos, educacionais e comunicativos sobre esse ecossistema central na vida da cidade e berçário da vida animal e vegetal. Espera-se ter uma avaliação mais precisa e atualizada das condições dos manguezais e aplicar esses conhecimentos para impedir que as áreas de remanescentes e em recuperação sejam atingidas por poluição e ocupação, além de buscar-se meios e métodos para recuperar parte das áreas degradas.

Objetivos específicos

Em Estudos e Pesquisas:

1 Contribuir para a capacitação de atores socioambientais que atuam na educação e nos órgão municipais relacionados à educação ou meio ambiente.

2 Identificar e resgatar experiências e conhecimentos científicos, técnicos e empíricos sobre manguezais que sejam úteis e oportunos para a preservação, conservação e restauração dos manguezais de Cubatão.

3 Atualizar e ampliar os conhecimentos sobre a ave Eudocimus ruber (Guará Vermelho), particularmente das razões de sua volta aos manguezais cubatenses, bem como da ausência de sua nidificação na região.

Foto: Janaina da Nóbrega Moraes 
Flora do Manguezal de Cubatão
4 Atualizar e ampliar o conhecimento sobre a flora do mangue de Cubatão, determinando a situação atual, as espécies dominantes, a sua distribuição ao longo da região e as tendências que se apresentam de variação da população.

5 Avaliar o nível atual de contaminação do ecossistema manguezal de Cubatão por metais pesados através da análise de amostras de crustáceos, águas e plantas.

6 Avaliar o nível de contaminação atmosférica na região dos manguezais de Cubatão por material particulado fino (PM2,5) e seu impacto na fauna e flora do ecossistema, bem como na saúde humana dos habitantes da região.

7 Produzir novos conhecimentos científicos sobre o ecossistema manguezal de Cubatão através de pesquisas de mestrado e iniciação científica.

Em Educação Ambiental

8 Implantar rede de aprendizagem com objetivo de formar professores do ensino básico para desenvolver projetos de investigação ambiental por meio de técnicas de biomonitoramento.

9 Instrumentalizar os professores para realizarem, em conjunto com os alunos, o monitoramento ambiental nas suas localidades.

10 Contribuir para o desenvolvimento e aprimoramento do protagonismo socioambiental dos jovens.

11 Formar rede comunicativa nas comunidades, qualificando a percepção de risco ambiental e estimulando ações ecoeficientes.

Em Comunicação

12 Contribuir para que a população cubatense conheça os manguezais da sua cidade, a importância deles para a vida e a necessidade de preservá-los, conservá-los e restaurá-los.

13 Contribuir para firmar o pássaro Guará Vermelho como símbolo da cidade e da sua riqueza ambiental.

14 Divulgar os conhecimentos científicos, técnicos e empíricos sobre os manguezais de Cubatão.

15 Disponibilizar e divulgar a produção científica, cultural e artística sobre os manguezais de Cubatão.

16 Contribuir para que os meios de comunicação locais, nacionais e mundiais obtenham e divulguem informações verídicas e de qualidade sobre os manguezais de Cubatão.

17 Estimular a criação de uma rede virtual de conhecimento e preservação de manguezais.

Um dos objetivos de comunicação é firmar o pássaro Guará Vermelho como símbolo da cidade.



Foto: Bruno de Almeida Lima - Guarás -  Manguezal de Cubatão

Fotos 11 de setembro: vale ver

Fantásticas  fotos de Nova York nos atentados do 11 de setembro de 2001, em Uol Notícias Fotos

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ressentimento: veneno do espírito

Na Biblioteca Nômade, onde me abasteço, tem o link para o download de um texto mui mui interessante sobre uma doença que pode matar. E quando não mata, faz pior, detona o espírito: o ressentimento.

Tom Zé + Pierre Verger

O Luis Nassif montou isso: música de Tom Zé com fotos de Pierre Verger. Ficou legal. Dá uma olhadinha, dá.