sexta-feira, 19 de novembro de 2010

FUMAR TAMBÉM É CULTURA. ESTÁ NA HORA DE REPENSAR A EXCLUSÃO E ESTIGMATIZAÇÃO DOS FUMANTES!!!



" Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando."

Fernando Pessoa - A tabacaria






























Rizoma de blogs

Uzinamarta - Utopia Ativa




CRIMINALIZAÇÃO DO USO DE FUMO: EXCLUSÃO SOCIAL OU INCLUSÃO DIFERENCIAL

Genaralizou-se a proibição do uso de cigarro... Já não lugares disponíveis... Minto, alguns pobres re-cantos sob a chuva e alheios ao contato com as áreas de lazer, estudo ou trabalho.


Nós, fumantes, estamos excluídos do mundo de todos.

Que saudade do cigarro e café entre amigos, animados por diálogos que enterneciam a vida com o prodígio da amizade!







Que saudade do cigarro com a fumaça caçando no ar as ideias que fluíram da leitura de um livro encantado!




 Que saudade!... A cerveja, as canções e os amores... Os amigos, o grito de gol e a confidência de uma dor.. o cigarro era fiel companheiro destas doces e ternas aventuras...


Porém, isto não é somente um desabafo, um choro atrasado...
Preocupante, é que o processo de desaparecimento da sociedade disciplinar, com seus mecanismos arquitetônicos de segregação marginalidade e exclusão social,persistem recuperados com precisão matemática e com a mesma regras de isolamento, humilhação e discriminação: há um dentro e um fora...


Não, talvez, pudéssemos concluir que a sociedade mundial de controle, que substitui à disciplinar, e impõe a substituição da exclusão pela inclusão diferencial, irá conviver pacificamente numa combinação harmónica com os os mecanismos de expropriação da liberdade típicos do modelo asilar, um muro e o isolamento... Visível ou invisível: o muro está presente...



Não nego os direitos dos não-fumantes, discuto aqui como o sistema soluciona gerando normativas excludentes, sen produzie criativamente um mundo de diversidade e liberdade.







"Freud era severamente dependente da nicotina e fumou charutos até o final de sua vida apesar de 31 cirurgias em dezessete anos. Ele precisou usar uma placa protética no céu da boca que lhe causava desconforto contínuo e interferia com sua fala. Sua inabilidade de deixar de fumar permaneceu um ponto cego intencional. A admissão, por parte de Freud, de sua dependência ao fumo causava sempre uma postura extremamente defensiva e não foi mencionada, de nenhuma forma, em sua auto-análise. Era um lado seu que ele sentia não ser da conta de ninguém."

John E. Burns - Freud, Cocaína e a sua Noiva.




" O cigarro - Quando vi pela primeira vez, levei um susto. Credo, podia fumar no estúdio? Sim, podia. E em aviões, elevadores, salas de reunião. Em 1977 você fumava até com bebê no colo. Depois me espantei com o meu espanto. Credo, como estou ficando careta! Onde já se viu ficar indignada porque a mulher está fumando? Deixa ela fumar.
Me espanta como, lentamente, pecados são construídos..."
Clarice Lispector










FUMANDO ESPERO (1922)
Fumar es un placer
genial, sensual.
Fumando espero
al hombre a quien yo quiero,
tras los cristales
de alegres ventanales.
Y mientras fumo,
mi vida no consumo
porque flotando el humo
me suelo adormecer...
Tendida en la chaisse longue
fumar y amar...
Ver a mi amante
solícito y galante,
sentir sus labios
besar con besos sabios,
y el devaneo
sentir con más deseos
cuando sus ojos veo,
sedientos de pasión.
Por eso estando mi bien
es mi fumar un edén.
Dame el humo de tu boca.
Anda, que así me vuelvo loca.
Corre que quiero enloquecer
de placer,
sintiendo ese calor
del humo embriagador
que acaba por prender
la llama ardiente del amor.

Letra: Félix Garzo e J. Villadomat
Música: Juan V. Masanas
Voz: Sara Montiel




Fumo & Amizade, Cinema & Tabaco, Café & Cigarros


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Exemplo que vem das Madres

Esplêndida a programação do  IX Congreso Internacional de Salud Mental y Derechos Humanos  que começou hoje em Buenos Aires, Argentina, organizado pelas Madres.  Aguardamos notícias de lá pelo nosso amigo, o médico psicanalista, Jorge Bichuetti, do Instituto Felix Guattari.  Não se esqueça de nós, Jorgito querido. Conte-nos pelo menos algumas das boas loucuras que está vendo e vivendo por aí. Mas tb pode ser depois que voltar ao Brasil. Sem pressa...  O que mais importa é:

Estas incansáveis da vida e da luta Las Madres de Plaza de Mayo são um exemplo para todos nós.

Argentina de plata? No. Argentina de Madres. Tesoros.  

¡NI UN PASO ATRÁS!





 

O espaço interior

"O pé falhou!
O braço quebrou!
O sangue escorreu!
Escava, escava, escava,
No caldeirão do seu ventre existe um grande segredo."
Henri Michaux



 

O que pode um corpo?

Tudo pode o corpo-sem-órgãos do ankoku butô.
Mãos não só para tocar,
olhos não só para ver,
orgãos não só para organizar.


Hijikata
Dissolver o si-mesmo e garantir uma singularidade das ações,
abrir-se para o outro e mergulhar nas profundezas do próprio corpo,
testar o informe e construir mediações ainda não experimentadas com o ambiente,
desautomatizar o organismo e permanecer vivo,
excretar a expressão e habitar o vazio da morte,
perverter a motricidade comum e recriar os movimentos não controláveis,
subverter o tempo.

L´amour sans nom




Aprés toi
Jamais
J´aimais
Mais
Maintenant
J´aime plus


terça-feira, 16 de novembro de 2010

O sentido da água




água de mina
água de mim
escorre arrasta
procura poço
encontra moço 
banha seu corpo
coooooorpopoopoo



volta vira
ave-flor

O que pode...

O que pode um dorso? 


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ressuscitada por Maiakovski

Vivo morrendo e renascendo. Nesses últimos dias, andei morrendo fundo. Na hora da morte sempre leio, qualquer coisa, o que vier na mão. E eis que ontem veio o Maiakovski.  Já gostei tanto dele, da sua poesia, dos seus desenhos, das suas idéias, da sua vida, da sua morte.  Gostava até mesmo daqueles longos/enormes  poemas revolucionários. E já escrevi tantos versos para esse poeta, logo eu que não sou poeta ( e por não ser poeta, jogo tudo que escrevo fora, rasgo, perco...). Nessa vida de morte-renascimento acontece de eu perder muita coisa, inclusive livros. Vou deixando tudo para trás... Assim perdi todos os livros do Maiakovski há um bocado de tempo. E nunca mais li seus poemas, suas lindas cartas de amor para Lili Brik, "meu cãozinho" (ou será meu gatinho? acho que ele era o caozinho e ela o gatinho). Há quase 20 anos não me lembrava de Maiakosvski... E eis que ontem, por um acaso, ele voltou. E me ressucitou, além de ressucitar uma força estranha em mim... A mesma força estranha que eu tive há 20 anos atrás.
Então, vai aí um pouco mais de Maiakovski ....
Obrigada, poeta, revolucionário, amoroso, artista, polêmico, alegre, triste, lúcido, louco, cruel, doce,  lindo, feio, maravilhoso.  Que o paí seja pelo menos o Universo e a mãe no mínimo a Terra. E você, amigo-irmão-amante.


Dedução
Vladimir Maiakovski

Não acabarão com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme
fiel
e verdadeiramente.

Deleuze desconhecido

Através do blog Radio Deleuze, encontrei interessante publicação sobre Deleuze, de onde extrai o retrato ao lado, "Computer Deleuze".

A publicação, de 2007,  é em inglês. Se você não lê nessa língua, talvez um amigo, uma amiga, possa ler e transmitir as partes mais importantes a você e aos demais do seu grupo .  Os vários artigos estão disponíveis em PDF. O download pode ser feito gratuitamente, mas a Urbanomic  (uma instituição sem fins lucrativos) solicita doação voluntária através de cartão de crédito.

Veja Collapse Vol. III: Unknown Deleuze.

Para os filosófos e especialistas, pode ser que essa dica não passe de  chuva no molhado, mas para mim foi uma alegria o encontro com esse estudo e com  a Urbanomic que  pesquisa temas que me interessam muito.  

Mais




Hoje acordei mais...
Mais eu
Mais você
Mais nós
Mais amor

Visto minha calça mais vermelha
Minha blusa mais branca
Mais colorida
Mais simples
Vou andar mais por aí

Sem mais destino
Sem mais procura
Desejando muito mais
Mais beijos
Mais afagos
Mais cafunés

Sou mais, amor
E não menos, como me pintou

Mesmo assim,compreendo mais que tenha me dedicado apenas o preto-branco e o marron
Talvez pinte mais telas para mim usando mais cores da sua mais colorida palheta
Abrirá mais os olhos e eu me mostrarei mais
Mais atrevida, mais amiga, mais amante

De qualquer forma, está bom demais
Porque lhe quero mais e me amo mais
Muito mais


Não é a República que queremos. A luta continua...

A história não é só evolução, às vezes é retrocesso. Na Proclamação da República há luta entre avanços e recuos sociais. As forças sociais e políticas envolvidas no processo, antes e depois do 15 de novembro de 1889, são de diversas naturezas, desde os mais autênticos democratas sociais até os republicanos de última hora, os fazendeiros escravocratas
Apesar de reconhecer a importância do papel  de Deodoro, dos militares e dos positivistas, não os homenageio aqui.  Nos 121 anos da Proclamação, prefiro lembrar dois nomes, ambos ligados às lutas por transformações sociais ainda em pauta no Brasil. Um deles, o  abolicionista e republicano Antonio da Silva  Jardim,  jornalista, excluído no processo de consolidação da República. O outro, o abolicionista e monarquista André Rebouças, engenheiro, excluído do Império, apesar de amigo do Imperador.  Ambos se envolveram intensamente e conflituosamente na vida política do país nas últimas décadas do século XIX, marcadas pelo movimento abolicionista e republicano. Ambos tiveram fins trágicos.  Ambos continuam sendo símbolos da luta do povo brasileiro por liberdade, universalização dos direitos e solidariedade social. Um branco, um negro;  um republicano, um monarquista;  dois militantes das mesmas lutas sociais.
No mais, o que quero mesmo é homenagear os anônimos, todos nós anônimos, que batalhamos por um Brasil e um mundo melhores.  Nesse sentido, devo acrescentar mais um nome nessa homenagem, um anônimo que se tranformou em líder de um movimento (1910-12) contra as torturas que a Marinha republicana praticava nos marinheiros anônimos: João Cândido, almirante, líder da Revolta da Chibata. Nunca foi torturado, mas organizou uma bem articulada rebelião contra a tortura e a opressão.

Silva Jardim


André Rebouças


João Candido





domingo, 14 de novembro de 2010

Revolução

SIM,  REVOLUÇÃO. VELHO SONHO. NOVA PRAXIS.
" revolução se faz, fazendo... revolução se faz, partilhando... revolução se faz, dando-se..."
Hebe Bonafini


Para
Vladimir Maiakovski

"Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo,
a mãe,
pelo menos a Terra."
parte do poema O Amor, de Maiakoviski



Admirar obras do passado,
Estudá-las, aprender com elas.
Respeitar os obreiros revolucionários,
Sem esquecer que agora é diferente.
Fazer revolução no aqui e agora,
Revolução não-partida,
Revolução compartilhada, complexa e colorida.



Revolução

Sophia Andresen


Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício


Como a voz do mar
Interior de um povo


Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação




Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

De Hebe de Bonafini,de Las Madres: revolução se faz, fazendo... revolução se faz, partilhando... revolução se faz, dando-se...

" Transformar o mundo, mudar a vida" dos surrealistas...

Militar é agir - de Guattari..

Hoje, nós: na vida temos o desafio da revolução.

Ela já não é tema de programa e ppartido, é sonho que se atualiza na arte de caminhar. jorge

14 de novembro de 2010 21:31


REVOLUÇÃO

JORGE BICHUETTI

Revolução é utopia,
sonho desejado,
nas teias da alegria...

Revolução é mudança,
profecia realizada,
nas tramas da esperança..




Ponte

À beira desse rio,
em que sentei-me um dia com Lídia,
hoje penso em quanta merda 
nessa aldeia que não é aldeia,
e não é minha, e não é de Lídia,
é mais da Paris Hilton,
musa pagã dos decadentes.

Mas é nossa, de toda a gente,
é nossa a merda,
assim como é nosso o rio,
e nossas as crianças pobres
que vivem à  beira das águas podres
desse outrora nobre rio.

Vem Lídia, senta-te comigo novamente,
agora à beira da ponte,
não deixe de apreciar a obra suspensa,
já é bastante grande a vergonha
ao olhar a merda nas águas e entes.