quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Poemeto de amor desequilibrado

Pensa que é O TAO
Você ZEN.
Eu NEM.  
Nós NADA. 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Knowledge society? Or society of ignorance?

We who love the aluminum without to know of toxic red mud

RAZÕES PARA NÃO VOTAR NO SERRA, DE JEITO NENHUM

Estes dois vídeos servem para a gente não esquecer certas coisas. No primeiro, Ciro Gomes lembra o desastre que foi o governo Fernando Henrique, com Serra, ministro do Planejamento, gestando a "privataria". No segundo, a gente pode ver como os tucanos e os grandes meios de comunicação erraram na avaliação da crise. Mais do que erraram, eles apostaram na crise, torceram por ela... Enquanto isso, o governo Lula teve a habilidade de traçar um caminho para não mergulhar na crise, e isso deu certo. Não estamos no melhor dos mundos, mas o Brasil, com Lula, evitou o tsunami. A tucanagem gozou à beça de Lula ter falado em "marolinha". Mas foi mesmo marolinha perto do que seria se os tucanos estivessem conduzindo a política econômica do país. Tucano só pensa naquilo: cortar gastos. Serra diz que fez isso e aquilo em São Paulo como prefeito e governador, mas eu moro em São Paulo e não vejo nada disso que ele diz que fez. O que vejo é o Estado e a cidade se deteriorarem na gerência demo-tucana.








segunda-feira, 4 de outubro de 2010

MARINA MORENA E O VERDE E O VERMELHO QUE NOS FASCINAM



"(...) uma preocupação ronda os meus pensamentos. E preocupado, eu canto: Marina , morena, bonita... Teu verde é belo Marina; eu creio na sustentabilidade, na conexão economia-ecologia, nas novas práticas políticas...

Não deixei de vibrar com o seu sucesso, merecido e louvável. O povo das florestas cantou em festa...

Só uma preocupação me perturba o sono: Alias, menina, com quem pode e sonho com o verde que te fascina...

Não pinta este rosto que é das matas e não se seduza pelas sereias que cantam no neoliberalismo tucano que almeja o entreguismo, a devastação, o poluído da política que você conheceu e combateu, como valente guerreira.

Sem culpas ou ressentimentos: a hora é de união,na utopia de uma plataforma de idéias e ideais, que comporá o verde-vermelho e vermelho verde, num convite a um projeto de vida onde caibam todas as cores.

Na rua, um homem dorme semi-nú esperando um prato de pão...

Na esquina, uma criança, chora , paranóica, sob efeito dos delírios infernais do crack...

Um velho debaixo da ponte, uma mulher limpando os hematomas das agressões sofridas...

Uma árvore caindo sob a inclemência de um machado assasssino...

São tantas dores... Unamo-nos e construamos juntos um novo Brasil."


Trecho do texto de Jorge Bichuetti:  Diário de bordo: esquidiário.  

LE MONDE PUBLICA REVISTA ESPECIAL SOBRE BRASIL

Devenu, au côté de la Chine et de l’Inde, une nation émergente qui réclame de participer aux grandes décisions planétaires, Le Brésil de Luiz Inacio Lula da Silva, dont un entretien ouvre ce hors-série, deviendra, d’après son président, une grande puissance économique au cours de ce siècle.

Outubro de 1930: revolução liderada por Getúlio. Outubro de 2010: aceleração da democracia liderada por Lula e Dilma


domingo, 3 de outubro de 2010

Meu voto e os tenebrosos ãos tucanos

Já sabemos, haverá segundo turno para presidência e governador de São Paulo. Vou de Dilma e Mercadante. Só quero saber em quem a "santinha" da Marina vai botar seu cacife de quase 20 milhões de votos. Como os ressentimentos dela devem ser mais fortes do que a razão (desconfio que seja assim, pois ressentimento é o bicho mais bravo desse mundo), ela deve ir de Serra, dizendo "sou neutra". Neutra, ein? Não tem ninguém neutro nessa história. O pau vai rolar. E vou botar a minha colher nesse pau.

Se tem uma coisa que eu nunca mais gostaria de ver é tucano governando o Brasil. Tucano no governo = desempregação, privatização, entregação, elitização, americanização e outros tenebrosos ãos. Ou você é daqueles que acha que mensalão é coisa do PT? A mídia diz que sim, mas é preciso ir fundo e reconhecer: poder no Brasil e no mundo tem mensalão à beça, e tambem semanão, diarião etc. Por isso, o x da questão não é mensalão e sim inclusão da diferença. Que me perdoem os moralistas, mas a política é assim. E o povão é mais sábio do que os sabidos e lidos. Come o mingau pelas bordas.

Neste outubro, 80 anos da Revolução de 30. Populismo? Nacionalismo? Não fosse isso, ainda estaríamos plantando café. Não teríamos CLT. Não teríamos patrimônio histórico. Não teríamos classe média. Não teríamos indústria. E teríamos a elite paulista mandando no Brasil, seguindo a cartilha política da escravidão disfarçada. Temos hoje servidão? Temos. Mas, não se pode negar que o estatuto social melhorou. Precisa melhorar mais, muito mais. Por isso: em outubro de 2010, uma nova revolução. Agora, muito mais democrática e popular. Dilma na presidência!

sábado, 2 de outubro de 2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

AMERICAN POETS READING - I


The Marriage
Mark Strand
The wind comes from opposite poles,
traveling slowly.

She turns in the deep air.
He walks in the clouds.

She readies herself,
shakes out her hair,

makes up her eyes,
smiles.

The sun warms her teeth,
the tip of her tongue moistens them.

He brushes the dust from his suit
and straightens his tie.

He smokes.
Soon they will meet.

The wind carries them closer.
They wave.

Closer, closer.
They embrace.

She is making a bed.
He is pulling off his pants.

They marry
and have a child.

The wind carries them off
in different directions.

The wind is strong, he thinks
as he straightens his tie.

I like this wind, she says
as she puts on her dress.

The wind unfolds.
The wind is everything to them.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Autumn in NY

The yellow and brown are coming ... I'll sing through the streets and cafes  on this beautiful morning: "Autumn in New York. That brings the promise of new love. Autumn in New York. Is often mingled with pain. Dreamers with empty hands. They sigh for exotic lands ..." Now, just coffee and internet!  Walking, looking, no thinking, singing " Autumn in New York...".

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

WAR

Here, the desire for war is in the atmosphere, at least on TV. This time against Iran. Fidel is right, again: "I think that the danger of war is growing a lot. They are playing with fire.".

Arriving in NY

Believing in life. Forget pieces of the past. The rest is silence.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Wesley Duke Lee


Morreu hoje em São Paulo o fantástico artista plástico Wesley Duke Lee, para mim o principal pintor brasileiro. Me apaixonei pelo seu trabalho desde a primeira tela dele que vi no MASP , passando a procurar conhecer sua arte. Só podia acontecer de me tornar admiradora desse nobre e grandioso artista, além de homem muito elegante e de arguta inteligência. Fiquei triste com a notícia da sua morte. No entanto, não é menor a minha alegria de saber que ele existiu e que a sua obra está aí para quem quiser ver e aprender.

sábado, 11 de setembro de 2010

MangueGuará - Viva a Vida em Cubatão

Foto: Rolando Roebbelen - O descanso dos Guarás - Mangue de Cubatão

Muito interessante o projeto MangueGuará Viva a Vida em Cubatão. Trata-se de iniciativa da Associação Civil Cidadania Brasil - ACCB, do Centro Guará Vermelho de Estudos Ambientais da Prefeitura Municipal de Cubatão e do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Católica de Santos .
O objetivo do projeto é a preservação e conservação das áreas remanescentes e restauração das áreas degradadas dos manguezais do município de Cubatão, no Estado de São Paulo. O projeto promete criar, difundir e aplicar conhecimentos científicos, técnicos, educacionais e comunicativos sobre o ecossistema manguezal de Cubatão.

Em Estudos e Pesquisa será realizado, por exemplo, o  Estudo e Monitoramento da Avifauna dos Manguezais de Cubatão, com foco no Eudocimus ruber, o famosos pássaro Guará ou Guará Vermelho. Outro interessante Estudo é o da Flora dos Mangues de Cubatão.   Ambos, serão coordenados pelo Centro de Estudos Guará Vermelho de Estudos Ambientais da Prefeitura de Cubatão.


Foto: Janaina da Nóbrega Moraes - Parabignonia unguiculata - Mangue de Cubatão

MangueGuará Viva a Vida em Cubatão vai também monitorar a água e o ar das áreas de manguezais em Cubatão através de um conjunto de pesquisas e estudos pelo Grupo de Saúde Coletiva e do Instituto de Pesquisas da Universidade Católica de Santos.


Foto: Bruno de Almeida Lima - Garça Branca Grande - Manguezal de Cubatão

Em  Educação Ambiental,  serão qualificados 60 professores para multiplicarem em suas escolas as técnicas de biomonitoramento. 60 jovens de 16 a 19 anos serão incentivados e sensibilizados para exercerem o protagonismo juvenil em suas comunidades e 60 líderes das comunidades participarão dos Espaços de Discussão para construir conhecimentos em sistemas ecosustentáveis e qualificação da percepção pró-ativa de risco ambiental.  

Mais de 35 mil pessoas habitam os bairros instalados nas áreas de manguezais em Cubatão:  Vila Esperança com 18.794 habitantes; Vila dos Pescadores com 10.502 habitantes e Jardim Costa e Silva com 3.800 habitantes com previsão de aumento de mais 2.052 devido à projeto habitacional na localidade. Total: 35.148.



Foto: Rolando Roebellen - Pescador ignora favela e poluição em busca do alimento - Manguezal de Cubatão

Em Comunicação, o projeto MangueGuará pretende envolver toda a cidade na campanha Conheça e Defenda o Mangue e no Festival do Mangue. Vai ainda criar o Banco de Dados e Conhecimento do Mangue e a Rede Mangue. 
Foto: Rolando Roebellen - Mesmo duramente agredido, manguezal reage - Manguezal de Cubatão

Foto: Rolando Roebellen - Guarás se alimentando do lodo do mangue - Manguezal de Cubatão

Foto: Bruno de Almeida Lima - Casal de Trinta Réis Real - Manguezal de Cubatão

Foto: Rolando Roebellen - Poluição avanço dos casebres sobre o mangue - Mangue de Cubatão


Foto: Janaina da Nóbrega Moraes - Cattleia intermedia - Manguezal de Cubatão


Equipe
A equipe do projeto MangueGuará é de primeira linha. A coordenação científica e técnica é do Dr. Alfésio Braga, médico, epidemiologista, pesquisador e professor do Programa de Saúde Coletiva da Unisantos, pós doutor em Medicina pela Universidade de Harvard e doutor pela Faculdade de Medicina da USP. Cada uma das entidades parceiras conta com seu coordenador científico para colaborar com a coordenação geral. Pela ACCB, o Dr Ubiratan de Paula Santos, médicio, pneumologista, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Na Unisantos, o Dr. Luiz Alberto Amador Pereira, médico, também doutor e professor da Faculdade de Medicina da USP. Pelo Centro Guará Vermelho, a coordenação de Julio Cesar de Souza Chaves, jornalista e ambientalista.  Além desses, o projeto conta com a participação de vários pesquisadores, inclusive, articulando as suas ações de estudos e pesquisas com a educação ambiental e a comunicação.
Em educação ambiental, o projeto conta com pesquisadores de fronteira , Nilva Nunes Campina e Ana Lucia de Mello, ambas biólogas, doutoras pela Faculdade de Medicina da USP com pesquisas em educação socioambiental.

A coordenação institucional de MangueGuará cabe a Marco César Aga, presidente do Conselho Administrativo da Associação Civil Cidadania Brasil-ACCB, gestora e coordenadora do projeto.

A equipe conta ainda com vários jornalistas e pessoas com formações e experiências  diversas, formando uma comunidade multidisciplinar. 

 MangueGuará quer construir  
Inteligência Coletiva

conforme texto a seguir, em que se apresenta a justificativa do projeto:


“Anuncia-se uma grande tragédia humana”
É o que o experiente geógrafo e conhecedor da realidade cubatense, Aziz Ab’Sáber, prognostica sobre a evolução das condições de saúde e meio ambiente em Cubatão. Para que isso não se torne realidade, é decisiva a participação organizada e qualificada do poder público local e da sociedade cubatense. Só assim podem ser atingidos equilíbrios metaestáveis e se obter desenvolvimento que proteja e valorize as riquezas naturais e humanas.

Manguezais de Cubatão: âmago da cidade, berçário da vida
Muito que seja feito ainda será pouco para melhoria das condições de vida humana e do meio ambiente em Cubatão. Temos, portanto, aguda consciência de que a resolução do conjunto dos problemas socioambientais de Cubatão demanda por políticas e ações públicas e privadas de grande envergadura, investimentos e coordenação. O projeto MangueGuará Viva a Vida em Cubatão é uma referência, um ponto de inflexão, na conduta da cidadania. A insuficiente organização, mobilização e ação da sociedade cubatense é um dos fatores que contribui para que a cidade, apesar de melhorias que vêm alcançando, continue a ser marcada por grandes e complexos problemas socioambientais. Parte-se do reconhecimento, portanto, que a tarefa Cubatão é grande demais para um projeto relativamente modesto como esse, por melhores que sejam os parceiros e causas, mas um projeto necessário para colaborar com a preservação, conservação e restauração de ecossistema importantíssimo para a cidade e para a vida. Preservar, conservar e restaurar os manguezais é tocar no âmago da cidade e no berçário da vida. E isso não pode ser feito de forma improvisada. Fundamental mobilizar a inteligência e a colaboração de todos para que se avance na perspectiva de se ter meio ambiente saudável para a vida humana, animal e vegetal.

Crescer com inteligência, protegendo e valorizando as riquezas naturais e humanas

Dos ecossistemas da Baixada Santista, o manguezal de Cubatão é dos mais degradados. Em 1991, somente 17% dos 29 km2 eram remanescentes, o restante degradado por processo natural, poluição ou ocupação. Esses dados precisam ser atualizados, mas eles nos levam à suspeita de que a situação pode ter piorado passados quase 20 anos da avaliação, mas podem também nos fazer interrogar: não teria melhorado? Afinal, melhoraram os níveis de poluição do ar na cidade e o manguezal tem as suas dinâmicas naturais de recuperação. Mas também é inevitável perguntar: o que acontecerá daqui para frente? Pois tudo indica que haverá um grande surto de desenvolvimento portuário e industrial na região com fortes impactos sobre os seus mananciais..

MangueGuará Viva a Vida em Cubatão quer contribuir com as sinergias e soluções para enfrentar esses desafios, entendendo que, além do governo e das empresas, os vários segmentos sociais devem participar desse processo. Sem a participação da sociedade, corre-se o risco de se ter uma hegemonia tecnicista nefasta. As soluções técnicas são importantes, mas a população deve estar qualificada a entendê-las, debatê-las e, se for o caso, propor alternativas. Por isso, os moradores da cidade serão estimulados e mobilizados por esse projeto a conhecerem o ecossistema em que vivem e, assim, estarem capacitados a defenderem o desenvolvimento nacional e regional como oportunidade para ampliar a sustentabilidade social e natural.

Qualificar a cidade para a gestão ambiental

Gerar novos conhecimentos, reconhecer e sistematizar conhecimentos já existentes voltados à preservação, conservação e restauração das áreas de manguezal de Cubatão, bem como disponibilizá-los e divulgá-los, são ações fundamentais para aportar, subsidiar e orientar os atores da cidade e da região que atuam em gestão e educação ambiental. Sem conhecimento sistematizado e testado, podem até mesmo ocorrer ações movidas por boas intenções porém perniciosas, como se observou em diferentes iniciativas. Observa-se que conhecimentos disponíveis encontram-se dispersos, muitas vezes não incorporados à gestão ambiental por serem desconhecidos, provocando descompasso entre ação e conhecimento, o que significa alto desperdício. Além disso, a geração desses conhecimentos não é continuada e termina por perder validade por falta de programas permanentes de estudos, pesquisas e educação ambiental. Importantíssimo nesse sentido fortalecer, equipar e qualificar o Centro Guará Vermelho de Estudos Ambientais como órgão permanente de estudos e educação ambiental. A transferência de competências e a cooperação entre essa instituição municipal e a Universidade Católica de Santos, propiciadas por esse projeto, são fundamentais para criar métodos de estudos e trabalho especificamente voltado aos manguezais.

Criação de inteligência coletiva e mobilização das competências

A geração e difusão de conhecimentos sobre os manguezais de Cubatão permitirá a criação na cidade e região de uma inteligência coletiva que, conforme Pierre Lévy  “é uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências. Acrescentemos à nossa definição este complemento indispensável: a base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento e o enriquecimento mútuo de pessoas, e não o culto de comunidades fetichizadas ou hipostasiadas.” A criação dessa inteligência coletiva é muito apropriada à complexa realidade local e ao mundo contemporâneo. Em primeiro lugar, porque ela parte do axioma “ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na humanidade” , ou seja, “não existe reservatório de conhecimento transcendente, e o saber não é nada além do que as pessoas sabem.” Mas é preciso de fato exercer esse reconhecimento, o que é possível graças ao projeto que não só identifica a inteligência, o bem mais precioso da humanidade, mas também a desenvolve e a emprega. Essas inteligências precisam ainda ser coordenadas em tempo real, possibilitando a todos interagir através de agenciamentos de comunicação. Agenciamentos esses que são de diversas naturezas e se utilizando de diversos meios. Agenciamentos de vizinho com vizinho, colega com colega, professor com aluno, professor com professor, cientista com estudante, líder comunitário com cientista, apenas para aventar algumas das possibilidades a serem construídas por esse projeto.

Conforme Boaventura Santos bem exprimiu: "Se eu quero ir à lua, necessito de conhecimento científico; mas se eu quero preservar a biodiversidade, preciso também do conhecimento indígena e camponês." No caso de manguezais, conhecimento dos pescadores, dos ecologistas, dos amantes da natureza, dos artistas, dos moradores do entorno, enfim, de todos aqueles que, além do cientistas e técnicos, possuam algum tipo de conhecimento sobre a realidade em que vivem. MangueGuará Viva a Vida em Cubatão reconhece, valoriza e mobiliza esses conhecimentos e lhes agrega conhecimentos dotados de rigor científico e apoiados em metodologias que permitem quantificar, qualificar, sistematizar, relacionar, criar técnicas e métodos de ação.

Construir valores, habilidades e atitudes em prol da saúde

O projeto adota método de educação socioambiental que vai muito além da transmissão de informações, pois possibilita a criação de conhecimentos pela própria comunidade com potencial de mudar valores e atitudes dos habitantes dos manguezais para com o seu entorno, muitas vezes utilizado como depositório de lixo e alvo dos mais diversos tipos de vandalismo como, por exemplo, da caça e pesca predatória, até mesmo do belo pássaro que é símbolo da cidade, e desse projeto, o sensível Eudocimus ruber, popularmente conhecido como Guará Vermelho. Além de ser agente de degradação, parcelas consideráveis da população têm baixa percepção de risco impedindo atitudes de precaução e prevenção diante de riscos, até mesmo daqueles graves e eminentes.

Ao se observar algumas características do ensino hoje no Brasil, percebe-se que as escolas de ensino fundamental e médio apresentam um caminho bastante interessante para estudiosos da área ambiental que almejam aumentar a proximidade com a comunidade não acadêmica. A necessidade dos sistemas de ensino de trabalhar a educação ambiental, a possibilidade de discussões sólidas e sistemáticas, além da perspectiva de alcançar um número significativo e constante de pessoas em plena formação, fazem da escola um local promissor para o propósito da divulgação científica. Para que se alcance, de fato, a educação ambiental em seu sentido completo faz-se necessária a educação escolar sistemática, há muito reconhecida como de importância basilar para as questões ambientais.

Muitos trabalhos de desenvolvimento comunitário, em vários locais do mundo, têm partido de uma visão errônea de que é preciso encontrar soluções para as comunidades menos favorecidas economicamente e que os técnicos e especialistas são os que devem providenciá-las. Esse modelo, com poucas exceções, não tem levado a melhorias fundamentais. A educação ambiental, à medida que objetiva a participação do cidadão na busca de alternativas e soluções para os graves problemas locais e globais, permite que o indivíduo investigue, reflita, perceba os riscos à saúde e aja sobre os efeitos e causas desses problemas que afetam a qualidade de vida de todos.
Foto: Rolando Roebellen - Revoada dos Guarás no manguezal - Manguezal de Cubatão
Comunicação e informação como instrumento de transformação pessoal e coletiva

A educação ambiental não deve se restringir à sala de aula e às comunidades diretamente envolvidas no dia-a-dia com o manguezal. Através dos mais diversos tipos de comunicação (via internet, imprensa, rádios e televisões e mídias próprias.), o projeto informa, qualifica e mobiliza os cidadãos cubatenses para comportamentos e ações pró-ativas em defesa da qualidade de vida e preservação do meio ambiente. Enfocando-se as áreas de manguezal, aborda-se toda a cidade, pois esse ecossistema é central na vida urbana na medida em que acolhe nele boa parte dos moradores. O tema manguezal permite comunicar questões decisivas para a conservação integral do meio ambiente por ser berçário da vida, local de moradia e reprodução de diversas espécies, inclusive daquelas que garantem a produção alimentar.


Foto: Rolando Roebellen - Favelas dos Pescadores - Manguezal de Cubatão


Objetivos do projeto MangueGuará Viva a Vida em Cubatão

Objetivo geral: Contribuir para preservar e conservar as áreas remanescentes dos manguezais do município de Cubatão, Estado de São Paulo, e restaurar parte das suas áreas degradadas por poluição e ocupação, através da criação, difusão e aplicação de conhecimentos técnicos, científicos, educacionais e comunicativos sobre esse ecossistema central na vida da cidade e berçário da vida animal e vegetal. Espera-se ter uma avaliação mais precisa e atualizada das condições dos manguezais e aplicar esses conhecimentos para impedir que as áreas de remanescentes e em recuperação sejam atingidas por poluição e ocupação, além de buscar-se meios e métodos para recuperar parte das áreas degradas.

Objetivos específicos

Em Estudos e Pesquisas:

1 Contribuir para a capacitação de atores socioambientais que atuam na educação e nos órgão municipais relacionados à educação ou meio ambiente.

2 Identificar e resgatar experiências e conhecimentos científicos, técnicos e empíricos sobre manguezais que sejam úteis e oportunos para a preservação, conservação e restauração dos manguezais de Cubatão.

3 Atualizar e ampliar os conhecimentos sobre a ave Eudocimus ruber (Guará Vermelho), particularmente das razões de sua volta aos manguezais cubatenses, bem como da ausência de sua nidificação na região.

Foto: Janaina da Nóbrega Moraes 
Flora do Manguezal de Cubatão
4 Atualizar e ampliar o conhecimento sobre a flora do mangue de Cubatão, determinando a situação atual, as espécies dominantes, a sua distribuição ao longo da região e as tendências que se apresentam de variação da população.

5 Avaliar o nível atual de contaminação do ecossistema manguezal de Cubatão por metais pesados através da análise de amostras de crustáceos, águas e plantas.

6 Avaliar o nível de contaminação atmosférica na região dos manguezais de Cubatão por material particulado fino (PM2,5) e seu impacto na fauna e flora do ecossistema, bem como na saúde humana dos habitantes da região.

7 Produzir novos conhecimentos científicos sobre o ecossistema manguezal de Cubatão através de pesquisas de mestrado e iniciação científica.

Em Educação Ambiental

8 Implantar rede de aprendizagem com objetivo de formar professores do ensino básico para desenvolver projetos de investigação ambiental por meio de técnicas de biomonitoramento.

9 Instrumentalizar os professores para realizarem, em conjunto com os alunos, o monitoramento ambiental nas suas localidades.

10 Contribuir para o desenvolvimento e aprimoramento do protagonismo socioambiental dos jovens.

11 Formar rede comunicativa nas comunidades, qualificando a percepção de risco ambiental e estimulando ações ecoeficientes.

Em Comunicação

12 Contribuir para que a população cubatense conheça os manguezais da sua cidade, a importância deles para a vida e a necessidade de preservá-los, conservá-los e restaurá-los.

13 Contribuir para firmar o pássaro Guará Vermelho como símbolo da cidade e da sua riqueza ambiental.

14 Divulgar os conhecimentos científicos, técnicos e empíricos sobre os manguezais de Cubatão.

15 Disponibilizar e divulgar a produção científica, cultural e artística sobre os manguezais de Cubatão.

16 Contribuir para que os meios de comunicação locais, nacionais e mundiais obtenham e divulguem informações verídicas e de qualidade sobre os manguezais de Cubatão.

17 Estimular a criação de uma rede virtual de conhecimento e preservação de manguezais.

Um dos objetivos de comunicação é firmar o pássaro Guará Vermelho como símbolo da cidade.



Foto: Bruno de Almeida Lima - Guarás -  Manguezal de Cubatão

Fotos 11 de setembro: vale ver

Fantásticas  fotos de Nova York nos atentados do 11 de setembro de 2001, em Uol Notícias Fotos

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ressentimento: veneno do espírito

Na Biblioteca Nômade, onde me abasteço, tem o link para o download de um texto mui mui interessante sobre uma doença que pode matar. E quando não mata, faz pior, detona o espírito: o ressentimento.

Tom Zé + Pierre Verger

O Luis Nassif montou isso: música de Tom Zé com fotos de Pierre Verger. Ficou legal. Dá uma olhadinha, dá.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O Livro Vermelho de Jung é lançado no Brasil

Oculta por 70 anos, obra inédita, lançada agora em português, em edição luxuosa, traz ilustrações e manuscritos do autor.
O Livro Vermelho (Liber Novus). C. G. Jung – Editora Vozes, 2010. 404 págs., R$ 480,00

Leia  matéria sobre o livro clicando aqui.

O juízo de Sócrates

Alguém me escreveu dando a entender que a entrevista do Socrates reproduzida neste blog (ver abaixo) é cheia de falsos juízos, pois não apresenta soluções viáveis, saídas para cada etapa. Minha resposta é que os homens ajuizados, os homens da "verdade", da "retidão" fizeram desse mundo algo por demais complicado e sem alegria. Neste blog, os sem juízo podem falar. Só não podem falar aqui os juizes da moral.   Aliás, precisamos ver como é que nasceu o juízo. Vamos tratar disso aqui quando eu puder escrever. Falar de juízo é falar de platonismo.

"Pedimos somente um pouco de ordem para nos proteger do caos."
Deleuze & Guattari

 
"Adormecemos em berço esplêndido e acordamos cremedentalizados, tergalizados, yêyêlizados, sambatizados e miss-ificados pela nossa própria máquina deteriorada de pensar."
Tom Zé

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Joaquim Cardozo: o poeta que calculava

"No terreno liso da composição linear
Poderemos fazer nascer, se quisermos
Algumas árvores lógicas"


Em 1975, ganhei de uma pessoa muito querida um livro de poemas do Joaquim Cardozo. E adorei o presente com um dos mais belos poemas que já li, A Nuvem Carolina.  Até há pouco tempo, não sabia nada mais sobre esse excelente poeta nascido em Pernambuco. No aniversário de 50 anos de Brasília, a revista Veja fez um especial sobre a capital federal e sua construção. Para minha grata surpresa, um artigo de Fábio Altman revelou para a minha ignorância que Joaquim Cardozo fez muitas outras coisas. Foi, por exemplo, o engenheiro que calculou importantissímas obras de Oscar Niemeyer. Segundo Altman, num telefonema do engenheiro ao arquiteto: "Encontrei a tangente que vai permitir que a cúpula pareça apenas pousada na laje". Assim, fez ficar de pé a cúpula invertida da Câmara dos Deputados.  Também as esbeltas e fortes colunas do Palácio Alvorada foram possíveis graças aos cálculos de Cardozo  que transgrediu as normas de engenharia à época usando 20% de ferro nas estruturas,  ao invés dos 6% estabelecidos internacionalmente.

Há muito para falar sobre o homem e a obra poética, teatral, plástica e técnica de Joaquim Cardozo. Mas não é necessário que eu o faça pois há importantes estudos publicados. Apenas instigo e sugiro um passeio pelos links abaixo. Antes, um poema muito delicado e revelador da profunda e dolorida consciência que Cardozo teve do seu duplo papel, do duplo movimento do homo sapiens, do homem da técnica: destruir e construir o belo.  

As Alvarengas

"Tous les chemins vont vers la ville”
Verhaeren

As alvarengas!
Ei-las que vão e vem; outras paradas,
Imóveis. O ar silêncio. Azul céu, suavemente.
Na tarde sombra o velho cais do Apolo.
O sol das cinco ascende um farol no zimbório
Da Assembléia.
As alvarengas!
Madalena. Deus te guie, flor de Zongue.
Negros curvando os dorsos nus
Impelem-nas ligeiras.
Vem de longe, dos campos saqueados.
Onde é tenaz a luta entre o Homem e a Terra.
Trazendo, nos bojos negros.
Para a cidade.
A ignota riqueza que o solo vencido abandona.
O latente rumor das florestas despedaçadas.

A cidade voragem.
É o Moloch, é o abismo, é a caldeira...
Além, pelo ar distante e sobre as casas.
As chaminés fumegam e o vento alonga.
O passo de parafuso.
E lentas.
Vão seguindo, negras, jogando, cansadas;
E seguindo-as também, em curvas n’água propagadas.
A dor da terra, o clamor das raízes.

Para saber mais sobre Joaquim Cardozo
A poesia concreta de Joaquim Cardozo - artigo de Fábio Altman - Especial Veja Brasília 50 anos.
Website dedicado a Joaquim Cardozo - editado pela pesquisadora Maria da Paz Ribeiro Dantas com depoimentos, textos, biografia, imagens, links (muito bons os links indicados , com muita informação sobre a obra poética e técnica de Cardozo). 
 Meu amigo Joaquim Cardozo - artigo-depoimento de Oscar Niemeyer publicado no Jornal do Brasil em 1981.
Joaquim Cardozo: o homem-universo: belissimo artigo de Everardo Norões publicado na revista Caliban.  

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Estética da crueldade? Tom Waits nas suas veias, ouvidos e olhos



" As canções são enraizadas na realidade : o ciúme, a raiva , a roda de carne humana ... Elas estão mais carnal. Eu gosto de uma bela canção que te diz coisas terríveis. Temos todas as notícias ruins , como a de uma boca bonita. Eu gosto de músicas para som como se estivesse em um barril de envelhecimento e angustiado ".  Tom Waits - sobre seu disco Bloody Money

Para o meu gosto, a mais bela (e também mais popular)  canção de Bloody Money: All the world is green. Vale ouvir e ver neste vídeo, inclusive a música é seguida por palhaçal entrevista. 

terça-feira, 27 de julho de 2010

Ironweed: subjetividade e lixo



Nós, o populacho, não concordamos com filósofos que dizem que a nossa subjetividade é  lixo.  Não se trata de conclamar a compaixão, argh compaixão de qualquer um, argh principalmente da compaixão da filosofia. Trata-se sim de conclamar um pouco ao menos de política na filosofia. Quem sabe, um plano de imanência revolucionário (de radicalidade democrática)! Certo mesmo, é que é preciso conclamar o espírito guerreiro das artes.


Para o nosso consolo ( sim, é preciso tb o consolo, o descanso)  e, principalmente, na  guerra incessante contra a nobreza elitista, há a arte que capta a nobreza dos pobres, derrotados, fracassados, perdidos, mutilados, expatriados, sem estudo, sem diploma, sem doutorado, sem mestrado, adoentados, alcoolizados, crucificados, vagabundos, desempregados, subempregados, quebra-galhos, meia-bocas etc. Etc. dos  que não viajam, não acham Paris o máximo (nem o mínimo, nem o meio), não andam de avião, não dão palestra, não são mestres de nada, não escrevem livros e  nem mesmo os lêem (livres da bibliomania!). Por isso não tremem diante do Umberto Eco, nem sabem quem é Umberto Ecco,  e talvez nunca digam "vivo uma fase muito feliz". Enfin, a escória do mundo, talvez 70% da população mundial.



Hector Babenco é um cineasta nobre não elitista. Por isso, fez esse lindo filme Ironweed, entre outros filmes lindos que dirigiu. Nada mais nada menos do que Jack Nicholson, Meryl Streep e Tom Waits no elenco interpretando a miséria de sujeitos ou sujeitos à miséria, que vivem, engatinham-se, arrastam-se no lixo. Aliás, o lixo tem lá sua riqueza, que o digam os que dele vivem e dos que se aproveitam dos que vivem do/no lixo. Dos que vivem, por exemplo, a catar latinhas, papelões e outros lixos reprocessados pela indústria milionária das embalagens.

Fantástica Meryl Streep no papel de Helen Archer.
Clique aqui para vê-la cantando He´s me pal
numa das mais belas cenas de Ironweed
Originalmente contada pela  arte literária de William Kennedy, outro artista que pôs lupa na rica subjetividade dos fracassados, Ironweed é uma novela que fala da vida dos que vivem à margem da riqueza, à margem de todas riquezas materiais, mas não da riqueza da subjetividade. Subjetividade não tem marido, esposa, pai, mãe e patrão.  Por isso, há muita subjetividade lixo no caminho dos filósofos e dos felizes.

O filme Ironweed (que Babenco considera o seu "patinho feio") pode ser abaixado da internet, alugados nas locadoras, comprado na Submarino. Você pode também ver o trechinho de abertura abaixo (em inglês, afinal há sujeitos da miséria que falam inglês, francês,  russo, chinês, árabe, português etc. A miséria e a subjetividade rica dos miseráveis são universais. E, atualmente, muito densas também na língua inglesa...).


Carta a uma senhorita em Paris

Para minha amiga Maud Lageiste, uma linda senhorita em Paris, com quem já vomitei muitos coelhinhos e haveremos de vomitar outros tantos, tontas de gatos negros. Saudade de você. Saudade do Cortazar. Beijo Maudinha da Marta

"Yo parezco haber nacido para no
aceptar las cosas tal como me son dadas."
Julio Cortazar




Para assistir o vídeo, clique aqui

O ponto, a curva e o infinito - a matemática na arte de Paul Klee




Paul Klee - Equals Infinity - 1932 

"O elemento genético ideal da curvatura variável ou da dobra é a inflexão. Este é o verdadeiro átomo, o ponto elástico. É ela que Klee extrai como elemento genético da linha ativa, espontânea, dando assim seu testumunho da afinidade com o Barroco e com Leibniz, opondo-se a Kandisnki, cartesiano, para quem os ângulos são duros e duro é o ponto posto em movimento por uma força exterior. Mas, para Klee, o ponto, como "conceito não-conceitual da não-contradição", percorre uma inflexão. Ele é o próprio ponto da inflexão, ali onde a tangente atravessa a curva. É o ponto dobra. " - Gilles Deleuze - A dobra: Leibniz e o barroco.  As dobras da alma. A inflexão - as singularidades.


Projetado por Renzo Piano, edifício que abriga o
Centro Paul Klee, em Berna - Suissa

domingo, 25 de julho de 2010

Sobre intempestividade

"... o intempestivo só é maldito para quem não suporta encarar a finitude e insiste em alucinar o absoluto."
Suely Rolnik - Ninguém é deleuziano


"Não se pode construir um tempo que virá senão sob o signo do intempestivo, que dispensa a linearidade:antes, durante e depois. Portanto, nem a memória pura, nem o instante, mas tudo isso implicado na criação vertiginosa de um novo começo."

terça-feira, 20 de julho de 2010

"Nosso" Sócrates é muito melhor que o grego

Nosso" Sócrates é muito melhor do que aquele grego que tomou cícuta. O "nosso" vive com garras e boca de leão (não Leão).



"A alegria é a prova dos nove", já dizia o "nosso" Oswald de Andrade.


Sócrates, "o cansado da vida" (Nietzsche).
Mas não devemos ser simplistas, nunca. Foi o mesmo Nietzsche que elogiou Sócrates assim em A gaia ciência: “admiro a sageza e a coragem de Sócrates em tudo que fez, disse … e não disse”. E mais: “este demônio de Atenas apaixonado e trocista, este encantador de ratos que fez tremer e soluçar os mais impertinentes jovens, não era apenas o mais sábio dos tagarelas: foi também sábio no silêncio”.
Nietzsche não gostava mesmo era do platonismo e de todos os valores morais que criou ou deu suporte.   

Sócrates: "Imagina a Gaviões da Fiel politizada! Esse é o grande medo do sistema"


Confira a entrevista concedida por Sócrates ao Sintrajud-SP (Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do Estado de São Paulo), pouco antes do início da Copa do Mundo.

Carlos Eduardo Batista e César Lignelli, do Sintrajud

• Como você está vendo a organização da Copa do Mundo aqui no Brasil daqui a quatro anos?

SócratesAqui no Brasil, ainda não há organização nenhuma, pelo que eu saiba. Na verdade, existe uma desorganização dirigida para que os investimentos que sejam alocados nas obras não passem por licitações, então estão protelando o máximo possível para que isso ocorra.

Você acha que é intencional?

É claro! Isso aconteceu no Pan-Americano, acontece sempre. Quanto mais demorado melhor, porque aí tudo é feito a toque de caixa, e a toque de caixa tem situação emergencial que vale a pena para desviar alguma coisa.

Você acha que a exclusão do Morumbi como um estádio da Copa tem a ver com isso?

Não tenho dúvida. Eles querem construir um outro estádio. Desde o começo estava na cara, criaram todo tipo de dificuldade. E acho que o São Paulo fez certo, fazer um investimento de 700 milhões no Morumbi? É mais fácil o São Paulo construir outro estádio.

Você acha que o interesse é mais econômico ou político?

É para-econômico. Não é nem econômico. Economicamente não poderíamos escolher Manaus em vez de Belém. Cuiabá como sede, onde eles vão ter que construir o estádio para depois ficar parado, Brasília a mesma coisa, Natal a mesma coisa. É não é interesse econômico. É desperdício de dinheiro. Desperdício econômico. É para-econômico, para desviar verba.

Você não vê o fato de o São Paulo ter encabeçado uma chapa de oposição na eleição do Clube dos 13 como um elemento para a exclusão?

Não, isso vem lá de fora. Todos os estádios vão ser reformados. Alguns com um custo absurdo. Deve ser a quinta ou sexta vez que fazem reforma no Maracanã nos últimos três anos. O Minerão também. Vão construir outro na Bahia. Entendeu? É pro dinheiro andar. Andando o dinheiro alguém tá ganhando. Seja quem constrói, quem administra. O único que não ganha é o povo.

Você sempre diz que atualmente o futebol tem mais força do que arte. Você acha que a Copa de 1982 foi um marco na consolidação do esporte como está hoje?

Não existe um divisor aí. O que ocorre é uma falta de adaptação do futebol com a evolução física dos atletas. A questão não é só filosófica, claro que isso faz parte do processo. Mas ela é muito mais dependente da questão física. Inclusive na minha tese de mestrado, seria nove contra nove, tirar dois jogadores de cada time. Quer dizer, você resgatar os espaços que tínhamos há anos atrás. Então vão ter que jogar. Hoje tem gente que se esconde. Você pega um back central da vida ai que não sai do lugar. A única coisa que ele faz é chutar a bola pra frente, pro lado, isso não é jogar futebol. Com nove contra nove, o back central vai ter que saber jogar. Não só ele, todos vão ter que saber jogar, porque a bola vai correr.

Na verdade o futebol é um dos poucos esportes que não se adaptou a essa evolução. Imagine uma prova de atletismo, 100 metros, hoje, com cronômetro manual... Iria dar empate para caramba. Ou 50 metros na piscina. Tem que se adaptar a isso. E futebol não mudou nada. Não quer mudar. Nem tecnologia se utiliza para se dirimir as dúvidas de arbitragem.

Você não acha que essa não adaptação beneficia maus jogadores, que mesmo não tendo tanto talento, mantêm contratos milionários?

Hoje, na verdade, se nivelou o futebol. Um ou outro jogador que se destaca, que tem mais técnica, mais talento. Na verdade, todo mundo privilegia o físico hoje e é isso que impera no futebol. Seja na seleção de Honduras, você comparar com a seleção da Inglaterra. Você vê as equipes que se classificaram, tem time que nunca passou para a segunda fase e tem um monte na segunda fase, tá tão igual.

Como foi a democracia corinthiana?

Uma sociedade que decidia tudo no voto e a maioria simples levava vantagem nas decisões, absolutamente democrático. O roupeiro tinha o mesmo peso de voto de um dirigente.

Como a direção do time reagiu? Não só a direção, mas os patrocinadores, o Leão quis dar uma pernada?

O Leão não dava pernada em ninguém, ele nunca votou ué. Um voto nulo, em branco. Se você não quer participar de uma sociedade você não vota e agüente a decisão da maioria. A direção participava, um voto era da direção do clube e não tinha patrocinador, nessa época não tinha essas coisas.

Esse foi um dos poucos momentos em que o futebol cumpriu um papel mais positivo politicamente?

Na verdade cumpriu um papel importante nesse processo de redemocratização, porque o processo corintiano começou dois anos antes da grande mobilização das Diretas Já! Acho que foi um fator importantíssimo na discussão da realidade política brasileira. Você está dentro de um meio extremamente popular, com uma linguagem que é acessível a todo mundo está discutindo uma coisa que há muito tempo ninguém ou muita gente jamais teve a possibilidade de efetuar, que era o voto. Foi importantíssimo. Igual a isso eu não conheço nada parecido no futebol.

Você acha que o futebol pode cumprir um papel mais progressivo?

Claro. E esse é o grande medo do sistema. Você imagina a Gaviões da Fiel politizada. Né!? Você tem mobilização já pronta, você tem palco, duas vezes por semana, para exercer o seu direito, a ação política, só falta a politização.

Falta organização política para os jogadores?

Falta consciência! Falta... Por isso o sistema deseduca esses caras. Em vez de educar, faz de tudo para o cara não adquirir uma consciência social, política, porque esse é o mais importante. Ele é mais ouvido que o Presidente da República, esse cara pode mudar o país. Uma das brigas que eu tenho é “por que não educar esse povo, se é obrigação do Estado educar todo mundo?”. Pelo menos esse povo tem que ser educado. Agora mesmo, fui para a África do Sul, uma campanha pró-educação, inclusive com iniciativa da Fifa, com chancela da ONU, Educação Global, que é uma das metas do milênio, até 2015 pôr todas as crianças na escola. Então, no caso da Fifa, ponha primeiro os jogadores. (risos)

Você acha que o Estado deveria cumprir um papel mais importante na gestão do esporte?

É claro! Mas ninguém quer mexer muito nisso. Ninguém quer mexer, porque é um vespeiro. Mas deveria. Particularmente o futebol no Brasil é um negócio, como outro qualquer. Por que o Estado não tem controle sobre isso. Ele usa todos os símbolos nacionais, hino, bandeira, até a alma do brasileiro ele usa.

Você acha que o Estado deveria intervir para tentar segurar os jogadores no Brasil?

Já existe legislação para isso. O trabalho infantil ele é penalizado. Mas como você vai evitar que uma criança se transfira para outro país dentro das condições legais, quer dizer, arrumam emprego para os pais, os caras sempre fazem aquilo que precisa ser feito. Isso só vai ser educado quando tivermos consciência de que temos que valorizar a ‘commodite’ que temos em mão. Que é a qualidade do jogador brasileiro, o talento do jogador brasileiro. Em vez de vez vender o artista, tem que vender a obra dele. Quando a gente começar a vender a obra dele, a gente vai ter muito mais riqueza.

Um bom exemplo é o Ronaldo. O Ronaldo é um cara que vale ouro, que veio pra cá e está ganhando o mesmo que estava ganhando lá, ou mais.

Então é possível sim, mas é uma mudança de mentalidade. Na verdade o futebol brasileiro vende seu artista porque também é uma forma mais fácil de se manipular os recursos. Nem todo dinheiro que saí de lá chega aqui, no meio do caminho tem muita gente intermediária.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A economia brasileira vem melhorando, o que é muito bom, mas os bancos e a especulação financeira abocanham a maior parte da riqueza

O país, o povo e os bancos

"Entre 2003 e 2009 o salário mínimo saiu de R$ 240 e alcançou R$ 465, ou seja, uma elevação nominal de 94%. A remuneração média dos trabalhadores de São Paulo era de R$ 901 e saltou para R$ 1.302, ou seja, uma elevação nominal de 45%. O PIB brasileiro era de R$ 1,7 tri e elevou-se para R$ 3 tri, ou seja, um crescimento nominal de 77%. Caso utilizemos o conceito do PIB per capita, os dados nos apresentam o valor de R$ 9.500 no início do período e de R$ 16.400 no ano passado. Ou seja, um crescimento nominal de 73%.


"Já as informações observadas no que se refere à performance do setor bancário superam em muito tais índices de crescimento. Os ativos totais saíram de R$ 1,3 tri e superaram os R$ 3,6 trilhões, significando um crescimento nominal de 177%. Os dados relativos ao patrimônio líquido somavam R$ 129 bi em 2003 e atingiram R$ 345 bi no ano passado, proporcionando uma elevação nominal de 167%. Finalmente, a rubrica do lucro líquido saiu de R$ 12,5 bi e atingiu R$ 31 bi, fazendo com que os bancos obtivessem um crescimento nominal de 148% nessas contas."

O trecho acima é parte do artigo de Paulo Kliass. Vale muito ler na íntegra, aqui.

E tem mais: a paulada da dívida pública

Somente em 2009, R$ 380 bilhões foram alocados para juros e amortizações da dívida pública. Isso representou 36% do orçamento do país. Outro bolo foi destinado à rolagem da dívida, comprometendo parcela ainda mais significativa do orçamento da União. Enquanto isso, foram destinados menos de 3% para educação e menos de 5% para saúde.