terça-feira, 2 de novembro de 2010

Augusto dos Anjos

O que seria do  feriadão sem o poema?   Neste reencontrei um velho conhecido: Augusto dos Anjos.

" A carne é fogo. A alma arde." 

" Acostuma-te à lama que te espera!"

" Escarra nessa boca que te beija!"

"Bela na Dor, sublime na Descrença."
" O epitalâmio da Suprema Falta "

   "Feias agregações pentagonais"

"Deixa beijar-te a face que descora!"


"Morde-me a goela ígneo e escaldante molho"

"Hás de engolir, igual a um porco, os restos"

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Esse Augusto me pira, não somente pelo temas (agonizantes?), e sim, principalmente,  pelos estalidos.  
Que sonoridade fantástica.
Minha cabeça está "como as estalactites duma gruta".

Escolhi Vandalismo como o seu mais bonito poema para não ficar mais em dúvida sobre qual é o mais bonito (e doido!) poema de Augusto dos Anjos. Ou será dos Anjos do Augusto?

Vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!



Um comentário:

  1. Bravo! augusto dos Anjos , o poeta que canta nossa humanidade, crua -nua-desgarrada das fantasias que nos negam uma pústula, território deuma flor.
    jorge

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