sábado, 4 de dezembro de 2010

A Fissura III - O cristal


O que mais gosto de Porcelana e Vulcão, de Deleuze (Lógica dos sentidos), é o to crash. The crash up. A louça trinca. Por que trinca? Não interessa. Trinca. Não é buraco fundo, acabou-se o mundo. É na superfície.


Que elegância a do fissurado Deleuze ao roubar o fissurado Fitzgerald. Rouba para levar o crash up mais longe. Numa só expressão o conceito, o diagnóstico e o remédio. FISSURA.Literatura, filosofia e medicina.



No fissurado Burroughs, Deleuze presta homenagem a psicodelia que contra efetua duplamente. Atingir o efeito das drogas por outros caminhos que não o mergulho de morte nas drogas e no alcool!  



Porcelana e Vulcão poderia se chamar também de O cristal ou O Aleph. E deveria ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. É belíssimo como escrita mesmo. Aliás, é completo: literatura, filosofia, clínica e ética. Num dos pontos altos do texto, Deleuze chama pro pau os especialistas em fissura!!! E aí, diz ele, vamos ficar dando conselhos? Ou vamos experimentar a fissura? Sim. A fissura é um campo, uma potência. Pode-se realizá-la, sobrevoando seu campo, sem se destruir o corpo.


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